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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 290

A manhã em São Paulo nasce com o céu tingido de cinza e um vento leve que varre as ruas com uma promessa de mudança imediata. No portão da mansão Schneider, um carro preto para suavemente, Afonso baixa o vidro e é reconhecido imediatamente pelo chefe da segurança, a entrada é liberada, ele estaciona o carro e dele descem três figuras que carregam consigo muito mais do que malas. Afonso Schneider, com os seus cabelos bem penteados, os olhos atentos e o semblante firme, caminha à frente. Ao lado, Cátia segura a bolsa contra o peito como se nela guardasse o coração. E um passo atrás, com o olhar atento e a postura sóbria, vem Cici Rossi, a governanta que, por décadas, cuidou dos Schneider como se fossem seus.

O chefe da segurança, ao ver os rostos que há tanto tempo não cruzavam os portões da mansão, nem pensa duas vezes. O homem dá um sorriso discreto, respeitoso. Ele se endireita e leva a mão à orelha, avisando aos demais:

— A família Schneider chegou. O senhor Afonso está entrando com a dona Cátia e a dona Cici.

O trio atravessa a entrada em silêncio. O portão se fecha lentamente atrás deles, como se selasse o início de um novo capítulo. Cada passo pelo jardim é um mergulho no passado, cada flor, cada pedra do caminho, uma lembrança contida. Afonso, firme, toca a campainha.

Do lado de dentro, Marta ouve o som e, com Lua no colo, caminha até a porta. Ela está com o rosto sereno, o olhar levemente cansado da maternidade recente, mas ainda vibrante com o amor que sente por aquela criança. Ao abrir a porta, ela se vê diante de três estranhos. Ou quase isso.

Afonso, alto, elegante e sereno, sorri com gentileza. Cátia segura a bolsa com mais força e seus olhos brilham, e Cici... ah, Cici observa com intensidade, seus olhos indo direto ao bebê nos braços de Marta.

— Bom dia... — diz Marta, hesitante, seu corpo enrijecendo sem que perceba. Algo naqueles rostos lhe é familiar. Traços de Jonathan. Traços que ela já aprendeu a reconhecer.

Mas antes que qualquer palavra seja dita, Cátia dá um passo adiante, os olhos marejados, o corpo tremendo de emoção e instinto.

— É ela? — sussurra, quase sem voz. — Essa criança é …?

E avança para pegar Lua nos braços.

Marta, tomada de um impulso protetor, recua dois passos num rompante de medo, os olhos arregalados, o coração disparando como um tambor de guerra.

Ela aperta Lua contra o peito com força. Lágrimas caem dos olhos sem controle. A imagem do desaparecimento de Jeff invade sua mente com violência. A angústia de ter perdido um filho. O medo constante de que levem Lua também.

— Não... por favor... não leva ela... a minha filha — sussurra Marta, quase sem voz.

Afonso percebe o pânico estampado no rosto dela e, em um gesto calmo, impede que Cátia dê mais um passo.

— Espere, meu amor. Espere — diz ele com delicadeza, colocando a mão no ombro da esposa.

Ele então se volta para Marta e fala com a suavidade de quem entende a dor:

— Desculpe, querida. Nós não queríamos assustar você. Eu sou Afonso... pai do Jonathan. E essa é minha esposa, a Cátia. Essa é Cici, que ajudou a criá-lo. Nós viemos... porque soubemos do que está acontecendo. Do Jeff. E do quanto vocês estão precisando de apoio.

Marta permanece muda, paralisada. É como se seu corpo tivesse esquecido como reagir.

Mas então... passos ecoam no corredor. E a voz calma e profunda de Jonathan se aproxima.

— Marta?

Ela se vira, os olhos molhados, o corpo ainda em alerta, e vê Jonathan. Ele para, observando a cena.

— São os meus pais — diz ele, com gentileza.

— Eles vieram nos ajudar. Vieram para ficar com a gente.

O alívio explode em lágrimas. Marta desaba nos braços dele, soluçando com intensidade.

— Me desculpa... me desculpa... eu só fiquei com medo... pensei que fossem levar ela também... eu...

— Ei... — Jonathan a envolve com ternura.

— Você fez o certo. Protegeu a nossa filha. Está tudo bem agora.

A emoção se espalha pela entrada. Cátia leva as mãos ao rosto, emocionada, e Cici respira fundo, controlando as próprias lágrimas.

— Está tudo bem agora, minha filha — diz Afonso, com um olhar que transmite segurança.

Jonathan os convida a entrar. Marta, ainda abalada, caminha com eles até a sala, apertando Lua com carinho, como quem ainda teme soltá-la. Só quando Jonathan os apresenta oficialmente, ela parece voltar ao presente.

— Marta, essa é a minha mãe, Cátia. Meu pai, Afonso. E essa é a Cici, quem me criou.

Marta, com os olhos ainda marejados, sorri timidamente.

— Desculpem-me... foi o susto... o medo...

— Foi minha mãe quem fez — diz ela, pousando a bandeja sobre a mesa. — Dona Maria. Com o leite fresquinho da fazenda da Darlene, a nossa vizinha.

Cátia é a primeira a provar. Fecha os olhos e solta um suspiro quase infantil.

— Gente… isso é sério? Que delícia é essa? Eu preciso conhecer essa dona Maria!

Jonathan, sempre contido, prova com uma colher discreta. Seus olhos denunciam a saudade daquele pedacinho de terra.

— É o melhor doce de leite que já comi na vida. Tem gosto de… tempo. De tradição.

Afonso dá uma risada gostosa, lambendo a colher como um menino.

— Se a comida for metade disso aqui, eu nunca mais volto para a cidade!

Cici, com os olhos brilhando, segura a tigelinha com as duas mãos, como se fosse um tesouro.

— Eu juro que senti amor nesse doce. Juro. Me leva lá agora, Marta. Quero conhecer essa fazenda, essa dona Maria, o gado da Darlene, o céu, a terra, tudo!

Marta ri, tímida, um pouco envergonhada com tanto entusiasmo.

— O lugar é muito simples, gente. Não tem luxo nenhum. Mas tem muito amor, muito calor humano. Meu pai, Heitor, é um homem quieto, mas doce. Minha mãe, dona Maria, é quem mantém tudo em ordem. E meu irmão, Miguel… bom, Miguel vocês precisam conhecer. A fazenda da Darlene fica ao lado. Ela cria gado Nelore e tem um jeito muito dela de cuidar das coisas.

Todos se entreolham, animados.

— Então vamos combinar uma visita! — diz Afonso.

— Pode ser agora? — pergunta Cici, rindo, mas meio séria.

Enquanto as conversas continuam, leves e empolgadas, o ar parece mais quente, mais doce. Marta observa o entusiasmo de cada um, sentindo algo vibrar dentro do peito, como se, de repente, sua origem deixasse de ser um detalhe e se tornasse o centro de tudo.

Será que eles estavam prontos para descobrir o que aquele lugar simples guardava, além de doce de leite e boas histórias?

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