O sol ainda não nasceu quando Ravi para o carro diante do prédio de Rui. O silêncio da rua contrasta com a tormenta dentro dele. Por um instante, hesita. Sabe que não há palavra no mundo capaz de desfazer o que aconteceu. Mas precisa falar. Precisa olhar nos olhos do amigo e tentar entender a dor que viu, aquela dor que o assombra desde que deixou Islanne.
O porteiro reconhece Ravi, o libera sem perguntas. O elevador sobe lento demais para quem tem o coração afundado no peito. Quando a porta se abre, Ravi caminha até o apartamento e b**e.
Nada.
B**e de novo.
Depois de um tempo que parece eterno, a porta se abre. Rui está ali, olhos vermelhos, cabelos desgrenhados, camisa amassada. Não diz nada. Apenas encara.
— Posso entrar? — Ravi pergunta, a voz firme, mas contida.
Rui se afasta, permitindo a entrada. Não há hostilidade no gesto, mas também não há perdão. Apenas cansaço.
Ravi entra, fica de pé no meio da sala. Rui vai até o balcão da cozinha, serve uma dose de uísque, vira de uma vez. Depois encara o amigo.
— Veio dizer que ama ela? — cospe, sem rodeios.
Ravi respira fundo. Fecha os olhos por um segundo.
— Vim dizer que se soubesse que você estava tão apaixonado assim... eu nunca teria feito isso. Nunca teria te ferido assim.
Rui ri. Um som seco, sem alegria.
— Jura? — ele pergunta. — E desde quando a gente avisa quando vai se apaixonar, Ravi? Desde quando amor vem com manual de instruções?
— Não tô dizendo que você devia ter me avisado — Ravi rebate, aproximando-se. — Tô dizendo que, karalho, a gente vive junto. Boates, puteiros, leilões de mulheres. A gente sempre transou com tudo o que era putta que aparecia. Nunca, nunca imaginei que você... sentia isso, de forma tão intensa por ela.
Rui abaixa a cabeça. O copo ainda na mão, os dedos apertando com força.
— Eu senti. — A voz dele é baixa, quase um sussurro. — Eu achei que ela fosse... a chance de algo diferente. Que, com ela, eu talvez aprendesse o que era amar alguém de verdade. Mas você… — ele levanta o olhar, os olhos marejados.
— Você matou isso.
— Eu não sabia — Ravi diz, mais calmo, mas não menos sincero. — Eu juro que não sabia. E se soubesse... não teria ido até o fim. Você me conhece, porrah.
— Conheço — Rui cospe, amargo. — Conheço o suficiente para saber que você só pensa com a cabeça do pau quando tá com tesão. Que só percebe o que sente quando já é tarde.
Ravi aperta os lábios, aceita o golpe.
— É verdade. — Ele admite. — E não tô aqui para me justificar. Só pra te dizer que eu amo ela. Não sei como aconteceu, nem quando, mas aconteceu. E doeu ver você daquela forma. Porque, mesmo com tudo… você é meu irmão, Rui.
Rui se afasta, dá as costas.
— Irmão não fodeh a mulher do outro.
— Você nunca disse que ela era sua.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino