O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 298

A campainha toca com insistência e a luz do sol ainda mal risca o horizonte, tingindo São Paulo com tons alaranjados que não aquecem. O ar está denso, carregado de algo que vai além da umidade da madrugada, uma expectativa contida, prestes a se romper. Rui estaciona o carro com pressa em frente à casa de Islanne. Ele não esperava estar ali tão cedo. Não queria estar. Mas não conseguiu dormir. Não depois da conversa com Ravi. Não depois de perceber que perdeu muito mais do que uma mulher. Perdeu a própria direção.

Islanne atende a porta com o cenho franzido e os olhos ainda inchados de sono, descalça, usando uma camiseta velha que cai solta no corpo.

— Rui? O que você está fazendo aqui a essa hora?

Ele não responde de imediato. Apenas entra. Como se o gesto ousado pudesse dar conta do que sente.

— Vim porque não aguento mais fingir que estou bem. Porque eu te amo, Islanne. E porque preciso entender o que sobrou de nós dois.

Ela respira fundo. Fecha a porta com cuidado, como quem sabe que vai precisar de apoio.

— Você chegou tarde demais. — A voz dela é fria, mas os olhos dizem outra coisa.

— Não fala isso. Eu sei o que aconteceu entre você e o Ravi. Ele me contou. E mesmo assim, eu estou aqui. Porque te amo mais do que meu orgulho.

Ela se encosta na parede, os braços cruzados.

— Amor? Depois de tudo, você ainda chama isso de amor?

— Chamo. Porque o amor não é perfeito. Não é limpo. Não é previsível. Amor é o que me faz vir aqui, mesmo com o coração estilhaçado.

Ela fecha os olhos por um instante, como se quisesse se proteger.

— Então você quer o quê? Que eu diga que me arrependi? Que escolho você?

— Não quero que você escolha por pena. Nem por culpa. Quero a verdade.

— E se a verdade doer? — Ela pergunta.

— Então a gente sente junto. Mas eu prefiro a dor da verdade do que a paz da mentira.

Islanne se afasta da parede. Seus olhos brilham. Ela está tremendo. Mas não de medo. De emoção contida.

— Você sempre foi meu porto seguro, Rui. Mas também foi o homem que nunca me viu de verdade. Que me colocou num pedestal de mulher ideal. E eu não sou isso. Nunca fui.

— Eu sei disso agora. E sei que fui cego. Que fui covarde. Que fui egoísta. Mas ainda assim, eu te amo.

Ela caminha até ele, devagar, como quem caminha sobre vidro.

— Eu amei você também. Muito. Mas com Ravi... foi diferente. Foi caótico. Foi errado. Mas foi real. É real.

Rui abaixa a cabeça. Ele sabia. Mas ouvir aquilo em voz alta tem um peso que ele não esperava.

— Então é isso? Você escolheu ele?

Ela hesita. Por longos segundos, apenas o som dos dois corações batendo forte preenche o espaço.

— Eu não escolhi ninguém. Eu ainda estou tentando me escolher. E isso é tudo que tenho agora.

Rui engole seco. As palavras doem, mas também libertam. Ele se aproxima e encosta a testa na dela.

— Se um dia seu coração tiver espaço para mim de novo... me procura.

Ela fecha os olhos, com uma lágrima solitária caindo.

— Eu prometo. Mas talvez esse dia nunca chegue.

Ele a beija na testa e sai. Sem olhar para trás. Porque sabe que, se olhar, não vai conseguir ir embora.

Islanne fica ali, em pé na sala, sentindo o peso de um triângulo rachado que talvez nunca volte a se encaixar.

Lá fora, o sol finalmente rompe as nuvens, mas para ela, tudo ainda está cinza.

E no silêncio daquela casa vazia, perguntas pairam no ar como fumaça:

E se ela não conseguir se perdoar por amar dois homens ao mesmo tempo? E se, ao tentar não magoar nenhum dos dois, ela acabar perdendo a si mesma?

O tempo vai responder. Mas será que ela vai estar pronta para escutar?

Poucos minutos após a saída de Rui, Ravi estaciona em frente à mansão de Islanne. As palavras ditas na madrugada anterior queimam sua consciência, as verdades encobertas com Rui o dilaceram. Há coisas que precisam ser ditas cara a cara, antes que a covardia os transforme em estranhos irreversíveis.

Ele desce do carro e entra pelo portão lateral, ela nunca gostou que fizessem isso, mas hoje não há espaço para gentilezas. B**e à porta, um gesto ainda carregado de respeito. O silêncio do outro lado pesa por longos segundos até que passos suaves soam e a maçaneta gira.

Islanne aparece com os olhos marcados por uma noite sem sono, vestida em um robe claro, os pés descalços e o cabelo preso de forma apressada.

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