O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 302

A presença de Afonso e Cátia na sede do Grupo Schneider provoca um silêncio involuntário, como o de um rei antigo que retorna ao seu castelo. Ao lado dele, Cátia caminha com postura impecável, olhos atentos, como se cada parede da empresa guardasse ecos de decisões passadas. O casal, que um dia comandou o império com punho firme e visão apurada, não volta por acaso. Há mais do que saudade nos passos deles. Há estratégia.

Jonathan os acompanha de perto, com a atenção dividida entre o presente e a urgência que o consome por dentro, a dor de sua família, a ausência de Jeff, a necessidade de continuar liderando enquanto o chão sob seus pés desmorona. O sorriso dele ao encontrar Rui no hall principal é verdadeiro, mas cego.

— Cara! — Jonathan abre os braços e o puxa para um abraço.

— Que bom te ver! Meus pais chegaram e hoje vieram acompanhar tudo de perto. Finalmente.

Rui devolve o gesto, mas está pálido. Os olhos inchados e o sorriso forçado escapam da percepção de Jonathan, ocupado demais tentando manter as estruturas de pé.

Logo, alguns dos empregados mais antigos se aproximam com emoção contida. É como se o tempo tivesse sido apenas uma vírgula. Afonso e Cátia apertam as mãos, trocam abraços, acenam com a familiaridade de quem nunca deixou verdadeiramente o comando, apenas emprestou a cadeira.

— Eles sentem falta de vocês — comenta Jonathan, observando a cena com um misto de orgulho e alívio.

— E nós... sentimos falta de estar aqui — responde Cátia, com um sorriso contido. — É parte da nossa história.

A caminho da presidência, Rui os acompanha, calado, como um espectro do que era dias atrás. Jonathan segue à frente e apresenta Mônica, agora bem posicionada, na sua sala.. Alguns acionistas aparecem, a conversa flui, propostas são trocadas. O dinamismo entre a família Schneider é natural, fluido, como se Cátia e Afonso nunca tivessem saído dali.

A manhã avança sem pausas. Reuniões. Gráficos. Estratégias. Análises de contrato. Jonathan, aos poucos, se permite respirar. Seus pais não perderam a visão. Nem a coragem. Nem a linguagem do comando.

Quando o relógio se aproxima do meio dia, ele se afasta discretamente e liga para Marta. A voz dela do outro lado da linha é doce, tranquila.

— Está tudo bem aqui, amor. Lua dormiu depois da mamada. Islanne está aqui comigo. Cici tá ajudando com o almoço. Pode ficar o dia inteiro aí, se precisar.

Jonathan sorri, aliviado.

— Obrigado. Você não tem ideia do quanto isso me acalma.

— Eu tenho — responde Marta. — A gente tá com você.

Ele desliga com o peito mais leve. E, por um instante, sente que talvez, só talvez, as coisas estejam começando a entrar no eixo.

Na sala de reuniões, Afonso propõe algumas mudanças. Cátia observa dados que não batem com o que esperava. Eles trocam olhares silenciosos, de quem já viveu tempos turbulentos e sabe que decisões difíceis são tomadas em silêncio antes de se tornarem públicas. Jonathan acompanha tudo, atento, e nota a agilidade com que os dois retomam as rédeas e se pergunta, com admiração, se talvez seja esse o tempo certo para deixar os pais pilotarem por um tempo.

Mas, do outro lado da sala, Rui permanece quieto demais. Distante. Sombrio. Enquanto todos discutem rumos, ele parece preso em um labirinto de pensamentos, remorsos e mágoa. Ninguém percebe o quanto ele se esforça para não desmoronar. Ninguém, exceto Cátia, que o observa em silêncio, sem dizer nada... por enquanto.

E enquanto os almoços são marcados, os planos se desenham e o império Schneider volta a girar com força total, uma dúvida se esconde por trás das decisões:

Será que Jonathan está pronto para abrir mão do trono, mesmo que temporariamente? E o que realmente se passa na cabeça de Rui, enquanto sorri e finge estar inteiro?

XXXX

O almoço é servido no refeitório da presidência. Um buffet discreto, funcional, mas sofisticado, como tudo naquela empresa que, mesmo nos momentos mais delicados, nunca deixa de ostentar controle. Jonathan serve-se com moderação. Está atento, mas o cansaço já se aloja por trás dos olhos. Ele tenta disfarçar. Sorri para Cátia, comenta sobre os novos projetos com Afonso, escuta os conselhos com gratidão. Mas por dentro, ainda existe a sombra de um nome que não sai da cabeça, Jeff.

Enquanto ele mastiga lentamente, fingindo interesse em números e tendências, seus olhos vagueiam até Rui, sentado do outro lado da mesa. O amigo segura os talheres com firmeza, come devagar, como se cumprir aquela refeição fosse uma obrigação mecânica. Não sorri. Não comenta. Apenas existe ali, como um corpo presente com alma distante.

— Rui, você já conhecia o novo planejamento de exportação? — pergunta Afonso, tentando incluí-lo.

— Sim, senhor — responde com um tom educado, mas vago. — Estive com a equipe de logística semana passada. Vai precisar de ajustes nos contratos internacionais.

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