O sol já começa a descer no céu quando Eduardo e Mariana se aproximam da porta para se despedirem. A mansão Schneider agora parece mais calma, como se os gritos e dores da tarde tivessem sido engolidos pelo silêncio delicado do entardecer. Marta os acompanha até a saída, com Lua aninhada no colo, os olhinhos ainda sonolentos.
Eduardo estica os braços, recebe a bebê com cuidado, como quem segura um mundo inteiro entre os dedos. Beija a testa da pequena com carinho e sussurra algo que só ela escuta. Mariana, ao lado, se aproxima, toca a bochechinha macia da menina com reverência e um sorriso doce, quase infantil.
— Você vai ser forte como sua mãe, pequena. E, tomara que não seja, tão teimosa quanto o tio Eduardo — ela brinca.
— Eu ouvi, viu? — Eduardo diz, sem tirar os olhos de Lua.
— Era pra ouvir mesmo.
Marta sorri, emocionada com a cena. Ainda sente a tensão de tudo que foi dito antes, mas naquele instante, só o carinho importa.
Eles entregam a bebê de volta, trocam abraços e saem. Antes de alcançar o carro, Eduardo para ao lado da equipe de segurança, com o semblante sério.
— Ninguém entra na casa até a volta do Jonathan e dos pais dele. Ninguém. Qualquer coisa estranha, me liguem direto. Entendido?
— Sim, senhor — responde um dos agentes, já ajustando o rádio.
A tensão no olhar dele se dissolve ao entrar no carro. Mariana já está no banco do passageiro, mexendo no celular. Ela olha pro irmão e pergunta:
— Posso colocar música?
— Manda ver. Mas sem aquelas suas playlists de drama argentino, por favor.
— Relaxa. Hoje é dia de exorcizar.
A batida alegre da primeira música começa a tocar. Mariana aumenta o volume e, aos poucos, os dois se permitem sorrir. Cantam alto, desafinados, batucam no painel, se olham com cumplicidade. A estrada vira palco de lembranças e gargalhadas. É como se o mundo resolvesse, por fim, dar uma pausa nas dores.
Quando chegam em casa, Eduardo mal desliga o motor e já agarra Mariana num abraço apertado, daqueles que dizem tudo sem palavras. Bagunça o cabelo dela como fazia quando eram pequenos.
— Você continua uma chata. Mas é minha chata.
— E você é meu herói brega de sempre.
Rindo, eles entram, largam os sapatos e pedem pizza, como faziam nos tempos mais difíceis. Se jogam no sofá, compartilham cobertas, disputam o controle remoto. O clima, pela primeira vez em dias, é leve. Familiar. Quente.
Mas como o universo adora surpreender, o celular de Eduardo vibra. Ele olha a tela. Sorri. Mas não é um sorriso qualquer, é aquele tipo de sorriso que não se consegue disfarçar, que acende o rosto inteiro. Mariana percebe na hora.
— Atende, vai… — ela diz, fingindo desinteresse, mas já de antena ligada.
Eduardo atende. A voz dele muda. Suaviza.
— Oi, Darlene…
(pausa)
— Não, tá tudo certo agora. A gente tá em casa, sim.
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