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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 313

A tarde cai sobre a mansão Schneider como um véu pesado, abafando os sons, tornando cada movimento mais contido, como se todos soubessem que algo está prestes a mudar. No térreo, perto da porta de entrada, Eduardo está de pé com Isadora, a ruiva, ao seu lado. Ambos em silêncio por alguns instantes. O ambiente carrega aquela tensão densa que antecede despedidas importantes, mesmo que temporárias.

Isadora, de braços cruzados, observa os detalhes do hall, os quadros, o piso impecável e o eco leve dos passos no mármore. Mas seus olhos não se fixam em nada. É Eduardo quem ela analisa agora. O jeito inquieto com que ele tamborila os dedos na lateral da perna, a respiração contida, o olhar que parece pesar.

— Tem certeza que quer ir? — ela pergunta, direta, mas com voz baixa. — Isso aqui… é sua segunda casa, não é?

Eduardo solta um riso sem graça, os olhos cansados.

— É, Ruiva. Aqui sempre foi minha zona segura. Mas tá ficando impossível respirar com a Cici por perto. Eu olho pra ela e… parece que tudo o que sangrou volta a doer de novo. E não é justo. Nem comigo, nem com eles.

Isadora assente devagar, compreensiva.

— E com a Marta e o Jonathan? Não acha que vão se sentir meio… abandonados?

— Eles são minha família. Os únicos que me restaram, de verdade. — Eduardo suspira, desviando o olhar.

— Mas às vezes a gente precisa se afastar de quem ama para não acabar machucando também. E eu não posso explodir aqui dentro. Ainda mais com a Mariana do jeito que tá, pronta para enfrentar Cici como um touro em dia de fúria.

Isadora sorri de canto.

— Jonathan vai sentir tua falta. E a Marta… ela parece confiar muito em você.

— Eu confio nela também. E no Jonathan. Eles confiam em mim ao ponto de me deixarem proteger a filha deles. — Ele se cala por um instante. — Por isso não posso falhar agora. Se eu continuar aqui desse jeito… posso perder o controle. Ou pior, perder a razão.

Isadora coloca a mão no ombro dele, firme.

— A fazenda vai te fazer bem. Vê a sua garota, respirar ar de verdade. Voltar para o seu eixo.

Eduardo sorri, sem abrir totalmente o rosto.

— Você vai segurar bem aqui. Marta vai estranhar no começo, mas confia em mim. Vai dar certo.

Passos se aproximam. É Jonathan quem surge primeiro, a expressão mais leve, mas os olhos atentos.

— Tudo certo por aqui? — ele pergunta, parando ao lado de Eduardo.

— Tudo. — Eduardo aponta com o queixo para Isadora. — Só ia me despedir. Já expliquei para ela tudo que precisa saber. E ela vai me mandar relatório diário. Qualquer coisa fora do normal, você será o primeiro a saber.

Jonathan olha para Isadora e assente com respeito.

— Confio em você porque confio nele. Então não me decepcione.

— Não costumo decepcionar — Isadora responde, firme.

Nesse momento, Marta aparece com Lua no colo. Ela desce o último degrau da escada com um sorriso contido, mas basta ver Eduardo com a ruiva ao lado para o sorriso hesitar. Um leve arquear de sobrancelha entrega sua tristeza a e talvez um quê de receio.

— Está indo mesmo? — ela pergunta, já parando próxima de Jonathan.

Será que ele volta o mesmo? Ou alguns caminhos, uma vez deixados, nunca mais se reencontram?

O portão da mansão Schneider se abre lentamente, como se também sentisse o peso simbólico daquela saída. Eduardo respira fundo, quase como quem segura o mundo no peito, antes de colocar o pé fora daquele espaço que por tanto tempo foi refúgio. Ele acena rapidamente para Isadora, que caminha até sua moto estacionada do lado de fora, já tirando o elástico dos cabelos.

Com a prática de quem está acostumada ao ritmo do asfalto, Isadora pega o capacete preto fosco com detalhes em vermelho, desliza os fios ruivos por dentro e prende a fivela com firmeza. Em poucos segundos, transforma-se de mulher elegante em sombra veloz, pronta para desaparecer como o vento. Eduardo a observa com um meio sorriso nos lábios.

— Ainda igualzinha… — murmura, entrando no carro.

Do lado de fora, o motor da moto de Isadora ronca alto, quase como um grito de liberdade. Ela lança um último olhar para ele, que mais parece um desafio silencioso, gira o acelerador com firmeza e desaparece entre as ruas de São Paulo, cortando o trânsito como se estivesse sendo chamada por alguma força invisível.

Dentro do carro, Eduardo ri sozinho. Um riso curto, mas carregado de lembranças.

— A ruiva não mudou nada… — diz, encostando a cabeça no banco e ligando o motor.

Enquanto o carro se movimenta devagar para longe da mansão, Eduardo já sente a tensão diminuir no peito. Agora, entre o barulho abafado do trânsito e a dança impaciente dos carros ao redor, ele só pensa em uma coisa, chegar logo em casa.

— Mariana vai pirar com essa história… — pensa, apertando o volante.

O sorriso volta, mais leve desta vez. Eduardo pisa no acelerador. Não apenas para fugir do desconforto que deixou para trás, mas para correr ao encontro da única pessoa com quem ele pode ser inteiro. Mariana.

Mas ao dobrar a próxima esquina, uma dúvida silenciosa o atravessa como vento frio:

E se ela não reagir como antes? E se a fazenda revelar mais do que ele está pronto para enfrentar?

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