A chave gira na fechadura com um estalo e a porta da casa de Eduardo se abre lentamente, deixando entrar a luz suave do início da noite. Ele entra, carrega a mochila nos ombros, mas já deixa o peso cair no chão da sala junto com o cansaço que trouxe do dia de trabalho. Um silêncio confortável o acolhe, seguido pelo aroma de comida caseira que escapa da cozinha.
— Demorou, hein? — a voz de Mariana ecoa com bom humor, vindo da cozinha.
— Quase achei que ia ter que jantar sozinha.
Eduardo sorri ao ouvir a irmã. Aquela voz sempre o trouxe uma sensação de lar, mesmo nos dias em que tudo parecia ruir.
— Tive que parar no mercado para pegar um vinho. Achei que a ocasião merecia — diz, entrando na cozinha e erguendo a garrafa.
— E, olha… amanhã a gente viaja.
Mariana se vira, os olhos castanhos se acendendo num brilho animado. Está com um avental, mexendo uma travessa que exala um cheiro maravilhoso.
— Sério? Achei que ia rolar mais uns dias de indecisão…
— Já decidi. Chega. Amanhã cedo a gente parte. Vai ser surpresa para Darlene.
— Aiii, ela vai pirar! — Mariana diz, já pulando animada e dando um beijo estalado na bochecha dele.
— Tá aí um presente que vai fazer diferença.
Ele ri e se senta na cadeira da bancada, olhando tudo ao redor como se aquele pequeno mundo fosse o único lugar onde ainda consegue respirar com leveza.
— E eu vou aproveitar essa viagem também, Mari. Não só para espairecer… mas para pensar em algumas coisas com calma.
— Coisas tipo...? — ela pergunta, servindo o jantar e trazendo os pratos para a mesa.
— Tipo abrir minha própria empresa. Segurança eletrônica. Já tô fazendo umas pesquisas de mercado sobre a região… Se tudo se encaixar, quem sabe? Talvez morar por lá mesmo.
Mariana se senta e o encara com uma mistura de surpresa e empolgação.
— Você tá falando sério?
— Tô. Muito. Mas por enquanto, só você sabe disso. Não falei com ninguém. Nem com a Marta.
— Mas ela já deve estar sentindo, não é? Ela te conhece…
— Conhece. E talvez por isso mesmo tenha me deixado ir. — Eduardo suspira, mexendo no prato antes de provar a primeira garfada.
— Eu olhei nos olhos dela hoje, Mari… e vi que ela entendeu. Ela só não quis dizer.
Mariana abaixa um pouco os olhos, pensativa. Depois o encara com ternura.
— Ela vai sentir sua falta. Mas ela também sabe que você precisa cuidar de você. Você carrega todo mundo nas costas o tempo todo. E esquecer de você mesmo… cansa.
— É, e lá… talvez eu me lembre de quem sou. Sem as cobranças, sem a sombra da Cici.
O nome provoca um silêncio pesado entre os dois.
— E ela? — Mariana pergunta, baixo.
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