O som dos passos apressados ecoava pelos corredores do hospital. Alan finaliza mais uma consulta, anotando as últimas orientações no prontuário da gestante diante dele. Como obstetra, seu dia raramente tinha pausas. Entre partos, atendimentos e plantões, tudo parecia seguir seu ritmo habitual, até que a porta se abriu com urgência.
— Doutor Alan, desculpe interromper, mas sua esposa está no hospital… com o seu bebê. Está desesperada — informa a secretária, sem esconder a tensão.
O coração dele parou por um segundo.
— Vitor? — ele murmurou, já se levantando.
— Sim. Estão na pediatria. A criança chegou com febre alta e muito agitada.
Alan não respondeu. Já estava no corredor, jaleco esvoaçando, os passos ganhando velocidade.
Algumas horas antes…
Vivian ajeitava a bolsa do bebê com cuidado, conferindo o estoque de fraldas, paninhos, a carteira de vacinação. Vitor, com seus poucos meses de vida, dormia no bebê conforto enquanto ela dava os últimos retoques na organização da casa.
Era dia de vacinação, e apesar de ter lido tudo sobre possíveis reações, ela se sentia ansiosa.
No posto de saúde, o ambiente estava surpreendentemente calmo. Poucas pessoas, a recepção silenciosa. Logo chamaram o nome do pequeno.
— Oi, mamãe! Vamos aplicar as vacinas do Vitor? — disse a técnica de enfermagem, sorridente, com a voz mansa.
Vivian sorriu de volta, apertando o filho nos braços.
— Sim. É a primeira gotinha, não é?
— Isso. Primeiro a de via oral, depois duas injetáveis. Duas furadinhas… mas vai passar rápido. Só preciso que você o segure com firmeza, ok?
A vacina de gotinha foi tranquila. Vitor franziu o rostinho, mas engoliu sem resistência. Mas ao sentir as agulhas nas duas coxas, pequenas, porém dolorosas, ele soltou um choro estridente, miudinho, porém rasgado de dor.
Vivian tentou segurar o choro, mas não conseguiu. As lágrimas escorriam junto com as do filho.
— Ai meu Deus… desculpa, filhinho… — ela sussurrou, a voz embargada, os olhos marejados.
A técnica de enfermagem, com gentileza, apoiou a mão nas costas dela.
— É normal, mamãe. Eu sei que parte o coração, mas logo ele vai melhorar. Isso é para proteger o seu bebê. Você fez certo em trazer.
Depois de um tempo, já com o choro diminuindo, Vivian acomodou Vitor no bebê conforto e voltou para casa. Ele parecia sonolento, mas reagia aos carinhos dela. Brincou um pouco, tomou a mamadeira de leite e, como esperado, logo fez carinha de sono. Ela o ninou e o colocou no berço com carinho.
Mas o sossego durou pouco.
Poucos minutos depois, ao sentir algo inquietante, Vivian foi até o berço e tocou no filho. Ele estava muito quente. Quente demais.
O pânico foi imediato.
— Vitor? — ela chamou, com a voz trêmula, ao notar a pele avermelhada, os olhos semiabertos, o corpo inquieto.
Ele começou a chorar sem parar.
Ela pegou o celular. Ligou para Alan. Uma, duas, três vezes. Nada.
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