O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 320

O relógio na parede parece ter parado. Dentro da sala de reuniões envidraçada no décimo andar do Grupo Schneider, o ar é mais denso do que qualquer documento que já tenha passado por aquelas mãos. Afonso encosta as mãos firmes na mesa de carvalho e encara as duas mulheres à sua frente com a gravidade de quem está prestes a mover uma peça crucial, uma peça que pode salvar ou ruir todo o tabuleiro. Catia respira fundo, tensa. E Islanne… ela aperta os dedos um contra o outro no colo, como quem sente, antes de ouvir, que algo importante vai ser dito.

— Eu quero propor uma transição — Afonso diz, pausado.

— Temporária, mas necessária. Que Jonathan se afaste um pouco da gestão direta da empresa. Que possa dedicar-se à família. À busca pelo Jeff.

O silêncio que se segue é tão espesso que parece engolir os ruídos da cidade lá fora. Islanne arregala levemente os olhos, mas se mantém calada por um instante. Catia se adianta:

— Não é uma punição. É um cuidado. A empresa caminha. Mas nosso neto… está perdido em algum lugar. E Marta… ela está se desfazendo por dentro. Jonathan precisa estar inteiro por eles.

— Eu entendo a lógica… — Islanne finalmente diz, com a voz firme, mas o olhar hesitante.

— Mas eu não teria coragem de afastar o Jonathan. Nem por um segundo. Ele é meu irmão, e eu sei como é se agarrar ao trabalho quando a vida está implodindo. É o que eu faria. E o que eu não suportaria perder.

Catia engole em seco. Seus olhos marejam. Ela sabe. Conhece os filhos melhor do que ninguém. E o que ouve de Islanne não é apenas lealdade, é empatia profunda, quase visceral.

— Talvez por isso mesmo você deva continuar ao lado dele — diz Afonso, baixando o tom.

— Mas o que propomos não é tirá-lo. É aliviar o peso. Deixá-lo respirar. Ter espaço para procurar o filho sem carregar nas costas a responsabilidade por cada decisão empresarial.

Islanne suspira e se levanta, andando lentamente até a janela. Observa a cidade abaixo como se procurasse nela uma resposta.

— Ele vai se sentir inútil. Vazio. Jonathan é ação. Se tirarmos isso… o que sobra, além da angústia?

— Por isso precisamos fazer isso com delicadeza — explica Catia, também se levantando.

— Com amor. Com presença. Com apoio. Ele não será excluído. Só amparado.

Horas se passam. A conversa vai e volta entre razões práticas e dores emocionais. Eles avaliam alternativas, um conselho provisório, compartilhamento de decisões, reuniões semanais com Jonathan, atribuições estratégicas que mantenham seu nome no alto e o seu coração, focado no que importa agora, o Jeff.

Islanne se recusa a votar contra o irmão, mas aceita que talvez o maior gesto de amor seja esse, reconhecer que ele precisa ser pai, antes de ser executivo. Que a guerra agora não está no mercado… mas em cada segundo que Jeff continua longe.

— Vamos abordar o assunto com ele — decide Afonso, por fim.

— Mas com muito tato. Muito cuidado. Nada de decisões impostas. Vamos conversar. Mostrar que estamos todos juntos nessa. Pelo Jeff. Pela Marta. Pela Lua.

Islanne assente, relutante, mas convencida.

— E se ele se recusar?

— A gente tenta de novo — diz Catia. — Até que ele entenda que não está sendo afastado. Está sendo acolhido.

Enquanto se preparam para encarar a conversa mais difícil das últimas semanas, um novo peso se instala na sala, a sensação de que não há maneira fácil de equilibrar amor e dever.

Islanne permanece em pé, braços cruzados, como se seu corpo tentasse conter o turbilhão que cresce dentro dela. Seus olhos percorrem a sala como se buscassem algum tipo de refúgio, mas não há refúgio quando o que está em jogo é o coração de quem ela mais ama.

— Eu entendo o que vocês estão propondo… — diz ela, enfim, com a voz mais baixa, mas carregada de emoção.

— E, honestamente, é reconfortante ter vocês aqui. Ver que estão de volta, não só à empresa, mas a nós. Eu e Jonathan… a gente precisou crescer rápido. Assumir tudo. E mesmo quando sabíamos que vocês estavam por perto, nos observando de longe… no fim, sempre fomos nós dois contra tudo.

Catia se emociona com as palavras da filha, os olhos úmidos, tocados pela sinceridade de quem passou a vida tentando proteger quem amava, mesmo que à distância. Afonso, firme, mas silencioso, respeita o tempo dela.

Islanne respira fundo antes de continuar:

— Ele sempre foi o meu porto. A âncora e o motor. Se a gente decidir isso pelas costas dele… se ele entender errado… não sei como vai reagir. Não quero que ele se sinta traído. Jamais.

Catia se levanta, contorna a mesa e pega na mão da filha, com ternura.

— Não estamos traindo. Estamos tentando aliviar uma dor que está consumindo ele por dentro. Só que você está certa, filha… não pode parecer uma manobra. Precisa ser amor, apenas amor. Com ele dentro. Participando.

Antes que Afonso possa dizer algo, a porta da sala se abre com um leve rangido.

— Interrompo? — pergunta Jonathan, já entrando, o blazer sobre o braço e os olhos atentos como sempre. — O clima aqui está denso.

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