Mariana sai logo atrás do irmão, sem tempo para pensar. O coração dela acelera. O que aconteceu? Uma queda? Uma doença? Foi acidente ofídico? Intoxicação?
A tensão é palpável quando eles chegam aos degraus. Eduardo já está ao lado dela, desesperado.
— O que aconteceu? — Eduardo pergunta, já sem fôlego.
— O que houve com ela?! — Mariana reforça, com firmeza, tomando a dianteira.
O vaqueiro, ainda com Darlene nos braços, responde ofegante:
— Ela tava bem. Tava no curral desde cedo ajudando na lida. Mas de repente ficou pálida, cambaleou e apagou, consegui pegar antes dela se bater no chão. Isso já aconteceu antes. O pai dela brigava muito com ela por ir trabalhar em jejum.
— Coloca ela ali, no sofá! — Mariana ordena, apontando com o dedo.
— Eduardo, pega minha mala rosa no carro. Agora!
Eduardo corre como se sua vida dependesse disso. Retorna em segundos com a mala que Mariana já abre antes mesmo de pousar no chão. Dali, ela retira um estetoscópio, um esfigmomanômetro e o aparelho de glicemia.
— Pressão baixa. 70 por 40… — Mariana murmura, concentrada. — Glicemia em 68... não justifica.
— Ela tá abrindo os olhos! — o vaqueiro diz, com alívio.
Darlene pisca, com dificuldade. Os olhos vagos, o rosto branco como o lençol dobrado no encosto do sofá. Ela vê Eduardo e tenta sorrir, mesmo pálida, mesmo sem forças. Mariana segura a mão dela com doçura e firmeza.
— Ei, Darlene. Sou Mariana, irmã do Eduardo. Fica calma, tá? Não tenta se levantar agora.
— Eduardo…? — ela sussurra, a voz arrastada.
Ele ajoelha ao lado dela, os olhos marejados.
— Tô aqui, Darlene. Tô aqui.
Ela fecha os olhos outra vez, mas agora não desmaia. Apenas respira fundo, tentando reorganizar o mundo ao redor. Mariana já pede ao vaqueiro algo para comer, ele diz que tem tudo pronto, a cozinheira já preparou o café da manhã.
— Vamos te estabilizar primeiro, depois você me conta o que andou aprontando nesse curral, tá bom?
Darlene esboça um sorriso fraco. Eduardo segura sua outra mão com delicadeza, como se temesse que ela desaparecesse a qualquer instante.
O reencontro que ele tanto sonhou chega em forma de susto. Mas agora que está ali, nada, nem febre, nem desmaio, nem a morte, vai tirá-lo de perto dela.
Darlene respira com mais regularidade agora. Mariana continua ao seu lado, vigilante, observando cada detalhe como boa médica e irmã protetora. Darlene se senta e a cor retorna, devagar, ao rosto da moça que, mesmo ainda pálida, já não parece tão frágil.
Eduardo, ajoelhado próximo ao sofá, não tira os olhos dela. E quando os dela, finalmente mais despertos, encontram os dele, ele sente o peso do susto começar a se dissipar.
— Achei que ia chegar aqui e te encontrar de pé, com aquele café da manhã cheio de cheiros bons — ele diz, tentando sorrir. — E aí você resolve quase me matar do coração?
Darlene suspira, constrangida, tentando se ajeitar. Mariana impede com um gesto suave.
— Quietinha, dona teimosa. Agora é minha vez de mandar — diz, em tom firme, mas acolhedor.
— Vai cuidar do que sabe, doutora — Darlene provoca, a voz ainda baixa, mas viva.
— Dona Miriam, a senhora por acaso precisa de ajuda com o almoço? — Mariana pergunta, com um sorriso travesso nos lábios.
— Já está tudo pronto, minha filha — ela responde, satisfeita. — É só esquentar quando quiserem comer.
— Ótimo. Assim sobra mais tempo para mim ficar de olho nessa paciente que adora dar susto nos outros.
Dona Miriam ri e se retira. Mariana ajeita os travesseiros de Darlene, ainda atenta.
Eduardo continua ali, sentado no chão, como se não quisesse sair de perto nem por um segundo. Como se se afastar fosse perder um momento precioso.
— Você sempre teve essa mania de cuidar de todo mundo e esquecer de você — ele diz, acariciando os dedos dela. — Isso precisa mudar, Darlene.
Ela olha pra ele, os olhos mais firmes agora.
— Talvez… com você aqui, eu aprenda.
Lá fora, a fazenda pulsa viva. A vida segue seu ritmo no campo. Mas naquele pequeno canto da sala, três corações batem juntos: um que ama, outro que cura, e um que finalmente começa a aceitar ser cuidado.
E no ar, ainda paira a certeza silenciosa: Eduardo não veio só por alguns dias.
E talvez, só talvez … ele não vá mais embora.

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