O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 323

O sol escapa por entre as nuvens, lançando luz dourada sobre a terra vermelha da fazenda. O céu tem a cor de verão prestes a virar. Há cheiro de calor e de mudança no ar.

Darlene já está de pé, mais firme, embora a palidez ainda lhe marque discretamente o rosto. Mariana a observa de longe, com aquele olhar clínico de quem reconhece os limites do corpo, mas também reconhece a força que mora em certos olhos. E os de Darlene... não são olhos que pedem socorro. São olhos que avisam que já sobreviveram a coisa pior.

— Então você quer ver o tal do meu gado? — Darlene pergunta, brincando, ajeitando o chapéu claro sobre os cabelos presos.

— Quero ver se esse Nelore é tudo isso mesmo ou se é só propaganda de irmão apaixonado — Mariana responde com um meio sorriso, enquanto caminha até ela.

Eduardo, atrás das duas, engole seco. As duas mulheres que mais mexem com a sua cabeça estão ali, lado a lado. Tão diferentes, mas com o mesmo brilho firme no olhar. Ele se pega pensando, o que acontece quando duas tempestades se entendem no silêncio?

— Cuidado, Eduardo — Mariana cochicha, apenas para que ele ouça — ...essas alianças silenciosas são as mais perigosas.

Ele sorri, mas o arrepio é real. Darlene olha por cima do ombro, como se soubesse que foi citada em pensamento.

— Vamos pela trilha dos fundos — ela diz, liderando o caminho.

A trilha é larga, margeada por cercas de madeira e pasto verde até onde os olhos alcançam. O gado Nelore aparece em blocos brancos no horizonte, brilhando sob o sol. Mariana se impressiona com o tamanho e a postura dos animais. Ela se aproxima das cercas, observa, pergunta. Darlene responde com orgulho discreto, mostrando a força de quem conhece cada centímetro daquela terra.

Enquanto isso, Eduardo observa. As risadas baixas entre as duas. O jeito como Mariana admira a firmeza de Darlene. A forma como Darlene, sempre tão reservada, já trata sua irmã com uma naturalidade espantosa.

Eles passam a manhã juntos. Conversam, exploram o pasto, veem as criações. Mariana, de botas e chapéu, parece em casa ali. Darlene se solta mais a cada passo. Eduardo... apenas sente.

A tensão entre ele e Darlene não diminui. Cresce. A cada olhar, a cada toque de ombro casual, a cada silêncio cheio de lembrança. Um beijo roubado entre o curral e a porteira faz o mundo parar por segundos. O gosto é de reencontro, mas o desejo tem gosto de urgência. Quando se separam, os olhos continuam colados. Mariana vê de longe e, dessa vez, não diz nada. Apenas sorri. Ela entende. Pela primeira vez na vida, Eduardo ama alguém.

O trio volta pela mesma trilha, agora com o sol mais alto e a brisa quente começando a pesar nos ombros. Mariana se afasta um pouco para atender uma ligação, e Darlene e Eduardo ficam sozinhos por alguns instantes. Silêncio entre eles. Silêncio carregado.

O céu, tingido de dourado, parece tocar o topo das árvores. A brisa sopra leve, mas carrega uma saudade antiga. Eduardo caminha com as mãos nos bolsos, os olhos voltados para Darlene, que anda à frente com passos firmes e silenciosos, como se escutasse a terra sob os pés.

Mariana segue ao lado, distraída com a paisagem, mas atenta ao silêncio entre os dois. Há algo no ar. Algo não dito. Algo que vibra.

— Ainda não sei como você conseguiu chegar até aqui tão cedo, madrugaram na estrada? — provoca Darlene, lançando um olhar de canto para Eduardo.

— E eu ainda não sei como você consegue trabalhar no curral de estômago vazio — ele rebate, com um sorriso que tenta quebrar a tensão.

Darlene sorri de leve, mas o sorriso não alcança os olhos. Ela respira fundo, como se tomasse coragem.

— Hoje eu achei que não ia acordar… pensei que podia ter sido a última vez. E... justo hoje, que você chegou.

Ele para. Pega na mão dela com firmeza.

— Não importa quantas vezes você caia. Eu vou estar aqui, Darlene. Para te levantar. Para esperar. Para ficar com você.

Ela baixa os olhos, emocionada. E então, Mariana, que vinha distraída, dá um pulo e se esconde atrás de Darlene, apontando para frente.

— Que isso?! Aquela vaca ali tá com uma cara péssima! Ela vai atacar a gente?

Uma Nelore alta, musculosa, com uma expressão firme, se aproxima devagar do grupo, os olhos fixos. O andar é decidido, o focinho úmido. Mariana dá mais um passo para trás.

— Não se mexe muito, não, hein — ela sussurra, tentando não parecer em pânico.

Mas Darlene apenas sorri e levanta a mão com calma.

— Sossega, Pitanga. Vem cá, menina.

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