O vento sopra leve, levantando a borda do vestido de Mariana e fazendo os cabelos dela dançarem devagar. Ela continua imóvel, encarando Miguel. Ele, ainda com um leve sorriso preso nos lábios, parece enfeitiçado.
Darlene percebe. Com um sorriso no canto da boca e sobrancelhas erguidas, ela quebra o silêncio.
— Ah, claro… deixa eu fazer as devidas apresentações — ela diz, num tom quase divertido.
— Mariana, esse é o Miguel. Irmão da Marta… praticamente meu irmão também.
— Marta Maia, futura senhora Schneider. — ela fala rindo e dá uma piscadela.
Mariana pisca, como se estivesse acordando de um transe.
— Sim, claro… lembro. Muito querida — responde, ainda encarando Miguel.
— E Miguel… — Darlene continua, virando-se para ele com uma expressão quase marota
— ...essa é a Mariana. Médica, minha salvadora hoje cedo. Mas o mais importante, ela é irmã do Eduardo.
A menção a Eduardo tira Miguel do estado de encantamento por um segundo. Ele desvia os olhos e encontra o olhar fuzilante do homem que, até aquele momento, não tirava a atenção de cada gesto dele.
Mas antes que qualquer coisa aconteça, Darlene age rápido.
Ela segura a mão de Eduardo com firmeza.
— Vem comigo. Agora.
E o arrasta para dentro da casa com uma urgência que ele não questiona, ainda fervendo por dentro.
Assim que entram no escritório, ela fecha a porta atrás de si, trava com um estalo e encosta nele com a força de uma tempestade contida.
— Se você abrir a boca para estragar aquilo que acabou de acontecer lá fora, eu juro que te calo do meu jeito.
— Que jeito, Darlene? — ele desafia, a voz baixa, grave.
Darlene o puxa com firmeza pela camisa, os olhos faiscando com uma mistura de desejo, raiva contida e saudade acumulada. O corpo dela pulsa, quente, vivo, pedindo por ele com urgência. Eduardo mal tem tempo de reagir, seus lábios colidem com os dela num beijo intenso, molhado, cheio de tudo o que ficou preso entre eles durante os dias de ausência.
As mãos dela exploram com fome, os ombros, o peito e as costas. As dele deslizam pela cintura fina, sob a blusa, sentindo a pele quente, ansiosa. Eduardo geme baixo, o som abafado contra a boca dela, e ela o empurra de costas até encostar na escrivaninha.
— Você tem ideia do que foi ficar aqui… te esperando? — ela sussurra entre beijos, puxando a camisa dele por sobre a cabeça.
— Eu tô aqui agora — ele responde, rouco, mas hesitante quando as mãos dela descem com mais firmeza.
— Darlene, você desmaiou hoje cedo... não sei se...
— Eduardo — ela corta, encostando nele, o olhar intenso.
— Não me protege agora. Não me cuida agora. Me sente. Me toma.
A respiração dele falha. Os olhos fecham por um segundo. O corpo inteiro em combustão.
As roupas vão caindo em silêncio abafado , a blusa dela, a calça dele, as barreiras entre eles. Os corpos se tocam como se estivessem voltando ao lar. As mãos se encontram, se apertam. Ele a deita sobre o tapete, entre almofadas espalhadas, e paira sobre ela por um instante, os olhos marejados.
— Você é tudo pra mim — ele sussurra, como se confessasse um segredo.
Ela segura o rosto dele com as duas mãos.
— Então me mostra.
Ele a penetra com cuidado, devagar, o calor dela o envolvendo como um abraço antigo. Um gemido escapa da garganta de ambos. Os olhos grudados. O mundo parado.
Mas logo o ritmo muda.
— Mais — ela pede, com os dedos cravando nos ombros dele.
— Me dá mais, mais forte…
— Amor...
Ele tenta resistir, ainda receoso.
— Eu tô viva, Eduardo. Tô aqui. Tô tua.
Então ele cede.
Movimentos intensos, ritmados. As mãos dele segurando a cintura dela com firmeza. A boca explorando o pescoço, os sei0s expostos ao toque e à boca dele. Ele a toma nos braços e beija sem delicadeza, ela abre mais as pernas para ele com um convite mudo, as coxas trêmulas, ele se movimenta mais rápido, tenta manter o controle, ela implora com um gemido abafado, lento, profundo, devoto.
— Meu Deus… — ele sussurra contra a boca dela, ofegante.
— Prometo... a menos que seja você.
Ela cora, mas não desvia o olhar. Senta. Ele senta ao lado. E os dois ficam ali. Sem pressa. Observando o céu mudar de cor e os primeiros grilos cantarem no campo.
A conversa flui aos poucos. Eles falam de infância. De cidade grande. De como é estranho encontrar sossego no meio do nada e, ao mesmo tempo, sentir que ali é exatamente onde deveriam estar.
— E você sempre teve esse olhar de quem vê o que ninguém vê? — Miguel pergunta, com um sorriso torto.
— E você sempre foi tão ousado assim? — ela rebate.
— Com todo mundo? Não. Com você… acho que perdi o juízo na primeira olhada.
Ela abaixa o olhar e sorri. Um sorriso doce, meio bobo, que ele grava na memória como uma fotografia.
E no mesmo instante em que ela levanta os olhos para encará-lo de novo, um grito abafado soa lá de dentro.
Eles se olham, confusos.
— Isso veio do... escritório? — Miguel pergunta, levantando uma sobrancelha.
Mariana engole o riso, mordendo o lábio.
— Acho que é melhor a gente fingir que não ouviu nada.
E continuam ali.
Sentados.
Com a noite caindo devagar.
Como se o universo inteiro estivesse empurrando duas histórias de amor para o mesmo destino.
Mas, do lado de fora, Pitanga ronda a varanda. E de repente, ela para, orelhas em pé, corpo alerta.
Ela sente algo. Algo que ainda não foi percebido por nenhum dos humanos da casa.
E então, com um mugido baixo e feliz, olha fixamente para o mato e sai correndo, como se entendesse tudo aquilo que os dois casais não são capazes de entender agora.

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