O carro mal termina de parar quando Dona Maria já desce os degraus do alpendre, o avental esvoaçando, o sorriso largo iluminando o rosto.
— Eduardo! — ela exclama, abrindo os braços. — Meu filho, que saudade eu tava de você, menino!
Eduardo desce do carro e é imediatamente envolvido num abraço apertado, cheio de afeto e cheiro de bolo fresco. Ele sorri, meio sem jeito, mas retribui o gesto com carinho sincero.
— Também senti saudade da senhora, Dona Maria.
— Ah, você aparece pouco. Vai ver só se não vou dar uma bronca no fim da visita.
Seu Heitor chega logo em seguida, cumprimentando Eduardo com um aperto de mão firme e direto, como todo bom homem do campo. Um aperto que diz mais do que palavras. Os dois trocam um aceno respeitoso e silencioso.
Enquanto isso, Miguel dá a volta no carro e, com toda a empolgação de um adolescente apaixonado, abre a porta para Mariana.
— Vem cá, meu bem. Tá na hora da apresentação oficial.
Ele pega a mão dela com naturalidade, orgulhoso, e caminha até os pais com ela ao lado.
— Pai, mãe… essa é a Mariana.
Dona Maria observa a moça com olhos atentos e um sorriso que não disfarça o encanto. Seu Heitor endireita a postura, curioso e já desconfiando que o filho não exagerou em nada do que havia dito.
Mariana, doce e segura, dá um passo à frente e estende a mão para os dois, mas Dona Maria ignora completamente o gesto formal e a puxa para um abraço cheio de calor materno.
— Bem-vinda, minha filha. Ô menina linda! — diz Dona Maria, apertando-a com força.
Mariana ri, emocionada com a recepção. Quando se afasta, cumprimenta Seu Heitor com um sorriso gentil.
— É um prazer enorme conhecer vocês. O Miguel fala tanto do senhor e da senhora que já sinto como se fizessem parte da minha vida há tempos.
— E agora faz mesmo — diz Seu Heitor, com um aceno cúmplice, apertando de leve a mão dela.
Dona Maria já segura Mariana pelo braço, como se fosse uma visita esperada há anos.
— Vamos para a cozinha! Preparei um monte de coisa boa. E você, minha filha, precisa comer. Você tem corpo de moça da cidade, mas vai ver só como aqui a gente trata bem as visitas. Anda, todo mundo para dentro!
— Falei que ela ia entuchar comida em vocês — cochicha Miguel no ouvido de Mariana, rindo.
Eles seguem em fila para a cozinha, onde a mesa está transbordando de delícias: bolo de milho, pão de queijo, rosquinhas fritas, cuscuz, manteiga de roça, goiabada cascão e café passado na hora. O cheiro é quase uma carícia.
Dona Maria aponta as cadeiras com autoridade carinhosa.
— Sentem, sentem! Aqui ninguém fica em pé muito tempo, não. E, Mariana, se tiver vergonha, perde logo. Porque nessa casa, sogra boa é sogra que enche o prato da nora.
— Não tenho vergonha, não — diz Mariana, sorrindo. — Mas já aviso, não respondo por mim se tudo isso for tão bom quanto parece.
— Essa menina vai me conquistar pela barriga — brinca Dona Maria, piscando.
Miguel se senta ao lado dela, os olhos brilhando ao ver Mariana tão à vontade. Eduardo observa tudo em silêncio, ainda um pouco tenso, mas não pode negar que aquela atmosfera calorosa o toca de alguma forma. Darlene, sentada ao lado dele, lhe dá um leve toque com o cotovelo.
— Relaxa. Ela está feliz.
Eduardo respira fundo e assente, ainda que com relutância.
A segunda rodada do café da manhã começa com risos, histórias antigas e olhares novos. Dona Maria faz perguntas sobre Mariana, sobre os estudos, sobre como se conheceram, e Mariana responde com doçura e firmeza, encantando ainda mais os futuros sogros.
No meio da conversa, Miguel segura a mão dela debaixo da mesa, e Mariana aperta de volta. Eles se olham com cumplicidade silenciosa.
Lá fora, o sol já está alto, os pássaros cantam entre as árvores, e tudo indica que aquele será um dia especial.
Um dia que marca o início de uma nova fase.
E, talvez, de uma nova família.
A manhã corre preguiçosa no sítio dos Maia. Após o café reforçado e cheio de conversa boa, todos se espalham pela varanda para aproveitar a brisa morna que sopra entre as árvores. Dona Maria serve mais café em xícaras pequenas de ágata, enquanto Seu Heitor acende um cigarro de palha, só para ficar com ele entre os dedos, como sempre faz depois das refeições.
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