O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 333

Rui entra na sala da presidência do Grupo Schneider com o tipo de calma que só o desespero bem camuflado conhece. Terno alinhado, olhar firme, mãos nos bolsos como se carregassem chumbo, e não a ruína de tudo que acreditava sentir e ser. Jonathan levanta os olhos do tablet ao notar sua presença, mas algo na atmosfera muda antes mesmo da primeira palavra. Há algo errado. Muito errado.

— Rui? — Jonathan ergue as sobrancelhas, a expressão amistosa, mas atenta.

— Você agendou esse horário ontem à noite. Pensei que fosse sobre o caso Valente.

— Não é — responde o advogado, a voz seca como um galho prestes a se partir.

— Eu vim pedir férias. Duas. Uma vencida, outra que vence mês que vem. Preciso me afastar, Jonathan. Urgente.

O presidente fecha o tablet devagar, como quem sente o cheiro de pólvora antes do estouro.

— Férias? Agora? Justo agora? Você é o diretor jurídico. Tem processos em andamento, fusões prestes a serem revistas. E você me aparece aqui pedindo... licença?

Rui encara o amigo. Um silêncio denso se instala. Jonathan percebe que o que quer que esteja por trás do pedido é mais do que burocracia.

— O que houve, Rui? — pergunta, mais baixo, com um leve endurecimento no tom.

— Você está doente? É algo pessoal?

Rui desvia o olhar. A primeira rachadura aparece. E, por fim, ele solta:

— Eu vi a Islanne… com o Ravi.

Jonathan pisca devagar. Poderia se assustar, gritar, se indignar. Mas não o faz. Ao invés disso, seus olhos se estreitam, buscando detalhes no rosto do amigo.

— Você… estava com ela?

— Estava, sim. Há algum tempo. Mas era sigiloso. Uma história mal resolvida. Eu achava que tinha virado algo real. — Rui dá uma risada amarga.

— Até entrar naquele quarto. Até ver com os próprios olhos.

Jonathan se recosta na cadeira, o rosto impassível como uma parede bem treinada. Nenhuma surpresa. Nenhuma indignação.

— Islanne é minha irmã, Rui.

— Eu sei. — Ele engole em seco.

— Por isso mesmo estou aqui. Não quero causar nenhum tumulto dentro do grupo. Nem entre vocês. Eu… só preciso sumir por um tempo.

— E Ravi também é meu amigo. Assim como você.

Rui abaixa a cabeça. A humilhação ainda pulsa sob a pele, latejante.

— Eu entendo se quiser negar. Mas preciso de um tempo. Sair de perto, não por rancor, mas por sanidade.

Jonathan suspira, tamborila os dedos sobre a mesa, depois fixa os olhos no homem à sua frente.

— Duas férias. Uma vencida, outra antecipada. Contra a minha vontade e a lógica administrativa… mas vou aprovar.

Rui fecha os olhos brevemente. Um agradecimento silencioso atravessa sua expressão.

— Obrigado, Jonathan. Não sei quanto tempo vou ficar fora. Talvez os dois meses. Talvez mais. Preciso me reencontrar.

Rui respira fundo. Seus ombros cedem, os olhos evitam os de Jonathan, mas a voz, embora baixa, carrega um peso antigo:

— Eu amava a Islanne. Achei que tinha superado, que era só orgulho ferido, ego... mas não era. Eu realmente amava. E ver o que vi... me destruiu.

Jonathan não se mexe. Apenas o observa com atenção, os braços cruzados, o semblante sério, mas não julgador. Ele conhece Rui há anos. Sabe distinguir dor genuína de drama. E o que vê ali é um homem quebrado, tentando juntar o que restou de si.

— Rui — ele diz, em tom calmo, ao contornar a mesa e se sentar à frente do amigo.

— Senta. Vamos conversar com calma.

Rui se j**a na cadeira como se o corpo, enfim, cedesse ao peso que vinha carregando. Esconde o rosto nas mãos por alguns segundos antes de encará-lo outra vez.

— Eu sei que não era oficial. Sei que não tínhamos nada definido. Mas, cara… foi difícil demais. E foi pior porque era com ele. Com o Ravi. Nosso amigo.

Jonathan solta um suspiro contido, passando a mão pela barba.

— Eu entendo. Mais do que você imagina. Mas também conheço minha irmã. E conheço o Ravi. Isso não diminui o que você sentiu, mas... eles se amam, Rui.

— Eu sei. — A voz dele é um sussurro.

— Hoje eu vejo. Não é só desejo, não é só rebeldia. Eles se pertencem. E isso dói mais. Dói porque eu nunca tive nem metade disso com ela. Nunca tive esse olhar, essa entrega. Eu me enganei. Me iludi. E agora... não consigo mais ficar perto. Só de ouvir o nome dela já dói. Só de pensar nele, sinto o gosto amargo da traição. Mas não guardo raiva. Só... preciso respirar.

Jonathan o encara por um instante, depois se inclina levemente para frente.

— Então vá. Respira, some, se reencontra. Te conheço. Você vai se levantar. Vai voltar inteiro. E quando voltar, eu estarei aqui. A gente segura as pontas.

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