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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 336

Ninguém entra numa sala para falar sobre um bebê desaparecido com o coração tranquilo. Jonathan sente isso no peito como um soco. O corredor é estreito, a porta pesada se fecha atrás dele com um estalo que parece selar um destino. O silêncio no interior do escritório não é casual, é meticulosamente calculado. As paredes, o ar parado, o cheiro de café amargo esquecido em alguma xícara. Tudo ali convida à verdade. Ou, ao menos, ao que se consegue reunir dela entre dor e lembranças fragmentadas.

O homem à sua frente não levanta da cadeira. Apenas o observa, olhos quase inumanos de tão atentos. Jonathan segura firme a pasta de documentos e senta-se. Não tem tempo para rodeios. O assunto é grave. Urgente. E já doeu por tempo demais.

— Meu nome é Jonathan Schneider. Vim procurar você porque preciso do melhor — começa, sem rodeios.

O detetive continua em silêncio por um momento, como se avaliasse o peso real daquelas palavras.

— As pessoas geralmente me procuram quando já perderam a esperança — diz por fim.

— Ou quando percebem que a verdade não aparece sozinha. Qual dos dois é o seu caso?

Jonathan solta o ar devagar, como se cada palavra fosse uma pedra saindo do peito.

— Eu perdi o meu filho. Um bebê. Meu filho gêmeo desapareceu na maternidade, cinco meses atrás.

Nenhum espanto no rosto do detetive. Apenas uma leve mudança no olhar, como se uma luz invisível tivesse se acendido por trás da íris.

— Vivo?

— Sim. Ele nasceu saudável. Gêmeo da minha filha, Lua. Mas sumiu horas depois do parto.

— Conte tudo. Desde o início. Sem filtros.

Jonathan engole em seco e começa, mantendo a voz firme apesar do nó na garganta.

— Marta, a mãe dos gêmeos, é minha... companheira. Tivemos uma discussão antes de eu saber da gravidez. Ela foi embora e voltou para o interior, cidade chamada Matão. Ficamos meses sem contato. Eu sequer soube que ela estava grávida.

O detetive faz um aceno breve, indicando que continue.

— Quando estava no fim da gestação, Marta saiu do sítio dos pais para resolver algumas coisas na cidade. Foi atropelada por uma senhora diabética, que teve um surto hipoglicêmico no volante. Marta estava sozinha, foi levada inconsciente ao hospital pelo SAMU. O estado dela era grave. Entrou direto na cirurgia. Uma cesárea de emergência.

— Quem realizou o parto?

— O nome que consta no prontuário é de uma residente, Dra. Marina.

O detetive anota pela primeira vez.

— Isso é relevante.

Jonathan continua:

— Durante o parto, Marta sofreu uma parada cardíaca. Foi direto para a UTI e ficou desacordada por alguns dias. Os bebês nasceram com complicações, precisaram ser reanimados, foram levados à UTI neonatal. Só que durante esse período, um dos recém nascidos de outra mãe entrou em parada. Toda a equipe correu para socorrer o bebê... e foi nesse momento que Jeff, o meu filho, desapareceu.

— Ninguém viu?

— Aqui está tudo que consegui reunir. Mas tem uma coisa... — ele hesita, olhando fixamente para o detetive. — Eu sinto que meu filho está vivo. Não sei explicar. É como se ele me chamasse, entende?

O detetive o encara em silêncio por alguns segundos. Então fecha a pasta com cuidado.

— Intuição de pai é coisa séria. Eu vou atrás. Mas saiba que essa estrada é longa. E pode levar a lugares que você não quer ver.

Jonathan se levanta, um peso invisível nos ombros.

— Estou pronto para isso. Não quero justiça... ainda. Quero meu filho de volta.

— Então se prepare para encontrar verdades que outros se empenharam muito para esconder.

Ao sair do escritório, Jonathan sente o mundo lá fora girar mais devagar. Os carros passam, buzinas ao longe, mas tudo parece abafado, distante. Ele segura a pasta com força, como se aquele objeto fosse a única âncora possível.

E enquanto caminha pelas ruas cinzas de São Paulo, uma pergunta martela em sua mente:

Quem esteve naquela sala no exato momento em que Jeff foi levado?

E por que os olhos da equipe médica nunca parecem olhar na direção certa?

Será que a pessoa por trás de tudo... ainda está mais perto do que ele imagina?

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