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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 338

O barulho é rápido, mas ecoa como um trovão no vazio do estacionamento. O clarão acima apaga de vez, mergulhando tudo em uma penumbra sufocante.

E naquele instante…

O tempo para.

Islanne sente um calor súbito subir pelo peito, seguido de um frio que paralisa. O corpo dela enrijece. Cada músculo, cada respiração, cada pensamento… suspensos. A sensação é a de cair de uma altura infinita, sem movimento, sem chão.

É quando flashes começam a surgir.

Imagens da infância, da mãe penteando os seus cabelos. O som da gargalhada de Afonso a colocando nos ombros. A mão de Jonathan, ainda criança, puxando a sua com medo do escuro. O primeiro dia na presidência. O primeiro dia com Lua no colo. Tudo. Tudo passa diante dos olhos como um mosaico partido de lembranças.

Ela sente o peso da arma contra a cintura, como uma âncora. A mão instintivamente desliza até lá.

Mas antes que consiga sacar, uma mão firme toca seu ombro.

— Calma — diz Gabriel, a voz controlada, sem emoção.

— Foi apenas um curto circuito. Nada mais.

Ele aponta discretamente para o celular em sua mão. A tela ainda acesa.

Sem dizer uma palavra, ele estende a mão.

Ela hesita… e entrega.

Ele desliga o aparelho com um gesto simples.

Depois, a encara.

— Não podemos ser rastreados aqui.

Ainda envolta em tensão, Islanne observa cada movimento dele, mas não reage quando Gabriel a conduz até um carro estacionado na penumbra. O veículo é discreto, de vidros escurecidos. Ele abre a porta para ela, como se aquilo fosse um protocolo. Ou uma concessão de confiança.

Minutos depois, enquanto o carro se afasta do hospital desativado, um silêncio denso paira entre os dois. Nada é dito. Ainda.

Nos arredores, Ravi e Dante observam com atenção o mapa na tela do tablet.

— O sinal sumiu. — Ravi sussurra. — Celular dela foi desligado manualmente.

— Isso não é bom — diz Dante, já se mexendo. — Vamos.

Eles partem imediatamente, atravessando a cidade como dois caçadores sem sono. O estacionamento subterrâneo surge à frente como um espectro cinzento.

Descem com cautela, armas prontas. Ecos, sombras, nenhum sinal de vida.

E então, o choque:

o carro que Islanne usou ainda está lá. Intacto. Abandonado.

Dante gira em círculos, em alerta.

— Ela não levou o carro. Alguém a tirou daqui. A pé, ou em outro veículo.

— E desligaram o celular dela para gente não rastrear — completa Ravi, já teclando freneticamente em outro sistema.

— Merrda, estamos às cegas.

Os dois se encaram. A tensão entre eles explode no silêncio.

— Se fizeram algo com ela… — diz Dante, cerrando os punhos.

— Eu vou descobrir quem foi — promete Ravi, sombrio.

Enquanto isso, em um local neutro, afastado da cidade e ainda mais das câmeras, Gabriel estaciona o carro embaixo de uma cobertura metálica. É um galpão abandonado nos arredores de um posto de gasolina antigo, silencioso, limpo e reservado.

Islanne desce, mas permanece em alerta. A arma continua com ela. Ele percebe.

— Você não está em perigo, Islanne. Pelo menos… não agora — diz ele, com o cansaço de quem carrega mais verdades do que pode soltar.

Ela não responde, mas o observa, esperando.

Gabriel apoia-se no capô do carro, cruzando os braços.

— Eu precisava falar com você fora dos protocolos. Fora das câmeras. E dos olhares errados.

Ela se aproxima, os olhos afiados.

— Quem é você agora, Gabriel?

Ele inspira fundo.

— Sou o delegado responsável pelo caso Jeff Maia Schneider. Oficialmente, a partir de ontem. O Estado quer uma solução. A pressão é enorme. O nome do seu sobrinho está estampado em pastas que cruzam fronteiras e gabinetes de Brasília.

Islanne parece recuar por dentro, mas por fora permanece intacta.

— Então por que me chamar assim? Por que esconder?

— Porque se me virem falando com você… ou com Jonathan… fora da delegacia, fora da formalidade, fora dos registros… — ele pausa — isso pode parecer colaboração indevida. Contaminação do caso. E eu não posso permitir isso. Não se eu quiser ir até o fim.

— E você quer?

Ele a encara. Sério. Profundo.

— Quero. Mas vou fazer do meu jeito. E isso inclui manter as aparências. Quando você ou Jonathan forem à delegacia… vamos agir como estranhos. Nada de familiaridade. Nada de passado.

Ela cruza os braços, os olhos agora mais atentos do que nunca.

— E agora?

— Agora… eu preciso de alguns dias. Tenho muita coisa nas mãos. Documentos, depoimentos, imagens. Quero cruzar as versões. Quero isolar mentiras. Encontrar fissuras.

— Então não há nada concreto?

E então… a vida aconteceu.

Ela seguiu seu caminho. Ele desapareceu do dela.

Ele cursou direito, se formou como aluno brilhante, logo depois passou no concurso para delegado de polícia. Que era brilhante.

Assim que voltou do sítio dos Maia, o procurou, mas soube que ele estava no exterior…

E agora… ele volta.

Não como amigo.

Não como cúmplice.

Mas como uma peça-chave. Talvez a mais importante de todas.

Islanne fecha os olhos por um segundo. A imagem dele no estacionamento ainda está fresca, a sombra, o olhar contido, o controle absoluto das palavras.

Era o mesmo Gabriel… mas transformado pelo tempo.

Ou… esculpido pela dor.

Ela morde o lábio inferior, inquieta. Sente o celular desligado na bolsa como uma bomba silenciosa.

A dúvida ainda lateja, ela pode confiar nele?

Mas há uma certeza que corta todas as outras, ele está dentro do caso. Oficialmente. E é bom. Muito bom.

E se alguém pode encontrar Jeff…

Se alguém pode mover forças reais, investigar sem precisar se esconder, usar os canais certos…

É ele.

Gabriel.

O garoto que um dia prometeu que nunca deixaria nada acontecer com ela.

O homem que agora promete, sem dizer, que não vai deixar Jeff desaparecer para sempre.

Islanne respira fundo e abre os olhos. O prédio do Grupo Schneider começa a surgir à frente.

Mas, desta vez, ela volta com mais do que uma suspeita.

Ela volta com um trunfo escondido.

E talvez, apenas talvez… com um fio de esperança.

Mesmo que esse fio esteja envolto em sombras.

Porém ela não imagina que despertou todos os demônios de Ravi e a forma como ele vai reagir acabará selando o destino dessas duas tempestades que atendem por nome de Ravi e Islanne.

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