O som de um celular explode no ar, estridente, destoando do clima carregado de tensão erótica. Mariana arregala os olhos, ofegante. Miguel congela, confuso. O som parece vir da bolsa jogada ao lado da manta.
— Sério? — Mariana diz, sem acreditar. — Justo agora?!
Miguel se afasta, rindo, sem conseguir conter. Mariana senta com um gesto rápido, puxa a bolsa, procura o celular enquanto ainda tenta cobrir os seios com o lençol amarrotado.
— É o Eduardo! — ela diz, olhando a tela com os olhos arregalados.
— Meu Deus, se eu não atender, ele vai subir aqui com um fuzil na mão!
Miguel ri mais alto agora, se jogando de costas sobre a manta.
— Claro que é o irmão ciumento…
— Cala a boca, Miguel! — ela diz, mas está rindo também, tentando ajeitar o cabelo e a respiração enquanto desliza o dedo na tela.
— Oi, Du… tá tudo bem.
A voz do outro lado é alta o suficiente para Miguel ouvir os primeiros segundos:
— Você sumiu! Não responde mensagem! Onde você está? Já anoiteceu!
Mariana respira fundo, tentando soar natural.
— Eu tô bem, a gente só… subiu no morro para ver as estrelas. Eu e o Miguel.
— O quê?! — vem a resposta de Eduardo, indignado.
— Mariana, você tá com esse moleque metido a Don Juan no meio do mato, à noite?!
Ela lança um olhar atravessado para Miguel, que finge estar ofendido.
—. Para de drama, Eduardo!
— Tô indo aí!
— Não! — ela grita, desesperada.
— A gente já tá descendo. Daqui a pouco chegamos. Juro. Fica tranquilo.
Depois de mais algumas trocas de farpas fraternais, ela finalmente desliga, deixando o celular ao lado, bufando.
— Eu não acredito…
Miguel ainda está deitado, rindo como um adolescente pego no flagra.
— Acha que ele ouviu alguma coisa?
— Acha que ele ouviu eu gemendo como se estivesse morrendo?
— Bom… se ouviu, agora vai ter certeza que a irmã dele cresceu.
— Ai, meu Deus… — Mariana dá um tapa leve no braço dele, e eles riem juntos, um riso solto, cúmplice, como se aquela interrupção inesperada fosse o selo que faltava naquela noite.
— Isso meio que… matou o clima, não é? — ela diz, deitando-se de lado, olhando para ele.
Miguel vira-se também, apoiando o cotovelo, observando-a como se ela ainda fosse a coisa mais linda que já viu.
— Talvez. Mas não matou o que a gente sente.
Ela sorri, tocando o rosto dele com carinho.
— Você percebeu, não é? — ela pergunta, mais suave.
— Que eu nunca… antes…
Miguel apenas assente, com os olhos firmes nos dela.
— Percebi. E isso me deixa… nervoso.
— Por quê?
Mariana e Miguel finalmente se recompõem. Ela ajeita o cabelo, respira fundo, dá uma olhada nos retrovisores.
— Meu irmão vai me matar…
— E eu vou morrer rindo.
Miguel desce do carro e fecha a porta com tranquilidade.
Ele caminha na direção de Darlene com um sorriso debochado e a cumprimenta com um beijo carinhoso no rosto.
— Boa noite, Darlene. A Mariana tá inteira, juro. Só um pouco… mais feliz.
Darlene ri, e Eduardo dá um passo à frente, carrancudo.
— Vai com calma, Miguel.
— Sempre, irmão ciumento. Sempre com muito carinho.
Miguel pisca para Eduardo, que resmunga alguma coisa entre os dentes, indignado.
Antes de entrar no carro, Miguel volta para Mariana, abre a porta do passageiro e a puxa de leve para mais um beijo. É demorado, terno e ao mesmo tempo provocante. Mariana sorri contra os lábios dele, sentindo o coração disparar.
— A gente se vê logo, ele sussurra.
— Eu vou esperar.
Miguel se afasta com aquele ar de quem venceu a noite. Entra no carro, dá a partida e, enquanto passa por Eduardo, abaixa o vidro e solta:
— Dorme bem, cunhadinho!
Eduardo levanta a mão como se fosse xingá-lo, mas Darlene segura de novo.
— Esse menino vai me pagar — ele murmura, irritado.
Enquanto isso, o carro de Miguel desaparece na estrada, e seu riso ecoa junto com a poeira que se levanta sob as estrelas.

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