O mundo parece mudar em um segundo.
Eduardo segura as mãos de Darlene, mas seu olhar vive escapando para a barriga de Darlene. O silêncio entre eles não é desconfortável, é intenso, elétrico, cheio de significados. Cada segundo dentro daquele quarto é como o compasso de um novo coração batendo, o começo de algo que nenhum dos dois sabe ao certo como viver, mas já estão amando com tudo o que têm.
— Darlene... — Eduardo quebra o silêncio, a voz falhando um pouco.
— A gente vai mesmo ter um filho?
Ela sorri, emocionada, os olhos ainda um pouco úmidos.
— Vamos, Eduardo. Um filho nosso. Você consegue acreditar?
— Eu tô tentando... mas minha cabeça tá igual liquidificador sem tampa — ele ri nervoso, uma mão passando pelos cabelos desalinhados.
— Eu tô tão feliz que parece que tomei um coice de boi no peito. Sabe quando você quer rir, chorar e sair correndo tudo ao mesmo tempo?
— Sei sim — ela diz, e os dois se olham com uma ternura que paralisa o tempo.
Ao chegarem na cozinha, Dona Miriam está na varanda com um pano de prato nos ombros. Ela observa os três, e pela forma como Eduardo quase tropeça de tão afobado, e Mariana ri, ela já desconfia que vem notícia grande.
— Aconteceu alguma coisa? — ela pergunta, enxugando as mãos.
— Aconteceu, sim! — Eduardo anuncia, sorrindo como um menino. — Aconteceu um milagre, Dona Miriam. Um verdadeiro milagre.
— Darlene tá... tá esperando um filho, Mariana completa, surgindo atrás deles, segurando a bolsa médica e o rosto iluminado por um sorriso sincero.
Dona Miriam leva a mão à boca, emocionada. Em segundos, já abraça Darlene com força, os olhos marejados.
— Um filho... meu Deus do céu, que bênção! Eita, essa criança vai ser amada demais.
Dentro de casa, o clima muda completamente. Eduardo anda de um lado pro outro, pega o celular, depois o solta, tenta ligar para alguém, desiste. Troca o lugar das almofadas no sofá sem perceber, até Mariana rir e interromper o furacão.
— Eduardo, pelo amor de Deus. Senta. Respira.
— Mas vocês têm noção? Eu vou ser pai! — ele diz, com a mão no peito.
— Eu nem sei trocar fralda direito, só treinei com Lua. Não sei nem fazer mamadeira.
— Começa por aí então — Darlene provoca, se jogando no sofá com uma mão já protetora sobre a barriga.
— Eu vou estudar tudo! — ele continua. — Vou assistir vídeo, ler livro, seguir perfil de pediatra na internet! Mariana, tem curso de pai de primeira viagem?
— Tem sim, e você vai fazer — ela diz, sorrindo de orelha a orelha. — Mas, antes disso, a gente vai marcar a primeira ultrassonografia. Quero ver esse bebê logo.
Darlene fecha os olhos e solta um suspiro longo. Um suspiro cheio de paz. Pela primeira vez, ela se permite imaginar o futuro com nitidez.
— Eu já consigo ver... uma menininha, correndo comigo pelo curral. Falando com os bezerros, igual eu fazia pequena. Sabe o que ela vai dizer primeiro? “Mu”.
Todos riem, e Eduardo a olha como se tivesse visto o nascer do sol pela primeira vez.
— Vai ser a cara da mãe. Teimosa, brava e linda.
— Ou a cara do pai... estabanado, mas cheio de amor.
Mariana observa os dois com ternura. Sabe que a estrada será longa, com desafios e medos, mas ali, naquele momento, há algo puro demais para ser ignorado. Amor. Um amor que cresce como lavoura depois da chuva.
Mais tarde, enquanto o dia vai escurecendo e o céu do interior ganha tons rosados, Eduardo chama Darlene para um passeio. Caminham de mãos dadas entre as árvores, o som dos grilos começando a surgir, e o ar ainda morno da tarde envolvendo os corpos.
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