O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 347

O céu está pesado de nuvens cinzentas quando os dois surgem pela trilha estreita entre os pastos. O som dos pássaros é substituído pelo farfalhar das folhas secas sob os pés e pelo silêncio espesso que paira entre irmão e irmã, um silêncio que não é de ausência, mas de tudo o que ainda não foi dito. Mariana caminha um pouco à frente, os braços cruzados, como se o vento frio da tarde pudesse protegê-la menos do que aquilo que sente por dentro. Eduardo a acompanha em silêncio, os olhos atentos à expressão dela, tentando decifrar o que tanto consome a sua irmã caçula. E talvez, tentando esconder o que também o consome.

— Você tá diferente, ele solta, quebrando o silêncio com a voz firme, mas comedida.

— Diferente como? — ela pergunta sem virar o rosto, mas com um leve sorriso no canto da boca.

— Mais mulher. Mais… decidida. Só não sei se isso me assusta ou me orgulha.

Mariana para e se volta para ele. Os olhos castanhos, grandes, estão marejados, mas serenos.

— Eu queria te contar uma coisa. E queria que você me escutasse antes de reagir como você costuma reagir, tá?

Eduardo cerra os olhos, cruzando os braços.

— Lá vem.

— Não é “lá vem”, é sério. Eu… eu ainda sou virgem, Dudu.

O silêncio que se segue é brutal. Nem o vento ousa soprar por alguns segundos. Eduardo arregala os olhos, a mandíbula tensa, como se algo lhe tivesse sido arrancado à força.

— E você acha que eu não sei disso, Mariana? E por que esse papo agora?

— Porque eu vou deixar de ser, ela dispara, firme.

— Com o Miguel.

A respiração dele falha por um segundo. Ele dá um passo para trás, balança a cabeça, incrédulo.

— Mariana, não! Você enlouqueceu? Isso é coisa séria! Não é uma decisão que você toma assim, de repente, cheia de hormônio!

— Eu não tô cheia de hormônio, eu tô cheia de certeza, ela rebate, o tom firme.

— Eu amo ele. Confio nele. E o que eu sinto quando estou com o Miguel... não tem como fingir. É profundo, é certo. Eu esperei sentir isso a vida toda.

— Ele é mais novo que você! Porém viveu muito mais! Tem um passado que você nem conhece direito!

— E você acha que eu quero um velho imaturo? Ele me trata com respeito, com carinho. Não me pressiona, não me cobra. Só me olha como ninguém nunca me olhou.

Eduardo aperta os punhos, o rosto rubro, lutando entre a raiva e a impotência.

— Você é minha irmã, Mariana. Eu te vi nascer. E agora... agora você quer se entregar para um cara que conheceu ontem?

— Ontem não, Eduardo. Faz alguns dias. E mesmo que fosse ontem, eu me conheço. Sei o que sinto. E, sinceramente, você precisa parar de me tratar como se eu fosse uma menina de dez anos. Eu cresci. Você precisa aceitar.

Ele a encara em silêncio, o peito subindo e descendo com força. Depois suspira e desvia o olhar para o horizonte esmaecido.

— Eu não vou voltar para São Paulo, e pelo que posso concluir, nem você.

A frase vem como uma guinada brusca. Mariana pisca, surpresa.

— Como assim?

— Vou só resolver umas coisas lá com o Jonathan, colocar minha casa do condomínio para alugar… e volto. Vou ficar por aqui. Não vou deixar a Darlene sozinha. Não agora.

Ela sorri de leve, tocada pela decisão.

— Você tá apaixonado por ela, não é?

— Eu... tô. E agora tem um filho envolvido. Eu não vou fugir disso.

— Fico feliz por você, Dudu.

Mas o silêncio volta a pesar entre eles. Um silêncio diferente, cheio de outras palavras não ditas. Mariana o observa, percebendo que ainda há mais.

— Só que eu ainda não consegui contar pra ela sobre a Cici, ele confessa, a voz quase engasgada.

— Toda vez que eu tento... travo. Parece que se eu disser, tudo vai desmoronar. Que ela vai olhar para mim e ver só um covarde.

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