Não é a noite, nem o silêncio… é o jeito como ele olha pra ela. Como se Mariana fosse o centro de um universo que ele não sabia existir. Como se o mundo lá fora tivesse deixado de fazer sentido. Miguel não vai até a fazenda atrás disso, mas é isso que encontra, o tipo de desejo que não pede licença. Que invade.
— Cadê o Eduardo? — pergunta ele, assim que encontra Darlene e Mariana na varanda.
— Foi para São Paulo. Resolver umas coisas de última hora, responde Darlene, dando de ombros.
Miguel sorri, aquele meio sorriso malicioso que ele sabe usar tão bem.
— Então hoje não vai dar pra provocar o cunhado ciumento. Uma pena.
As três risadas se misturam no ar quente da tarde. Mariana tenta disfarçar o brilho nos olhos, mas é inútil. Há algo entre ela e Miguel. Algo que pulsa, queima, puxa. O beijo que vem em seguida é inevitável. Quente, firme, cheio de promessas não ditas.
— Por que vocês não aproveitam e vão dar uma volta? — sugere Darlene, divertida.
— Já que o dono da Mariana não tá aqui para encher o saco…
— Você tá nos liberando, então? — provoca Mariana, rindo.
— Tô é expulsando. Vai se arrumar, menina. Vai fazer esse homem babar.
E ela vai.
Banho quente, uma maquiagem leve que realça o que já é lindo. Vestido vinho, justo no lugar certo, solto nos outros. Um salto baixo, elegante. Quando Mariana surge na sala, Miguel prende a respiração. Literalmente.
— Meu Deus… — sussurra ele, sem conseguir disfarçar. — Você tá…
— Cuidado com o que vai dizer — brinca Darlene, entregando a chave da casa para a cunhada.
— Ainda quero você viva quando o Eduardo voltar.
Eles vão. Primeiro pela cidade, depois até o shopping. Riem, andam de mãos dadas, jantam num restaurante charmoso.
A entrada no cinema é quase uma fuga do mundo. Os dois chegam de mãos dadas, rindo feito adolescentes apaixonados, tentando decidir ou melhor, discordar sobre o filme. Miguel para diante da tela com os cartazes digitais e vira para Mariana com um olhar quase sério:
— Que tal aquele de ação? Explosões, carros, sangue, testosterona… tudo o que você ama. Ele sorri com ironia, sabendo exatamente que ela vai retrucar.
Mariana revira os olhos, cruzando os braços com aquele charme teatral.
— Ah claro, e depois eu fico aqui dormindo no seu ombro enquanto você baba vendo helicópteros explodirem. Não, obrigada.
— Tá, então que tal aquele de terror? Se você gritar, já tem um ombro para se esconder.
— Miguel, você que se esconde! Foi você que gritou feito uma moça naquele filme do espelho amaldiçoado.
Ele arregala os olhos, fingindo indignação.
— Jamais gritei. Foi uma reação estratégica de recuo.
— Estratégica… claro.
Mariana solta uma risada gostosa, j**a o cabelo para o lado e aponta o dedo.
— A gente vai ver essa comédia romântica e você vai gostar. E se não gostar… finge.
Miguel finge bufar, mas o sorriso denuncia que ele já perdeu. Ele compra os ingressos e, minutos depois, os dois estão afundados nas poltronas da sala escura, com um balde de pipoca no colo e os corpos quase colados.
A comédia começa leve, divertida, cheia de clichês românticos que Mariana adora e Miguel secretamente também. Mas a verdade é que nenhum dos dois está realmente prestando atenção ao enredo. Cada risada trocada, cada olhar de canto de olho, cada deslize proposital de mão é mais excitante do que qualquer cena na tela.
Miguel finge pegar pipoca, mas os dedos dele tocam os dela e descem com intenção para o pulso. Mariana segura o riso, finge que não percebe. Mas ele se inclina, os lábios colando no ouvido dela.
— Tô começando a achar que comédia romântica é minha nova paixão. — sussurra.
Ela vira o rosto, a centímetros do dele.
— Ah é? Mal começou o filme. Já quer um final feliz?
— Não. — ele murmura, colando a boca na dela.
— Quero todos os atos.
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