O silêncio grita dentro do escritório de Jonathan.
O eco da última ligação ainda vibra em seus ouvidos, como se as palavras não quisessem deixá-lo em paz. Lentamente, ele coloca o telefone no gancho. Os dedos tremem, algo que raramente permite que alguém veja.
Mas agora não há ninguém ali, apenas ele… e os fantasmas que colecionou ao longo da vida.
Ele afasta a cadeira e se levanta, caminhando até a parede de vidro que dá vista para a cidade. A paisagem, tão viva, cheia de luzes, carros, pessoas que seguem suas rotinas, parece zombar dele. Como se o mundo não estivesse, ali dentro, desmoronando.
Apoia uma das mãos contra o vidro, aperta os olhos, respira fundo.
Porrah… quem é? Que malldição é essa que parece acompanhar cada passo seu?
Jonathan se questiona.
— Por que, Deus, por que…?
Cada vez que sente que a felicidade finalmente se aproxima, que pode segurá-la, ela escapa… arranca-se com a mesma violência de quem arranca as asas de um pássaro em pleno voo.
Aira foi arrancada da sua vida de forma brutal.
Anos depois, conheceu Marta. fez besteira e a perdeu.
Reencontrou o amor da sua vida. A mulher que o ensinou a amar novamente, que o tornou um homem melhor do que era.
Ela voltou para ele, mesmo depois de ele a ter expulso da sua vida… por sua culpa. Sua única e exclusiva culpa. Ela é a sua vida, o seu oxigênio. Ela voltou.
Por muito pouco não a perdeu para sempre.
Marta está de volta à sua vida, aos seus braços. E, junto com ela, a sua princesa… o seu pequeno milagre… a sua Lua…
Tão pequena… tão frágil… tão perfeita.
Um milagre que ele nunca soube que existia.
Por um instante… só um mísero e abençoado instante… ele acreditou que estava salvo.
Que, finalmente, Deus… ou o destino… ou qualquer entidade malldita ou bendita que governa esse mundo… havia lhe dado a chance de ser feliz.
De ter a sua família.
De ser pai.
De amar… de ser amado.
Mas a vida…
A vida nunca lhe deu nada de graça.
Ele olha para a cidade, mas não vê nada. Seus olhos estão ali, fixos, mas sua mente… sua mente está no momento exato em que sentiu seu mundo ruir.
O berro de dor.
O vazio no peito.
O grito da mulher que ele ama.
O som sufocado do seu próprio desespero.
Arrancaram o seu filho…
Seu filho.
Sem dó. Sem misericórdia. Sem sequer lhe permitir segurá-lo.
E… por Deus…
A cena parecia uma malldita reprise do passado.
Porque… não foi a primeira vez que arrancaram um pedaço dele.
Não.
Seu primeiro filho…
Aquele que sequer teve o direito de nascer.
Aquele que se foi antes de existir fora do ventre, antes de ouvir a sua voz, antes de segurar o seu dedo com aqueles dedinhos minúsculos… que ele nunca viu…
Mas que, por algum motivo, ele consegue imaginar até hoje.
Por anos, ele vestiu sua armadura fingindo que nada o tocava. Fingindo que era imune à dor, ao amor, à perda.
Se tornou pedra. Frio, racional, sem coração.
Um homem que não sentia. Que não se importava. Que não precisava de ninguém.
Mentira.
Porrah… que mentira bem contada.
A verdade?
É que, no dia em que perdeu aquela mulher e aquele filho…
O dia em que sentiu aquele vazio o rasgando…
Ele morreu também. E tudo que sobrou foi esse cadáver ambulante e muito bem vestido, bem sucedido, rico…
Mas morto por dentro.
Até Marta surgir… e trazer luz à sua vida de trevas.
Mas a vida… essa tremenda filha da putta… parece querer repetir o ciclo.
E arrancaram novamente o seu filho.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino