A água quente escorre pelos ombros de Jonathan, mas não consegue apagar as cicatrizes invisíveis que carrega. Seus olhos se fecham e, por um segundo, ele deixa o mundo lá fora desaparecer. Respira fundo, como se sugasse coragem do próprio vapor. Lá fora, Marta prepara o jantar e Lua, a filha bebê que mudou tudo, ressona no bercinho. Mas dentro do peito dele arde outra chama: a do filho perdido. Jeff.
Ele está vivo? Está morto? Foi vendido? Está sofrendo? Está sorrindo? Ou… sequer existe?
Jonathan sai do banho com a respiração pesada, veste-se rapidamente e caminha até a cozinha. Marta o observa com atenção — há algo diferente em seu olhar. Menos frieza, mais presença.
— Marta — diz ele, com firmeza e ternura. — Agora sou seu. Daqui pra frente, inteiro. Não só em corpo, mas em alma. E pai… pai da Lua, sim. Mas também do Jeff. Eu vou trazê-lo de volta. Mesmo que tenha que cavar o inferno com as próprias mãos.
Ela se emociona, mas tenta se manter firme. Aquelas palavras não são vazias. Pela primeira vez, Jonathan fala com o coração nu, sem os escudos da liderança, sem o peso da empresa, apenas como um homem… quebrado, mas decidido.
— Você acha que ainda há tempo? — ela sussurra, com medo da resposta.
— Não importa o tempo. Se ele estiver em qualquer canto desse mundo, eu vou encontrar. E se ele já tiver partido... — ele respira fundo — então que me mostrem onde ele está. Porque meu filho não será mais invisível.
Eles se aproximam, e Jonathan a segura com força, como quem se ancora no que ainda é real. Marta, entre lágrimas, se agarra à camisa dele, sentindo que, enfim, não está mais sozinha nessa dor.
— Promete que a gente vai até o fim? — ela pergunta, com os olhos marejados.
— Prometo. Por você. Por mim. Por Lua. E por Jeff.
Com Lua no colo, os dois caminham até a varanda. Sob o céu estrelado, fazem um juramento silencioso. A menina sorri entre os braços dos pais, sem saber do peso que carrega em seu nome. Jonathan encosta a testa na de Marta, e juntos sussurram:
— Nós vamos trazer o seu irmão de volta.
A noite avança silenciosa, mas dentro da casa o tempo parece parar. Marta e Jonathan permanecem abraçados por longos minutos, embalando Lua entre eles, como se aquele instante fosse tudo o que importasse no mundo. A pequena dorme tranquila, com os lábios entreabertos e as bochechas rosadas, alheia à dor e aos juramentos dos pais.
Jonathan a observa com ternura e sussurra:
— Ela é o nosso milagre.
— E vai crescer sabendo que o irmão dela não foi esquecido. — Marta completa, com firmeza nos olhos. — A gente vai lutar por ele, Jon. Juntos.
— Juntos. — ele confirma, tocando suavemente o rosto dela. — Nada mais vai nos afastar.
Um silêncio confortável se instala. Os olhos de Marta marejam, mas é diferente de outras vezes. Não é dor, é esperança. Pela primeira vez em muito tempo, ela sente que não está mais lutando sozinha.
— Vamos jantar? — ela pergunta, com um sorriso cansado, mas sincero.
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