O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 363

Lizandra oferece um copo d’água e um silêncio respeitoso enquanto Marta respira fundo, sentada na poltrona do quarto dos gêmeos. O ambiente é tranquilo, embalado pelo som suave da babá eletrônica que monitora Lua no berço ao lado. Lá fora, a manhã já clareou, mas dentro daquele cômodo, tudo parece suspenso no tempo.

Do outro lado da mansão, no escritório, Don David e Jonathan estão atentos, ouvindo tudo através da escuta escondida no celular de Lizandra, que repousa discretamente sobre o braço do sofá. Nenhum dos dois respira fundo, atentos demais para interromper o fluxo da verdade que finalmente começa a ser revelada.

Lizandra se senta de frente para Marta e segura levemente sua mão, um gesto silencioso de apoio. Marta, ainda com os olhos baixos, fala com a voz firme, mas embargada.

— Foi naquele dia… o dia que tudo começou a ruir de verdade.

Ela fecha os olhos por um instante, como quem volta a um lugar escondido e difícil.

— Eu me lembro exatamente do que vesti naquela manhã. Uma jardineira jeans confortável, camisa branca, coque malfeito, minhas botas… a barriga já estava enorme. Eu sentia os dois se mexendo tanto que parecia que queriam sair pulando sozinhos. Estava cansada, claro. Inchada. Mas... feliz. A fazenda estava funcionando bem, e eu só queria resolver aquela burocracia na prefeitura antes do parto.

Ela respira mais fundo, como se precisasse criar fôlego para continuar.

— Passei na agropecuária, como sempre, peguei os insumos da semana. Depois fui tentar entregar os documentos na prefeitura... mas o trânsito estava insuportável. Não achei vaga perto. Estacionei mais longe, perto da praça. Lembro de cada passo até lá. Estava tudo calmo, apesar da cidade meio... destruída ainda, depois da chuva.

Marta aperta levemente os dedos de Lizandra, que não a interrompe. Jonathan, no escritório, cerra os punhos. Don David apenas observa, calado, como quem sente o peso do que virá.

— E então... eu vi Cassandra. Como se o passado tivesse saltado na minha frente. Ela apareceu ali, impecável, falsa como sempre, e com aquele veneno escorrendo pelos cantos da boca. Ela me olhou, olhou para minha barriga... e soube da minha gravidez…

Lizandra balança levemente a cabeça, os olhos arregalados. Mas é Marta quem continua, sem dar espaço para interrupções:

— Ninguém tinha dito. Eu nem havia anunciado. Mas ela ficou sabendo ali. E sorriu. Não com alegria. Com gosto. Como se aquilo fosse uma arma nas mãos dela.

Ela engole em seco.

— Cassandra deixou claro que aquilo era um jogo. Que eu estava no tabuleiro sem saber as regras. Que tudo podia mudar. Me ameaçou sem ameaçar. E depois... simplesmente foi embora.

Marta olha para o berço, onde Lua dorme em paz, e uma lágrima escorre silenciosa.

— Eu fiquei ali, parada. Tentando respirar. Queria correr, ligar pra alguém... mas me controlei. Voltei andando pra caminhonete, um passo de cada vez. E foi aí... foi aí que tudo aconteceu.

Jonathan encosta-se mais na poltrona do escritório. Sente que o momento crucial se aproxima. Don David o observa de lado, sem dizer uma palavra.

— Ouvi os pneus. Aqueles segundos em que tudo desacelera e o instinto grita. Eu nem consegui virar o corpo por completo. Só pensei nos bebês. Só consegui pedir... “por favor, Lua e Jeff…”

A voz falha. Marta fecha os olhos e leva a mão ao peito. Lizandra permanece firme, segurando sua mão com mais força agora.

— Não vi mais nada. Só ouvi gritos. E depois... nada.

O silêncio que paira no quarto é pesado, denso, mas não é vazio. É um silêncio cheio de lembranças, de dor... e agora, de revelações.

Marta respira fundo e se recosta um pouco. Seu rosto está cansado, mas decidido.

— Foi ali que tudo se partiu, Liz. Foi ali que... que começaram a me roubar.

Lizandra se inclina para frente, tocando com carinho o ombro da amiga.

— Marta... a gente vai descobrir tudo. Eles vão saber. Já sabem. E agora, vão agir.

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