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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 364

O ar dentro do escritório principal da mansão Schneider está pesado como chumbo. As paredes pareciam absorver o que acabara de ser dito, como se a própria estrutura da casa compreendesse que ali, naquele instante, algo maior estava sendo selado. As sombras da tarde invadiam o ambiente pelas janelas semicerradas, desenhando linhas cortantes de luz sobre os rostos tensos dos dois homens no centro da sala.

Don David Lambertini e Jonathan Schneider estão frente a frente. Dois líderes acostumados a mandar, a impor, a decidir. Mas, naquele momento, o que os une é mais forte do que o ego, é o instinto de proteger as suas mulheres. Suas famílias.

— Aqui, respeito não é um favor, diz David, com a calma de quem sabe que não precisa levantar a voz para ser temido. Sua voz é grave, firme, irredutível.

— É uma regra.

Ele pausa, deixando que o peso de cada sílaba afunde entre os móveis pesados e os seguranças em silêncio absoluto.

— E a Lizandra... ninguém ousa cruzar essa linha. Não por medo. Por respeito. Porque, quando se trata dela... eu não sou racional.

Jonathan, que conhece bem o próprio impulso explosivo, solta um leve sorriso, quase cúmplice. É um gesto pequeno, mas carrega uma compreensão silenciosa, quase tribal.

— Você é ainda mais louco do que eu. E olha que eu achava que tinha batido o limite da possessividade.

David arqueia uma sobrancelha, como quem aceita a provocação. Mas não responde. Não precisa. A verdade está nos olhos e nos homens que ambos já foram forçados a derrubar para proteger quem amam.

O silêncio que segue é espesso. Não desconfortável, mas cheio de códigos não ditos. Até que David desfaz os braços cruzados e muda o tom, mais denso, quase sombrio.

— Agora... preciso ver a Marta, diz.

— Preciso entender o quanto ela pode suportar. O quanto da dor ela consegue carregar antes de desmoronar. E, principalmente, o quanto dessa dor ela consegue olhar nos meus olhos e sustentar.

Ele faz uma pausa breve. Os olhos, até então frios, se suavizam por um instante.

— Ela sofreu demais. Você não precisa me dizer. Eu senti. Quando estava naquele quarto com a minha mulher, eu ouvi os silêncios da Marta. Eu senti... ela grita por dentro. Mesmo quando tenta parecer inteira.

Jonathan se endireita, protetor, atento.

— E o que pretende fazer? Pergunta, com cautela.

David segura o olhar.

— Vou ser suave. Ou tentar ser. Não quero assustá-la. Eu sei lidar com monstros. Mas não com mães feridas. E ela… ela é as duas coisas ao mesmo tempo.

Jonathan avalia por um momento. Depois, assente com um leve gesto. Não porque confia completamente. Mas porque sabe que, naquele momento, David é a única chance real que têm de encontrar o filho que lhes foi roubado.

Ele sai em silêncio, e minutos depois a porta se abre.

Marta entra.

Nos braços, carrega Lua, que dorme com a inocência de quem ainda desconhece o peso do mundo. O ar da sala muda. Todos os músculos de Jonathan se retesam num reflexo involuntário, protetor. O olhar dele permanece fixo em David, pronto para intervir se necessário.

Mas Lizandra se adianta, suave como uma brisa antes da tempestade.

— Ela é perfeita, diz, com um sorriso doce nos lábios e um brilho de ternura nos olhos.

— Tem os seus olhos, Marta.

Marta não recua. Apenas sorri.

Ela segura a filha com mais firmeza e mantém o olhar cravado em David. O predador. Ela reconhece um quando vê. E David não disfarça o que é. Mas, naquele momento, há algo mais em seu semblante, uma dor antiga, talvez, ou um respeito silencioso.

Ele não sorri. Apenas fala, com a mesma voz que tantas vezes já selou destinos.

— Viemos buscar o seu filho.

— E, quando começarmos... não há mais retorno.

Jonathan respira fundo, como quem mergulha.

— Ravi nos contou... vocês operam fora do sistema. É disso que precisamos.

David faz um gesto discreto com a cabeça, reconhecendo.

— Derick me contou sobre o bebê. Jeff. Um caso absurdamente bem costurado, um crime cheio de camadas. O tipo de coisa que o sistema não tem estrutura ou coragem para tocar.

Ele fecha brevemente os olhos, como se enxergasse o rastro do que foi escondido.

— E onde o Estado falha... nós entramos.

Jonathan troca um olhar com Marta. Ela está pálida, mas seus olhos ardem. Está em guerra. E ainda assim... firme.

David continua.

— Ravi nos deu o panorama. Vocês buscaram todas as vias legais. Hospital. Registros. Nada.

Ele sorri de canto, um sorriso sem alma.

— Nós não usamos o que é possível. Usamos o impossível, tudo que está fora do radar.

Marta estreita os olhos.

...então me diga quem é. Porque, se eu puder, eu mesma... vou matar essa pessoa com as minhas mãos.

Derick desvia o olhar, visivelmente impactado.

David a encara por longos segundos. E então, o impensável acontece, ele faz um leve gesto com a cabeça, um sinal de respeito silencioso.

— Você entendeu o jogo.

Ele tira o celular do bolso e digita algo. Quando levanta os olhos, é novamente o Don, frio e calculista.

— Derick, envie uma mensagem ao grupo. O Don aceitou a missão.

— Mas... você é o Don, diz Derick, surpreso.

David apenas o encara. Não precisa repetir.

— Entendido.

Enquanto Derick envia a mensagem, o silêncio se instala novamente.

Mas já não é o mesmo silêncio de antes.

Agora é o prenúncio de guerra.

E, no meio dele, um eco invisível ressoa por toda a casa.

Até onde Marta e Jonathan conseguirão suportar o que está por vir?

Quanto tempo levará até que a pressão comece a destruir tudo ao redor deles?

Será que a dor vai uni-los mais ainda... ou finalmente separá-los para sempre?

E o que realmente David Lambertini viu em Marta?

Porque uma vez que a máfia entra...

Nada mais volta a ser como antes.

E, de agora em diante, ninguém mais dormirá em paz.

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