A luz suave da manhã invade o quarto, atravessando as cortinas com delicadeza, trazendo promessas não cumpridas. Marta já está desperta, sentindo o peso da noite anterior em seu corpo. Há uma mistura de dor e prazer marcando a sua pele, um lembrete do que aconteceu entre ela e Jonathan. Mas o amanhecer trouxe consigo um silêncio cortante, que fere mais do que qualquer palavra dita.
Jonathan a possuiu com intensidade, e ela se entregou sem reservas. Agora, deitada sozinha na cama, percorre os dedos pelos lençóis ainda bagunçados, sentindo o cheiro dele misturado ao seu. Um sorriso discreto curva seus lábios antes que um pensamento incômodo a atinja: como ele reagirá hoje?
Respirando fundo, Marta se levanta, encara seu reflexo no espelho e se permite um momento para reviver cada toque, cada gemido sussurrado na escuridão. O calor que se espalha por seu corpo é inevitável. Mas ela não pode se perder em devaneios agora.
Ela se levanta devagar, sentindo a sensibilidade em cada movimento. O reflexo no espelho mostra uma mulher diferente, com olhos brilhantes por uma emoção que não sabe nomear. Percorre os dedos pelos lençóis bagunçados, absorvendo o cheiro dele misturado ao seu. Seu coração acelera ao lembrar da forma como ele a tomou, do toque cuidadoso, das palavras roucas sussurradas em seu ouvido.
Descendo para a cozinha, Marta prepara o café da manhã com gestos cuidadosos, colocando na mesa a tapioca que Jonathan adora, frutas cortadas com precisão e o café forte que ele sempre toma. Cada detalhe é um esforço para traduzir o que sente, para mostrar sem precisar dizer. Mas o silêncio dele já pesa, mesmo antes de ele aparecer.
A mesa perfeitamente arrumada parece agora um altar para um Deus que ainda não veio.
Jonathan desce as escadas, impecável em um terno azul-marinho, os cabelos ainda úmidos do banho recente, seu perfume preenchendo o espaço. Seus olhos, que na noite anterior transbordavam desejo e intensidade, agora são frios, como se a noite passada nunca tivesse acontecido. Marta sente um nó apertar sua garganta.
Seu olhar é indecifrável quando encontra o dela. Há um momento de hesitação, um silêncio pesado que paira entre eles. Marta espera algo, uma palavra, um toque, qualquer coisa que indique que a noite passada significou tanto para ele quanto significou para ela.
— Bom dia — ele diz, a voz neutra, distante, enquanto senta-se à mesa.
Ela engole seco.
— Fiz a sua tapioca. E cortei frutas. — responde, odiando como sua voz sai pequena, quase suplicante.
Jonathan apenas assente e se senta, começando a comer sem um único comentário. O silêncio entre eles cresce, pesado e sufocante. Marta sente um aperto no peito, um soco de mágoa. Como ele pode estar tão distante depois do que compartilharam? Depois do que ele fez com ela? Depois do que ela deu a ele?
Ela sai abruptamente, caminhando até a pia, apoiando as mãos no mármore frio. Seus olhos ardem, mas ela se recusa a derramar uma lágrima. Jonathan continua comendo, mas sente o peso do silêncio dela como um soco no estômago. Ele deveria dizer algo, mas as palavras ficam presas em sua garganta.
— Você está... bem? — Ele pergunta, a voz mais baixa, carregada de algo que ele mesmo não sabe nomear.
Marta respira fundo antes de se virar.
— Estou ótima — responde com um sorriso falso, os olhos brilhando com uma emoção contida.
Jonathan aperta a mandíbula. Ele vê a mágoa nela, sente cada palavra não dita pairando no ar. Mas como ele pode explicar? Como dizer que a noite anterior foi a mais intensa de sua vida? Que nunca foi o primeiro de uma mulher e que isso o deixou fascinado? Como dizer que, por mais que Aira tenha sido o amor de sua vida, ele nunca experimentou algo tão visceral como o que viveu com Marta?
— Que bom. — Ele murmura, desviando o olhar.
O coração dela aperta ainda mais. Ela ri, mas o som sai sem humor.
— Você é inacreditável, Jonathan!
— Sua voz está trêmula, mas cheia de algo que ele não esperava: Decepção.
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