O barulho da chave girando na porta não deveria parecer estranho. Mas naquela manhã ensolarada, o som metálico ressoa como um alerta no peito de Vivian, que ainda veste o avental sujo de farinha, tentando terminar os cupcakes de teste para a festa de um ano de Vítor. A porta da frente se abre, e lá está ele, Alan Moretti, camisa dobrada até os cotovelos, sorriso preguiçoso nos lábios e uma sacola de pães quentinhos nas mãos.
— Adivinha quem terminou de atender mais cedo só pra passar a tarde inteira com a mulher mais linda do mundo e o bebê mais fofo da galáxia?
Vivian pisca, surpresa.
— Você? Pergunta com um meio sorriso.
— Não. Um tal de doutor Alan Moretti. Parece que ele está completamente apaixonado e resolveu fugir dos plantões da tarde.
Ela deixa a espátula de lado, rindo, e caminha até ele. O beijo que se segue tem gosto de saudade e cumplicidade. Vítor, de pé no cercadinho, balbucia algo fofo, agitando os braços como se também comemorasse a chegada do pai.
Alan corre até o filho, pega-o no colo e o gira no ar, arrancando gargalhadas cristalinas.
— Ei, campeão! Olha o que o papai trouxe! Tira um pequeno brinquedo de pelúcia da sacola e entrega ao menino, que o abraça como se fosse um prêmio.
Vivian os observa com olhos brilhando. Aquela cena parecia simples demais para ser real. Mas era. Era deles.
— Eu devia pedir pra você largar a medicina e viver só de nos amar, ela comenta, meio rindo, meio falando sério.
— Já pensei nisso. Mas alguém precisa pagar os cupcakes personalizados com topper do Baby Shark.
— Ah, não começa a reclamar do Baby Shark… Vítor AMA.
— Eu sei. E por isso mesmo mereço uma estátua por aguentar essa música.
Eles riem. Alan beija a testa do filho e o devolve ao cercadinho.
— E então, como vão os preparativos da tão esperada festa de um ano?
Vivian solta um suspiro animado e já corre pegar um caderno todo decorado com adesivos infantis. As páginas estão repletas de ideias, colagens e esboços.
— Eu pensei em fazer no jardim da casa da minha mãe. Tem espaço, sombra e grama para ele brincar. Quero uma decoração azul e amarela, balões orgânicos, uma mesa com lembrancinhas e...
— Lembrancinhas?
— Sim! Sachês de lavanda com a inicial dele bordada. E cupcakes, claro.
Alan se aproxima, toma o caderno das mãos dela e o fecha com delicadeza. Olha em seus olhos e fala baixinho:
— A única coisa que eu quero ver nessa festa é você sorrindo. O resto, a gente faz junto. Sem estresse, sem exagero. Só a gente. E quem ama a gente.
Vivian suspira, emocionada.
— É por isso que eu te amo.
— Então me ama de novo. Agora. — Ele a puxa pela cintura, encostando os lábios na testa na dela.
— Me dá trinta segundos pra tirar esse avental sujo e ver se consigo ser sexy com cheiro de baunilha.
— Pra mim você tá sexy até com glacê no nariz.
Ela beija o canto da boca dele, com doçura.
— E você tá cada dia mais impossível, doutor Moretti.
O resto da tarde é uma sequência de momentos que parecem cenas de um filme feliz. Eles brincam no tapete com Vítor, assistem desenhos antigos, fazem uma pipoca exagerada que acaba mais no chão do que nas bocas.
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