É sempre assim, quando tudo parece ter chegado ao auge da diversão, uma vitrine se transforma em armadilha. E não qualquer vitrine… mas uma de rendas, sedas e promessas indecentes.
— Ai, vamos entrar. Rapidinho, anuncia Cátia com um brilho maroto nos olhos, cravando os saltos como se estivesse prestes a liderar um ataque coordenado.
O grupo para. Olha a vitrine. Olha umas para as outras. E então... é como se um código secreto tivesse sido ativado. Em segundos, Marta, Islanne, Lizandra, Jessica e Isadora se unem a Cátia numa formação que qualquer tática militar invejaria.
— Isso não vai acabar bem, murmura Lizandra, já abrindo um sorrisinho de puro deboche.
— Ou vai acabar MUITO bem, retruca Islanne, piscando.
E quando a porta se abre, o caos está oficialmente instaurado.
A atendente mal vê o grupo e já prepara o melhor sorriso de comissão. Leva-as para uma sala reservada nos fundos.
—Temos produtos exclusivos aqui, senhoras... nem tudo é tão visível na vitrine.
E então, a revelação.
Sex shop.
O alvoroço é instantâneo. Marta solta um gritinho ríspido. Lizandra arregala os olhos e já pega uma caixinha com um sugador de clitóris.
—O que é isso? Pergunta Cátia, corando.
— Isso aqui muda uma vida, responde Lizandra.
Islanne gargalha. Jéssica e Isadora não sabem se saem ou riem. Ficam.
Óleos de massagem, brinquedos com controle remoto, lubrificantes aromáticos, lingeries com detalhes impossíveis.
— Marta, tem isolamento acústico no quarto? Pergunta Lizandra.
—Todos os quartos, querida. Você está liberada.
— Por que só agora você fala isso?! Ela finge indignada.
Mais risos.
As sacolas aumentam. As funcionárias da loja estão até tremendo com o total da comissão.
— Vai dar tempo da gente esconder isso tudo antes dos homens verem? Brinca Isadora.
— Claro que não. Mas o choque é parte da diversão, eles sem saber onde enfiar a cara e tentando esconder as nossas comprinhas.
E com a promessa de mais alvoroços, elas seguem de volta para casa, sacolas em mãos, sorrisos nos rostos, e o som das gargalhadas ecoando pelos corredores do shopping.
As rodas deslizam pelo asfalto como cúmplices silenciosas de uma travessura bem-sucedida. Dentro da van luxuosa, o ar é puro escândalo. Roupas de grife, sacolas reluzentes, caixas pequenas e misteriosas… e um riso que não cessa. Cada gargalhada é um desafio ao patriarcado, cada troca de olhares é uma conspiração entre rainhas. A missão está cumprida. E o caos está prestes a começar.
— Gente, vocês têm noção da cara do David quando vir os “mimos” da Lizandra? Solta Islanne, limpando uma lágrima de tanto rir.
— Eu só quero estar presente quando ele ver a fatura do cartão de crédito, provoca Cátia, abanando-se com um panfleto da loja de maquiagem. — Vai espumar pelos olhos.
— O Jonathan vai surtar quando vir o que comprei para o quarto! Anuncia Marta, com um brilho travesso no olhar. — Um conjuntinho de renda vermelha que... bom... deixa para quando ele abrir a gaveta.
Islanne, que agora ri como uma adolescente em excursão, ergue uma das sacolas discretas do sex shop.
— Se o Ravi descobrir que eu comprei um “sugador”, ele nunca mais olha para um canudinho de milk shake da mesma forma.
Todas explodem em gargalhadas novamente.
— Ai, gente... Lizandra suspira, fingindo indignação. — Marta, você me escondeu que os quartos têm isolamento acústico! Isso é informação de segurança nacional!
— Pensei que fosse óbvio, responde Marta, com o queixo erguido. — A mansão pode ter um passado sombrio... mas o futuro é luxúria e risadinhas abafadas!
— O Don vai ter um AVC! — Isadora comenta, cruzando os braços, sorrindo. — E se não for pelo cartão, vai ser quando vir esse vestido preto que a Lizandra comprou. Sério. Ele vai surtar. Ele já surta por muito menos.
— Que bom que o David tem poder, não é? Porque ele vai precisar de um respirador e um advogado quando vir tudo isso, conclui Islanne, com teatralidade.
Marta pisca para Jonathan. Jessica e Isadora seguram o riso. E então, antes que qualquer palavra seja dita, uma pequena voz rouba completamente a cena.
— Mamama!
Lua aparece engatinhando pelos corredores de grama, cambaleante nos passinhos ainda incertos, os bracinhos erguidos em direção à Marta. A menininha tropeça, se endireita e continua, determinada, até se jogar nos braços da mãe.
— Mamamaaa!
Marta agacha-se no mesmo instante, o olhar marejando de emoção. Esquece as sacolas. Esquece os brinquedinhos, os saltos novos e até o escorregador de cartão que causaria tremores em qualquer gerente de banco. Ali, tudo o que importa está nos bracinhos de Lua, se enroscando em seu pescoço como um milagre.
— Minha menina... murmura Marta, apertando a filha contra o peito.
— Você estava com saudade da mamãe?
— Mamama... — repete Lua, encostando o rostinho no ombro da mãe.
O ar muda.
David engole seco. Jonathan suspira, os ombros relaxam. Até Derick e Ravi baixam os olhos, tocados pela ternura inesperada. As palavras secam nas bocas dos homens. A cena desconcerta até o Don, que ainda tinha um discurso ensaiado sobre responsabilidade, limites e cartões estourados.
Mas... como brigar, depois disso?
As mulheres se reagrupam atrás de Marta, sorridentes, seguras de que venceram mais uma guerra. Lizandra dá um tapinha leve no ombro de David.
— Sobrevivemos, diz, com um sorriso inocente.
— Por pouco, ele resmunga.
— E se você for um bom menino... talvez eu te mostre o que tem dentro da sacola vermelha, sussurra Lizandra ao pé do ouvido dele, piscando antes de se afastar.
David, atônito, pisca várias vezes, os olhos azuis faiscando mais do que nunca. O Don, o temido, o inflexível... completamente rendido, obediente...

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