A chave gira na fechadura com mais força que o necessário. O barulho metálico ecoa pelo silêncio da casa. Alan Moretti empurra a porta, tropeçando no próprio pé, e entra cambaleando. O cheiro de uísque invade o ambiente antes mesmo que ele fale.
Vivian, sentada no sofá com um livro aberto nas mãos, ergue o olhar e arregala os olhos.
— Alan…? Sua voz treme.
— Você está bêbado?
Ele sorri de lado, um sorriso torto e perigoso.
— Estou… balbucia, largando a pasta de couro no chão.
— E sabe de uma coisa, Vivian? Fazia tempo que eu não ficava assim. Mas hoje… hoje precisava.
Vivian fecha o livro devagar, tentando manter a calma.
— Precisa se controlar… diz, levantando-se.
— Eu conheço esse olhar, e eu não quero que volte a ser o homem que era.
— O homem que era… Alan ri baixo, mas há amargura no som.
— E se eu nunca tivesse mudado, Vivian? E se você estivesse casada com o mesmo monstro desde o início?
— Não fale assim… Ela recua um passo, percebendo que ele não está apenas alterado. Está prestes a explodir.
— Você está me assustando.
— Assustando? Ele dá um passo à frente, os olhos vermelhos e vidrados.
— Quer saber o que realmente deveria te assustar? A verdade.
Vivian franze a testa.
— Que verdade?
Alan inspira fundo, como se a revelação fosse um soco que ele próprio precisa se preparar para dar.
— O Vítor… começa, e o tom muda para algo frio.
— Ele não é Vítor.
— Como assim, Alan?
— O nome dele é Jeff. Jeff Maia Schneider.
Vivian sente um arrepio percorrer a sua espinha.
— Do que você está falando, Alan?
— Estou falando que o seu filho… o nosso filho… é o filho do Jonathan Schneider.
Ele ri, um riso carregado de deboche e rancor.
— Eu peguei ele na maternidade de Matão. Arranquei aquele bebê dos braços da vida que ele teria e coloquei nos seus braços e você aceitou, nunca me perguntou de onde ele veio.
Vivian leva as mãos à boca, o horror estampado no rosto.
— Você… você está mentindo.
— Não estou.
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