O mundo de Vivian desmorona antes mesmo do sol alcançar plenamente o céu. Ela acorda com uma angústia sufocante presa no peito, o ar rarefeito como se o destino estivesse apertando as suas costelas. Ao lado, o pequeno Vitor dorme tranquilo, os cílios longos descansando sobre a pele macia, alheio à tormenta que cresce dentro da mulher que o chama de filho.
Ela se levanta em silêncio, como se qualquer barulho pudesse acordar o destino. O notebook repousa sobre a mesinha, e ela o abre com as mãos trêmulas. O brilho da tela ilumina seu rosto abatido enquanto ela digita algo que nunca teve coragem de buscar, Jonathan Schneider + filho roubado.
O que aparece diante de seus olhos é como uma lâmina atravessando a sua alma.
— Meu Deus… sussurra, os lábios secos, o coração disparado.
A notícia é antiga, mas clara, o empresário Jonathan Schneider e esposa vivem luto silencioso há quase um ano pela perda de um dos filhos gêmeos, roubado da maternidade de Matão.
O sangue abandona o rosto de Vivian.
A data do nascimento do filho desaparecido é um dia antes daquele em que Alan a surpreendeu com um bebê nos braços. Um dia. Ela nunca questionou. Nunca desconfiou. Estava tão cega de amor pelo bebe e por Alan que acreditou na história de adoção facilitada, nos papéis assinados em algum cartório desconhecido.
Ela se levanta da cadeira como se algo a puxasse de dentro. Vai até a cama e se ajoelha diante do pequeno Vitor. Cheira o pescoço dele, o cabelo, e chora baixinho, como quem confessa uma culpa silenciosa.
— Meu amor… meu pequeno… o que o papai fez com você?
Ela se vê rasgada por dentro, em pedaços. Alan a enganou. Usou seu amor, sua confiança, seu desejo de ser mãe.
Vivian corre para o banheiro e se j**a no chuveiro. A água escorre pelo corpo, mas não leva a dor. O peito dela parece prestes a explodir.
Ao sair, envolta apenas por uma toalha, ela vê Vitor se remexendo, soltando resmungos infantis. O som a atinge como uma martelada. Por um instante, imagina Alan, o Alan que sorria, que pegava o bebê no colo, que dizia que aquilo era a realização da vida dele.
Mas ela não pode compactuar com aquela monstruosidade.
— Não… não posso, murmura.
Decidida, ela ignora o celular descarregado e não tenta procurá-lo. Não vai carregar. Não vai atender ninguém até fazer o que precisa fazer.
Vivian volta ao notebook e continua pesquisando. Encontra fotos de Jonathan Schneider, da esposa Marta… e da filha deles, Lua. Uma família marcada pela tragédia, mas unida, sobrevivendo como pode.
Mas o que destrói Vivian por completo é a foto de Jonathan segurando a filha ao lado da esposa. A imagem é borrada de tempo, mas clara o suficiente para que ela veja o rosto de uma bebê… parecida com Vítor
Seu corpo inteiro estremece.
— Não… sussurra.
— Não pode ser…
Mas é.
Ela sabe.
Ela sente.
O coração dilacerado reconhece a verdade.
Vivian seca as lágrimas, veste o filho com cuidado, dá uma mamadeira, brinca com ele por alguns minutos. É uma cena doce, íntima, dolorosamente bonita. Os dois deitados na cama do motel, entre risadas infantis e carinhos silenciosos.
Mas ela não pode adiar mais.
Com um beijo demorado na testa dele, Vivian o coloca na cadeirinha do carro, arruma suas coisas e dirige. A estrada diante dela é longa, mas pela primeira vez desde que fugiu, ela sabe exatamente aonde vai.
O destino está gravado na sua mente.
Enquanto isso, na mansão, o ambiente está tenso. Derick e Ravi retornaram horas antes com David, frustrados. A caçada havia esfriado, e Vivian desaparecera do radar como um fantasma.
Mas então, os sensores da entrada disparam. Um carro se aproxima lentamente do portão principal.
— Movimento na entrada, alerta Isadora.
— Não temos visita marcada, Jessica se levanta.
Nos monitores, aparece o rosto de Vivian. Cansada, abatida, os olhos vermelhos. No banco de trás, uma criança.
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