Jonathan aperta levemente a filha nos braços. Lua resmunga coçando os olhos, alheia à implosão emocional que se espalha pelo jardim da mansão. Ele a entrega a Lizandra com delicadeza, os olhos encontrando os dela por um segundo, intensos, silenciosos, como se compartilhassem uma dor que palavras não alcançam.
Lizandra segura a pequena Lua com todo o cuidado do mundo, sentindo o peso daquela criança e da tensão pairando no ar. Ela abaixa o olhar, respeitando o silêncio de Jonathan.
David observa tudo com os olhos apertados, os maxilares travados. Não diz nada. Ele quer explodir, quer interrogar, quer saber cada detalhe. Mas algo na cena, no olhar de Vivian, na postura de Jonathan, o faz engolir a própria ira. Por ora.
Jonathan dá um passo à frente. Firme. Calmo. A dor moldando a sua postura com uma elegância pesada.
— Vivian, diz, a voz baixa, carregada de sentimentos contidos.
— Entre. Aqui, você é bem vinda. Independente dessa criança ser ou não nosso filho, você fez o que muitos não fariam. Trouxe a verdade.
Vivian está com os olhos vermelhos, a boca trêmula. Olha para ele com gratidão e medo. Medo do que vem a seguir. Medo de perder tudo. Ela se vira, olhando o carro.
— Eu… preciso tirar o carro do seu portão.
— Não. Jonathan coloca uma mão firme no ombro dela.
— Você não está bem para dirigir.
Ele estende a mão.
— Me dá a chave.
Vivian hesita, mas entrega. Jonathan chama com um gesto rápido:
— Isadora, por favor, estacione o carro dela. Cuida das coisas com calma.
Isadora, sempre eficiente, obedece em silêncio.
O pequeno resmunga, esfrega os olhos, e então... o toca.
Jonathan o segura nos braços com uma delicadeza rara. O coração dele aperta. O cheiro do bebê, o calor do corpinho. Ele fecha os olhos por um breve instante. Algo nele reconhece.
O instinto.
A alma.
A carne.
É o filho dele.
Mas ele não diz nada.
— Vamos entrar.
Com uma mão conduzindo Vivian, e a outra protegendo o bebê contra o peito, Jonathan os conduz até a sala da mansão. Marta caminha ao lado, muda, como quem flutua num limbo entre o sonho e o pesadelo.
Quando entram, o silêncio se torna reverente.
Na sala, Lua já está sentada no tapete, brincando com um urso de pelúcia. Marta se aproxima e abaixa-se devagar, como se o chão fosse ceder sob os seus pés. Jonathan se ajoelha ao lado da esposa, ainda segurando Vitor ou Jeff.
O bebê olha para Lua.
Lua olha para ele.
E então… um som.
Doce.
Risonho.
Balbuciam um para o outro. Gritinhos leves. Risadinhas. Estendem as mãozinhas, se tocam, se cheiram. Lua dá um gritinho alegre, e Jeff a imita.
Marta desaba.
— Meu Deus… sussurra, antes de tombar para frente, as mãos no rosto, as lágrimas escorrendo soltas.
Vivian começa a tremer. Os joelhos falham.
Lizandra corre, segura a mulher antes que ela caia. A ampara com um braço forte e gentil.
— Calma. Respira, Vivian. Você fez o certo.
Ela guia Vivian até o sofá, oferece um copo d’água. Depois, faz o mesmo por Marta, que tenta controlar o pranto, mas não consegue tirar os olhos dos gêmeos.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino