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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 398

O silêncio que se instala depois da conversa com o advogado Rui Campos é profundo, quase reverente. Ninguém tem pressa em quebrá-lo. A emoção ainda paira no ar como névoa fina. Os dois pequenos estão adormecidos agora, deitados lado a lado no tapete da sala, ainda com resquícios de banana e mel pelos cabelos e pelas bochechas.

David, sempre prático, se aproxima de Vivian com a postura firme e o tom direto que o caracteriza.

— Vivian, ele diz, olhando-a nos olhos, por enquanto, quero que fique hospedada aqui na mansão. Com calma, vamos lidar com tudo isso. Mas você precisa se manter inteira, por você e pelas crianças.

Ela o encara por um longo momento, as pálpebras pesadas e o rosto abatido, como se lutasse para manter a compostura. Sua voz vem baixa, quase num sussurro:

— Você tem certeza que o Alan está… morto?

David não hesita. Ele assente com a cabeça, firme.

— Sim. Foi encontrado com um frasco de anestésico conectado ao corpo do seu marido. Tudo indica suicídio. Ele era médico, sabia muito bem o que estava fazendo.

Vivian desvia o olhar, engolindo a dor. De repente, ela parece menor do que é. Mais frágil. Mais solitária. Seus ombros caem.

— Eu… não sei o que fazer, confessa.

— Não sei nem como agir. Como… como uma viúva se comporta? Eu nem acredito ainda que isso está acontecendo…

Jonathan, parado mais ao fundo, se aproxima com passos calmos e cuidadosos. Ele fala com serenidade, a voz firme, mas acolhedora.

— Deixe isso comigo. Eu cuido de tudo. Posso providenciar o translado, trazer o corpo para ser sepultado aqui, em São Paulo. Você não precisa carregar mais esse peso sozinha.

Vivian respira fundo, surpresa com a oferta.

— A casa é do Rio de Janeiro, é minha, ela diz com dificuldade.

— Era da minha avó. Herança. Está no meu nome… Mas, mesmo assim… eu não quero abusar da bondade de vocês. Não sei nem como retribuir. Nem como agradecer. Mas não gostaria de voltar para o Rio agora, vou ver como está a casa em que nós morávamos antes da nossa ida ao interior. Mas te agradeço muito, estou me sentindo perdida.

— Não precisa agradecer, diz Marta, aproximando-se com suavidade.

— Só permita-se descansar. Um pouco. Você também é mãe do Jeff. E ele vai precisar de você tanto quanto de nós.

Rui Campos se adianta, com uma pasta nas mãos. A voz calma, mas já retomando seu tom jurídico.

— Vivian, se me permitir… eu só preciso que assine esta procuração pública. Com ela, assumo legalmente a responsabilidade pela liberação e translado do corpo. Você poderá permanecer aqui com as crianças, sem se preocupar com burocracias nesse momento tão delicado.

Ela assente em silêncio, pega a caneta com as mãos trêmulas e assina o documento.

David então se dirige à porta, já apanhando o celular e a chave do carro. Antes de sair, gira-se e lança um último olhar ao grupo.

— Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo… me avisem imediatamente.

E sai, deixando no ar a sensação de que a tormenta ainda não terminou.

Marta toca gentilmente o ombro de Vivian.

— Vamos. Vou te mostrar seu quarto. Você precisa de um banho, de uma cama, de um tempo com você mesma.

Subindo a escada ao lado da nova hóspede, Marta guia Vivian pelos longos corredores silenciosos da mansão. Quando passam pelo quarto dos gêmeos, Marta para diante da porta entreaberta. Respira fundo, como se precisasse daquele momento.

Vivian e Marta riem juntas, entregues ao momento. As crianças estão encantadas uma com a outra, brincando como se o tempo perdido nunca tivesse existido. A água espirra, os gritinhos felizes enchem o cômodo, e Islanne continua filmando, narrando como se fosse uma reportagem especial.

— Lua e Jeff, diretamente das profundezas do destino, reunidos na banheira do amor!

As duas mães se olham e sorriem. Não há mágoa, apenas a compreensão do agora.

Depois do banho, os dois pequenos esfregam os olhinhos, sonolentos, exaustos da euforia. Marta e Vivian os vestem juntos, com cuidado e delicadeza, e os colocam lado a lado no berço duplo, onde os dois se acomodam como se sempre tivessem dormido assim.

Jeff segura o dedinho de Lua, e Lua o abraça instintivamente.

Onde deviam estar. Onde sempre deviam ter estado.

Vivian observa a cena com o coração cheio.

— Obrigada… ela sussurra, quase inaudível.

Marta não responde com palavras. Apenas passa o braço em torno dos ombros dela, num gesto de acolhimento verdadeiro.

E, pela primeira vez desde o início de toda essa tormenta, ambas encontram um pequeno alívio no peito. Um ponto de luz no meio de tanto caos.

Vivian não sabe o que virá a seguir, nem como será chamada: mãe, madrinha, presença, sombra. Mas sabe que, de alguma forma, ela pertence ali.

Agora, finalmente, pode começar a aprender como viver… no lugar certo. Ao lado das pessoas certas. No lar que a dor reconstruiu.

Mas o don saiu sorrateiramente, o que ainda pode estar acontecendo no oculto?

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