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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 402

Dias depois

O envelope sobre a mesa parece pulsar, como se carregasse não apenas palavras, mas o destino de todos ali. O ar na sala é denso, cada respiração pesada, cada olhar fixo naquelas letras ainda invisíveis. Jonathan, imóvel por longos segundos, finalmente ergue os olhos para Rui.

— Abra.

Sua voz sai baixa, quase um comando.

Rui rasga o lacre com precisão, retira o laudo e começa a ler, a tensão crescendo a cada palavra. Então, ele diz o que todos temem e, ao mesmo tempo, desejam ouvir:

— Confirmado. O bebê testado… é Jeff Maia Schneider.

O silêncio é quebrado por um soluço. Marta desaba nos braços de Jonathan, que a segura como se jamais fosse soltá-la. É choro de alívio, de gratidão, de dor e amor misturados. Vivian, sentada num canto, fecha os olhos e deixa uma lágrima cair, sabendo que, apesar de tudo, fez a coisa certa.

— Agora podemos contar para minha família… Marta murmura, sem largar o marido.

— Sim. Mas faremos isso do jeito certo. Jonathan assente, olhando para Rui.

O advogado ajeita os óculos, a postura profissional se impondo:

— Vamos iniciar o processo de guarda definitiva. Primeiro, notificaremos o Conselho Tutelar e o Ministério Público. Com o resultado do DNA, não há dúvidas jurídicas. Mas, como Vivian não pretende voltar ao Rio, precisaremos ajustar os termos de convivência. É importante que esse vínculo seja reconhecido formalmente.

— Não queremos afastá-la.

Jonathan fala firme.

— Então incluiremos isso no acordo preliminar.

Rui anota rapidamente.

— Mas, a partir de agora, tudo será oficial, para proteção legal de todos, principalmente do Jeff.

Quando a formalidade se dissipa, David faz sinal para Jonathan.

— No escritório.

A porta se fecha atrás deles. O Don se encosta na mesa, postura relaxada, mas olhar cortante.

— Fiz o que precisava. Agora volto para casa.

Jonathan hesita.

— E os custos? Os acertos? Eu sei que a máfia não trabalha de graça.

David ergue uma sobrancelha, um meio sorriso no canto da boca.

— Já está pago.

— Deve haver algum engano. Eu não paguei nada.

— Não. Quem pagou foi a cobra Cassandra.

Jonathan fica em silêncio, processando. David então se aproxima, a voz mais baixa, carregada de autoridade.

— A partir de agora, Jonathan, você me deve um favor. E na minha mesa… favores não vencem, não expiram e não se discutem. Quando eu chamar, você vem. Não importa o dia, a hora ou o que esteja fazendo.

Ele dá um leve tapa no ombro do amigo, como quem sela um pacto invisível.

— A máfia não esquece. Nem perdoa quem quebra palavra.

David caminha lentamente até a porta, gira a chave e o clique metálico ecoa como um aviso. Sem dizer nada, volta e abre o notebook sobre a mesa, a tela iluminando seu rosto impassível. Com poucos toques, um vídeo começa a rodar.

Jonathan se inclina, mas logo o estômago revira. No vídeo, Cassandra está presa no carro, as chamas consumindo a lataria e a pele dela. O som é abafado, mas os gritos cortam qualquer defesa mental.

— Meu Deus… Jonathan leva a mão à boca, os olhos arregalados.

David pausa, avança alguns arquivos, e um novo vídeo começa. A imagem agora é de um quarto sujo, com iluminação amarelada. Na cama, um corpo magro, amarrado. A respiração é pesada, quase um rosnado. O rosto… ou o que restou dele… é desfigurado, apenas um olho, as orelhas e nariz foram queimados, toda a extensão do corpo destruído, até mesmo o couro cabeludo.

— Isso… isso é Cassandra?

Jonathan pergunta, a voz cheia de incredulidade.

— Você sabe o que está dizendo?

— Sei. Nossa dívida com você… e com a máfia… será eterna.

O Don se recosta na cadeira, um leve aceno de aprovação.

— Aceito. É só avisar. Mas lembre-se… isso tem um preço.

— Qualquer preço.

Jonathan afirma, sem hesitar.

David fecha o notebook e se levanta.

— Então, a partir de hoje, Lua e Jeff são protegidos da máfia. Quem tocar neles… toca em mim. E quem toca em mim… não vive para contar.

David fecha o notebook e apoia as mãos sobre a mesa, medindo Jonathan com um olhar que, até pouco tempo, carregava apenas frieza e cálculo. Agora, há algo diferente — um reconhecimento silencioso.

Jonathan se levanta, contornando a mesa. Os dois homens ficam frente a frente, e o aperto de mão que trocam é firme, pesado, quase uma assinatura invisível de um pacto que vai além de palavras.

— Não é só dívida, Don David… é respeito. Jonathan diz, com a voz baixa, mas convicta.

— E amizade. David completa, com um raro meio-sorriso.

— Daquelas que não se compram, nem se quebram.

Ele dá um leve tapa no ombro de Jonathan, gesto de camaradagem que só existe entre homens que já viram o pior lado do mundo e sobreviveram.

— Quando vierem à Argentina, não se preocupem com hotel. Vocês vão ficar na mansão Lambertini. E, antes de voltarem, passaremos alguns dias na fazenda de Lizandra. Vai ser ótimo… vinho, cavalos, e um pouco de paz.

Jonathan sorri de volta, como quem entende que aquele convite não é comum.

— Está combinado.

Não há necessidade de mais palavras. Ambos sabem que, naquele escritório, nasceu algo raro, uma aliança que começou com sangue e termina com um respeito mútuo, que vão carregar pelo resto da vida.

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