O sol da tarde se espalha pelo caminho de terra, tingindo os campos com tons dourados. Duas caminhonetes seguem pela estrada como parte de uma pequena comitiva, carregam pessoas, mas também a ansiedade, o carinho e uma expectativa que cresce a cada metro percorrido.
À frente, a caminhonete de Darlene avança tranquila. No banco do passageiro, ela se ajeita, a barriga de oito meses ocupando quase todo o espaço, o corpo naturalmente voltado para Eduardo, que dirige com um meio sorriso orgulhoso. Na caçamba, caixas e sacolas com doce de leite fresco da fazenda, bolos de milho com erva-doce, capim-cidreira recém-colhido para o chá de Ravi, mel, verduras da horta, ovos caipira e outras preciosidades que carregam o aroma e o afeto do interior.
Logo atrás, a caminhonete de seu Heitor segue no mesmo ritmo. Ele dirige com calma, enquanto Dona Maria, ao lado, mantém no colo um embrulho de pano, mais comida, porque “visita boa chega com a mão cheia”, como gosta de dizer. No banco de trás, Mariana e Miguel trocam olhares cúmplices. Miguel sempre carinhoso com Mariana, nem parece o mesmo.
Na caminhonete da frente, Darlene acaricia a barriga.
— Ele tá chutando… acho que reconheceu o cheiro do doce de leite.
Eduardo ri e lança-lhe um olhar apaixonado.
— Ou reconheceu que vai ganhar uma festa hoje.
A estrada termina diante dos portões imponentes da mansão Schneider. Mariana, que só tinha estado ali algumas vezes, sente uma tensão leve, mas hoje é diferente: não se vai falar sobre Cici, nem mencionar histórias pesadas. São apenas amigos. E todos prontos para conhecer novos lados dessa família.
Jonathan e Marta já aguardam na entrada. Marta segura Jeff no colo, enquanto Lua, pendurada no braço do pai, observa tudo com olhos curiosos. Atrás deles, figuras familiares da mansão, Lizandra, impecável, com um sorriso no rosto, David, com seu ar reservado, Derick, atento como sempre, e Ravi, encostado no batente, com aquela descontração que contradiz a fama de hacker temido.
Assim que os veículos param, Dona Maria desce animada, ajeitando a saia e abrindo um sorriso caloroso. Mas para no instante em que vê as crianças.
— Meu Deus… a voz embarga, as mãos vão ao rosto.
Jeff e Lua, como se entendessem a importância daquele momento, olham-se e, sem hesitar, correm para ela. Dona Maria se ajoelha ali mesmo, esquecendo-se da idade, e abraça os dois com força, fechando os olhos para segurar as lágrimas.
— Olha só para vocês… dois anjinhos.
Marta sorri, o coração aquecido. Jonathan, ao lado, permanece em silêncio, mas sente o peso doce daquela cena.
— Esses são os meus tesouros, mãe, diz Marta, orgulhosa.
— E eu vou ser avó babona deles, pode apostar! Dona Maria garante, e Lua ri, como se tivesse acabado de ganhar uma promessa séria.
— Olha o tamanho desse menino aí dentro! Tá quase na hora, hein! Marta se volta para Darlene e a abraça.
Eduardo se aproxima, sorriso aberto, e beija o rosto de Marta.
— Vai nascer metido a vaqueiro, igual à mãe.
— E comendo bem igual ao pai, ela rebate, arrancando risos de todos.
Miguel e Mariana descem da outra caminhonete. Mariana, elegante, mas com aquele jeitinho caseiro, corre para abraçar Marta. Miguel encara a irmã por alguns segundos antes de abraçá-la forte, um reencontro cheio de risos e lágrimas contidas.
— Vocês trouxeram mesmo tudo isso? Pergunta Marta, reparando nas caixas, cestos de legumes frescos, garrafas de leite e um enorme pote de doce de leite embrulhado como ouro.
— Tudo da fazenda e do sítio, responde seu Heitor, orgulhoso.
— Esse doce de leite foi feito no tacho, com leite tirado na hora.
O aroma adocicado espalha-se no ar, chamando atenção. Ravi é o primeiro a se aproximar, tentando disfarçar a ansiedade.
— Esse é o famoso doce de leite que já tô babando de saudade?
— Esse mesmo, meu filho — diz Dona Maria, chamando-o assim sem pensar.
— Pode comer à vontade.
Derick, que observava quieto, ergue a mão:
— Eu também quero!
— Pois venha, meu filho, responde Dona Maria. — Aqui ninguém passa vontade.
David, curioso, se aproxima com ar desconfiado.
— Deixe-me provar também.
Ao experimentar, fecha os olhos brevemente.
— Impressionante… murmura, antes de repetir o gesto, rendido.
Lizandra chega, pega uma colher e prova.
— Meu Deus… isso é um pecado, diz, já pedindo mais.
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