A manhã nasce com uma energia diferente na mansão Schneider. Não é apenas o café quente e o cheiro de pão recém saído do forno que preenchem o ar, mas uma vibração intensa, quase elétrica. Nos corredores, passos apressados se cruzam, risos e vozes ecoam como se todos estivessem na expectativa de algo grande, embora nem todos saibam o quê. No escritório, de portas abertas, Jonathan e David conversam em voz baixa, enquanto o sol da manhã entra pela janela, iluminando a cena como se quisesse espiar o que está por vir.
Eduardo passa pelo corredor e, antes que possa seguir, Jonathan o chama:
— Entra aqui, Edu.
O amigo obedece, curioso. Logo em seguida, Ravi e Derick aparecem e também são chamados. Miguel cruza a porta e, sem cerimônia, David pede a Jonathan que o traga para dentro. Quando todos estão presentes, David se levanta, caminha até a porta e a tranca com um clique seco que parece encerrar qualquer saída, física ou emocional, daquela sala.
Ele se vira, o olhar frio e firme:
— Meu nome é Don David Lambertini.
O silêncio é imediato. Eduardo e Miguel trocam um rápido olhar, entendem no mesmo instante o peso que aquele título carrega.
— Sim, continua David, é exatamente o que vocês estão pensando. Eu vim ao Brasil para resgatar Jeff e devolvê-lo à família. Missão cumprida. Agora, está na hora de voltar para casa.
Ele deixa a frase pairar no ar, medindo as reações.
— Mas, a partir de hoje, todos aqui têm uma dívida com a família Lambertini.
Eduardo não hesita.
— Conte comigo para qualquer coisa que precisar na região.
— E eu também, completa Miguel, sem titubear.
David sorri de canto.
— Já sabia. Li nas expressões de vocês desde o primeiro encontro. A máfia precisa de gente assim. A partir de hoje, somos apenas uma família. E percebi que aqui existe honra.
Miguel respira fundo.
— Não sei como agradecer por ter trazido Jeff de volta.
— A gratidão de vocês já é suficiente. David se volta para Eduardo.
— E quanto a você…
Eduardo ajeita-se na poltrona.
— No momento, minha esposa está prestes a dar à luz. Não posso me ausentar.
David acena, compreensivo.
— Na máfia, a família é sagrada. Mesmo que fosse meu soldado, jamais se afastaria da esposa agora. E, se fosse ela a soldado, estaria protegida em tempo integral. Isso é honra.
A conversa desliza para outros temas, até que Jonathan lança uma provocação:
— Acho que encontrei alguém mais ciumento que eu, o David.
O Don ergue uma sobrancelha.
— Sou ciumento mesmo, e daí? Vai se lascar, Jonathan. Se olhe no espelho… você fica transtornado quando vê um homem perto da Marta.
Miguel gargalha e decide cutucar Eduardo:
— E o Edu morre de ciúme da Darlene… e ainda consegue ter ciúme da Mariana. Coitado de mim que mal consigo namorar em paz.
— Olha quem fala! Retruca Eduardo, rindo.
— Você quer pagar de desapegado, mas fica possuído quando alguém olha para a Mariana.
Jonathan se volta para Ravi, com um sorriso malicioso:
— E você, hackerzinho, quando vê a Islanne?
O clima descontraído explode em provocações e risadas, até que Eduardo, ainda rindo, pergunta:
— Tá, mas me diz… como chegaram até o Jeff?
David muda de expressão, ficando sério.
— Vou te mostrar. Ele abre o notebook e, em poucos cliques, exibe um vídeo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino