O sol da tarde invade a sala da mansão Schneider, tingindo o ambiente de dourado. Marta e Vivian estão sentadas no sofá, em um raro momento de sossego. As duas se olham como se partilhassem um segredo maior do que o próprio silêncio que paira. E, de repente, Vivian rompe esse silêncio, sua voz trêmula carregada de lembrança e de medo:
— Tenho pavor das vacinas, Marta. Da última vez que levei o Jeff, ele teve uma reação forte… ficou mole, todo vermelho, febre alta. Sua respiração falha.
— Eu corri para o hospital, desesperada, onde o Alan trabalhava. Uma pediatra atendeu o Jeff e o Alan foi avisado, assim que terminou a consulta, ele foi às pressas… eu achei que ia perder o meu filho naquele dia.
Marta segura sua mão, firme, solidária. Vivian respira fundo, lágrimas lhe marejando os olhos.
— Eu me culpei tanto. Ela balança a cabeça.
— E agora vem outra rodada de vacinas… eu estou apavorada, não sei como ele vai reagir.
Marta aperta seus dedos com doçura.
— Então vamos juntas. Levaremos os gêmeos e ficaremos observando. Você não vai estar sozinha dessa vez.
O alívio que brota nos olhos de Vivian é quase imediato, e um pequeno sorriso escapa entre lágrimas. Mas logo o assunto muda, e ela fala sobre sua ida à delegacia com Rui.
— O delegado foi duro comigo em alguns momentos… me fez refletir sobre coisas que eu nunca havia parado para pensar. Mas Rui… sua voz se suaviza.
— Rui foi maravilhoso comigo. Me orientou, interveio quando precisei. Depois, conversamos bastante. Ele até me convidou para sair, na sexta feira.
Marta ergue as sobrancelhas, surpresa, mas logo sorri.
— E você vai aceitar?
Vivian olha para baixo, tímida.
— Acho que sim… me sinto à vontade com ele. É como se fosse alguém que entende a minha dor. Ele também parece… tão machucado pela vida, e também não demonstrou segundas intenções, pareceu um convite de alguém querendo novas amizades.
Marta observa Vívian, refletindo. Pensa em Islanne, na ferida ainda aberta em Rui, mas também percebe a centelha de possibilidade naquele encontro de duas almas quebradas.
— Vá, Vivian, diz, decidida.
— Rui é um excelente amigo, de inteira confiança. Você precisa desse momento, de respirar, de se sentir viva de novo. Sexta-feira, você vai estar linda. Aproveite a noite.
O riso tímido de Vivian não esconde a sombra que logo retorna ao seu rosto. Ela suspira fundo.
— Marta… mesmo ele sendo um filho da mãe, eu ainda amo o Alan.
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