O silêncio que desce sobre a mansão após a saída dos Lambertini é tão denso que quase parece ter peso. Minutos antes, as paredes vibravam com vozes, risadas e até provocações recheadas de ironia. Agora, resta apenas um ar nostálgico, como se cada objeto tivesse guardado em si a memória do instante anterior. É um vazio que não grita, mas sussurra, e todos os presentes sentem no fundo da alma que aquela visita não foi passageira, foi um marco. Algo mudou, e nenhum deles sabe ao certo quando ou se as coisas voltarão a ser as mesmas.
Ravi é o primeiro a romper a quietude, com um sorriso enviesado que traz certa melancolia.
— Por mais rabugento que seja o Derick… vou sentir falta de provocar ele.
As palavras arrancam olhares cúmplices. Cátia, com os braços cruzados e uma expressão que mistura crítica e admiração, solta uma confissão inesperada:
— David me dá arrepios. Ele é frio, distante… mas, por incrível que pareça, não consegui ter medo dele. É esquisito, eu sei, mas confio cegamente naquele homem estranho… e lindo, ao mesmo tempo.
Afonso torce o nariz em desaprovação, o que provoca gargalhadas gerais. Marta aproveita para reforçar, erguendo a sobrancelha como quem observa além da superfície:
— Ele faz toda aquela pose de macho alfa, mas perto da Lizandra não passa de um menino obediente.
Jonathan, sentado mais afastado, deixa escapar um sorriso carregado de ironia.
— Sim, obediente à esposa. Apaixonado por ela. Mas não se enganem, quando veste a pele de mafioso… é o próprio demônio. E que ninguém duvide disso.
A sala mergulha num instante de silêncio respeitoso. Jonathan, porém, sente a mente deslizar até Cassandra, como uma sombra persistente que insiste em permanecer em seus pensamentos. Ele, contudo, guarda o nome para si, como se temesse pronunciar em voz alta algo que o exporia mais do que gostaria.
Impaciente, Islanne quebra a tensão ao se jogar no sofá ao lado de Ravi, selando-lhe os lábios num beijo breve e atrevido.
— Já estou com saudade de você.
O gesto acende o olhar de Afonso, que passa rapidamente de Jonathan a Ravi, a expressão de censura bem marcada.
— Até quando essa pouca vergonha vai continuar?
Jonathan ergue as mãos num gesto de defesa.
— Assim que resolvermos a guarda do Jeff, pai, eu me caso com a Marta. Prioridade era encontrá-lo.
Ravi se adianta, aproveitando a oportunidade.
— E eu também quero casar com a Islanne. Mas não era oportuno. Não teria clima para festa sabendo que Jonathan e Marta estavam nessa luta pelo filho. Seria desumano.
Miguel, que escuta em silêncio até então, ergue a sobrancelha, decidido:
— Se é para falar de casamento de irmãos, eu também aproveito. Vou casar com a Mariana.
Eduardo, meio resmungando, mas sem ficar atrás, acrescenta:
— Pois eu também vou casar.
É Dona Maria quem explode em gargalhadas, aplaudindo como se fosse a plateia privilegiada de uma peça de teatro.
— Ora, ora, então pronto! Casem todos juntos! Uma só cerimônia, quatro casais no mesmo dia. Vai ser uma festa que ninguém nunca vai esquecer.
Os olhares se cruzam, as ideias florescem. Mariana é a primeira a colocar um detalhe sobre a mesa:
— Mas eu quero casar no interior, lá no sítio.
Marta concorda, sonhadora.
— Eu também gostaria de me casar lá, onde cresci.
Islanne suspira, os olhos brilhando como quem já se imagina caminhando por entre flores e música.
— Eu amo aquele lugar. Vai ser perfeito.
Eduardo assente, convicto.
— A minha vida é lá. Casar e viver no interior é tudo o que eu quero.
A empolgação cresce. Riem, planejam, sonham alto. Mas Marta ergue a voz, devolvendo-os à realidade com suavidade.
— Antes de qualquer coisa, quero resolver tudo sobre os meus filhos. Primeiro aniversário, depois o batizado, na igreja daqui de São Paulo… e quero um padre especial.
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