Entrar Via

O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 417

O silêncio que antecede a despedida é quase mais pesado que a própria partida. Não é um silêncio vazio, mas sim um que carrega dentro dele a densidade de tudo o que foi vivido nos últimos dias. A mansão Schneider, tão imponente por fora, parece agora um refúgio quente, onde se acumularam risos, reencontros inesperados, lágrimas contidas e abraços demorados. As paredes guardam o eco das vozes, como se tentassem reter a essência daquela reunião rara.

Do lado de fora, o sol ainda não arde em seu auge, mas o calor já começa a se instalar. O vento que passa pelo jardim não traz frescor, apenas levanta discretamente as cortinas da varanda, como se até a casa quisesse espiar o momento em que a família se divide mais uma vez.

Eduardo ajusta a mochila sobre o ombro com certo descuido, o peso não é nada comparado ao que sente no peito. Seu olhar vagueia, como quem procura encontrar no espaço algo que alivie o nó na garganta. Darlene, ao contrário, não consegue ficar parada. Anda de um lado para o outro, inquieta, os passos rápidos denunciando que a ansiedade não lhe permite repouso.

— Não adianta, Jonathan... diz, tentando soar leve, embora a voz denuncie um tremor.

— Eu preciso voltar. Até as vacas já devem estar com saudade da minha voz.

A tentativa de brincar é quase heroica. Mas os olhos marejados a traem, brilhando como duas pequenas poças que se recusam a transbordar.

Mariana, firme ao lado de Miguel, aperta a mão dele como se buscasse coragem no calor do toque. A voz dela surge, serena, mas com fundo de urgência:

— E eu tenho atendimentos esperando. Se eu não voltar, meus pacientes vão acabar me caçando no mato.

O comentário arranca um riso coletivo, mas não passa de um disfarce. Todos sabem que é o riso que serve de escudo contra o aperto no peito.

Na soleira da porta, Seu Heitor e Dona Maria permanecem juntos. O casal, marcado pelo tempo, parece uma rocha inabalável, mas até eles sentem a pontada amarga da despedida.

— Vamos ficar para mimar mais um pouco esses netos, diz Dona Maria, afagando a cabeça de Lua, que balbucia sons desconexos, como se entendesse perfeitamente o que se passa.

A cena enternece a todos. É como se a inocência de Lua fosse a única capaz de suavizar a aspereza daquele momento.

Miguel, sempre pragmático, se adianta e encara o pai com firmeza.

— Fica tranquilo, pai. Eu dou conta do sítio. Vou conferir os galpões, depois passo nas plantações. Qualquer coisa, eu me viro.

O olhar de Heitor repousa sobre o filho com um misto de orgulho e confiança. A resposta é simples, mas carregada de significado:

— Eu sei, meu filho. Você sempre deu conta de tudo.

No pátio, a Hilux permanece imóvel, testemunha silenciosa, mas é a F 250 de Darlene que os conduzirá. Miguel se lembra que, chegando lá, ainda tem a RAM que ganhou de Jonathan. Esse pensamento o tranquiliza por um instante: ao menos, as ferramentas para seguir estão garantidas.

As despedidas se intensificam. Catia e Afonso se aproximam, abraçando cada um com ternura.

— Foi um presente conhecê-los, diz Catia, a voz embargada mas doce.

— Assim que tivermos uma folga, queremos conhecer o sítio e a fazenda.

Darlene respira fundo, tenta manter o humor como armadura:

— Vão gostar até das minhas amigas vacas.

O olhar dele se encontra com o de Vivian. Há silêncio no ar, mas a sinceridade rompe como lâmina.

— Sei que você não teve culpa de nada. Na verdade, te agradeço por ter cuidado, amado e protegido o Jeff.

Todos escutam, e o peso daquelas palavras ressoa como um marco. Miguel acrescenta, firme, mas acolhedor:

— E não esqueça... lá no sítio, você é bem vinda. Tem casa, afeto e respeito.

Vivian tenta responder, mas a emoção é maior. Apenas assente com um gesto, os olhos marejados brilhando sob o sol.

Miguel devolve os gêmeos aos braços da mãe. Em seguida, surpreende a todos ao abraçar Vivian com força, um abraço que fala mais do que qualquer palavra. Logo depois, puxa Mariana pela mão e segue para a caminhonete.

O ronco do motor corta o ar. A poeira sobe com o movimento das rodas na estrada de terra. Quem fica, acena até que os veículos desapareçam no horizonte. O vazio que se instala é quase palpável.

Jonathan permanece parado, o olhar fixo na linha do horizonte, como se tentasse decifrar o que o futuro guarda. Marta segura os filhos contra o peito, o corpo todo vibrando em proteção. Isadora, em silêncio, troca um olhar enigmático com Catia, um olhar que parece carregar perguntas que ninguém ousa formular em voz alta.

De volta ao interior da mansão, o ar parece mais denso. Como se algo invisível tivesse tomado o espaço deixado pelos que partiram. A sensação não é de alívio, mas de suspense.

O vento sopra pelas janelas abertas, arrastando cortinas, e um calafrio percorre a espinha de Marta. O som distante do motor já se perdeu, mas dentro de cada coração uma pergunta permanece:

Que novos capítulos ainda aguardam essa família? Que segredos, reencontros e despedidas ainda estão por vir? E o que se esconde, silenciosamente, entre aquelas paredes que já testemunharam tantas histórias?

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino