O celular vibra nas mãos de Cátia, e o nome que surge na tela a faz prender a respiração. Cici. Há dias não se falavam direito, e a ligação vem como um sinal inesperado, capaz de mexer com feridas ainda abertas. Ao atender, o silêncio inicial é quase sufocante, até que a voz da amiga rompe, frágil e carregada de arrependimento.
— Cátia… eu estou na casa de uma velha conhecida. Precisei sair um pouco, deixar Eduardo e Mariana à vontade. Eu sei que errei, sei que causei dor, mas não posso obrigar ninguém a me aceitar. Do outro lado, a voz de Cici vacila, e Cátia fecha os olhos, como se as palavras dela fossem facas.
— Eu só volto para a mansão quando eles não estiverem mais ai. Não quero forçar uma situação que só aumenta o mal estar deles.
Cátia respira fundo, firme, mas com o coração apertado.
— Eles já foram, Cici.
A revelação sai quase como um alívio, embora carregue um peso.
— Hoje a casa está diferente, mais calma.
Há um silêncio breve, interrompido por um suspiro carregado de emoção.
— Então… hoje à noite eu volto, responde Cici, e sua voz parece recuperar um fio de esperança. — E, como estão Lua e Jeff? Juro que já estou morrendo de saudade deles.
O semblante de Cátia se suaviza.
— Eles estão bem, cheios de energia. Você vai se encantar quando reencontrá-los.
A conversa se prolonga por alguns minutos, misturando conselhos entre as amigas, desabafos e pequenas confissões. Ao final, Cátia se despede.
— Preciso ir, Cici. O Afonso e eu estamos de saída, vamos ao Grupo Schneider resolver algumas coisas.
— Está bem. Até mais tarde.
Pouco depois, como prometido, Cici retorna à mansão. O ambiente parece diferente do que deixou, menos barulhento, mais acolhedor. Logo na entrada, encontra Marta com um dos gêmeos no colo e Jonathan ao lado, atento, sempre vigilante. A cena a atinge em cheio, um retrato de família que parece tão natural, tão inteiro, e ao mesmo tempo desperta nela uma pontada de ausência.
— Cici! Marta sorri, sem deixar de balançar suavemente Jeff, que insiste em brincar com a ponta de seu cabelo.
— Estávamos comentando sobre você mais cedo.
Jonathan apenas inclina a cabeça em cumprimento, discreto, mas cordial.
Cici, emocionada, se aproxima e toca de leve a mãozinha do menino.
— Como ele está lindo… e esperto. Que vontade de apertar essa fofura. Quero apertar Lua também!
— Vai poder ver de perto daqui a pouco, responde Marta, rindo.
— Ela não para um segundo.
Os minutos seguintes se desenrolam em uma conversa leve, ainda que marcada por pequenos silêncios, como se todos estivessem aprendendo a reorganizar o convívio. Depois de algum tempo, Cici pede licença, sobe para o quarto, toma um banho demorado, tentando deixar escorrer pelo ralo a culpa que ainda a persegue. A água quente relaxa os músculos, mas não silencia totalmente a mente.
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