O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 427

A cobertura silenciosa parece respirar com ela. Cassandra anda de um lado a outro, como uma fera enjaulada, mas agora é diferente: sente que tem um abrigo, um teto que lhe pertence. A cidade dorme lá fora, indiferente, mas dentro dela pulsa um veneno antigo, corroendo cada pensamento. Jonathan Schneider. O nome ressoa como marteladas em sua cabeça.

Ela serve-se de uma taça de vinho do Porto, mãos ainda trêmulas, mas o sorriso curvado em sua boca não deixa dúvidas, Cassandra se alimenta do rancor. O primeiro gole desliza pela garganta como se fosse fogo líquido, mas ela gosta. Sempre gostou de fogo, ainda que tenha sido marcada por ele.

Ela fecha os olhos, inclinando a cabeça para trás, e o delírio toma forma. Imagina Marta chorando, implorando, enlouquecida, sem conseguir salvar o que mais ama. Imagina Jonathan, aquele homem arrogante que um dia ela quis para si, curvado em desespero, impotente diante do próprio fracasso. O prazer que ela sente não é pela dor dos outros em si, mas pelo espetáculo da ruína dele.

— Vai doer, Jonathan… ela sussurra para o vazio, a voz rouca, arranhada, quase sensual.

— Não fisicamente… ainda que eu quisesse. Mas vou assistir sua alma sangrar, pedaço por pedaço.

Ela ri, e o som ecoa na cobertura como um estalo de loucura.

O vinho desce de novo, a cada gole a fantasia cresce. Cassandra imagina Marta ao lado de Jonathan, não como a mulher frágil que ele protegeu, mas como rival vitoriosa que roubou o lugar que lhe era devido. Não importa que nunca tivesse sido dela; em sua mente, Jonathan deveria ter se curvado ao charme dela, aos jogos de poder, à força que sempre exibiu. Mas não, ele a recusou, como se fosse desprezível, e logo elevou Marta ao posto de esposa, mãe dos filhos, senhora Schneider.

Era esse o crime imperdoável. Não era apenas rejeição, era a humilhação da comparação.

Cassandra esfrega os dedos no braço deformado, sentindo as cicatrizes endurecidas. Elas latejam, mas não como dor, como um lembrete. Cada marca é um símbolo da sua queda, mas também da sua promessa de vingança.

— Você me queimou sem sequer tocar em mim, Jonathan… ela fala com a taça erguida, como se brindasse ao inimigo.

— Agora eu queimo a sua paz, a sua vida perfeita.

A risada explode de novo, desta vez mais alta, mais insana, até que ela leva a mão à boca, tentando contê-la. Não pode se expor. Mas a risada insiste, escapando em soluços que se confundem com lágrimas.

Ela caminha até o cofre aberto, encara as joias e os dólares como se fossem velhos cúmplices. Passa os dedos trêmulos sobre um colar de diamantes, e a imagem vem, Marta usando uma joia dessas, Jonathan sorrindo para ela como nunca sorriu para Cassandra. O peito dela se contrai, mas logo se transforma em raiva.

— Vai ser a sua ruína, Marta… — murmura, apertando o colar na mão até quase machucar os dedos.

— Você roubou o que era meu.

A garrafa de vinho já está pela metade, e Cassandra sente o calor no corpo, mas é o calor da obsessão que realmente a consome. Ela anda até a varanda, encara a cidade iluminada pela madrugada. Ribeirão parece dormir em paz, mas para ela nada mais existe além do nome: Schneider.

Em sua mente, os planos se tornam grotescos, exagerados, impossíveis. Ela imagina manchetes de jornais, imagina olhares horrorizados, imagina Jonathan finalmente entendendo que não se rejeita uma mulher como Cassandra Reimann impunemente.

Ela ergue a taça em direção às luzes da cidade, como se brindasse com um público invisível.

— Ao espetáculo da queda, Jonathan. Ao sabor do seu desespero. Ao choro da sua esposa. Ao fim da sua dinastia perfeita.

O Brinde da Loucura 1

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