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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 428

O corredor do Grupo Schneider é silencioso, mas para Vivian cada passo ecoa como um trovão. O som metálico do salto contra o piso polido reverbera dentro dela como um lembrete cruel de está em território inimigo. Os olhos percorrem as paredes de vidro e aço, tão impecáveis quanto frias, e o coração b**e em descompasso. Ainda consegue ver a cena gravada em sua mente, repetida como uma tortura, Rui abrindo um sorriso caloroso para Marta e, segundos depois, descartando-a com a palavra seca que a destruiu por dentro, “cliente”.

É como se o ar pesasse toneladas. Vivian aperta a bolsa contra o peito, buscando uma proteção que não existe. Tudo nela parece funcionar no automático, andar, respirar, manter a postura. Mas dentro da mente, o caos grita. A dor é funda, quase física, como se alguém tivesse arrancado algo essencial de dentro dela.

Alan surge em seus pensamentos, não como lembrança doce, mas como fantasma. Ele, que foi seu primeiro e único homem até então. Ele, que nunca a fez se sentir invisível, nunca a tratou como segunda opção. Alan a amava com intensidade simples, verdadeira, sem necessidade de máscaras, nos momentos de lucidez. E mesmo assim, a vida o levou e ela mal se despediu, foi de forma abrupta, deixando em Vivian apenas ausência e saudade.

Agora existe Rui. O homem que a fez despertar sensações que acreditava enterradas junto com Alan. O homem que a olhou com intensidade, que a fez sentir única, desejada, viva. A lembrança daquela noite a invade como fogo, o toque, os sussurros, o calor. Tudo tão vivo que sua pele ainda se arrepia. Mas o contraste com o presente é devastador. Se para ela foi intensidade, para ele… apenas conveniência?

A pergunta lateja em sua mente como veneno, fui apenas um escape? Um brinquedo para afogar a dor dele?

O elevador desce lentamente, como se zombasse de sua pressa em fugir dali. Vivian fecha os olhos e tenta controlar o nó na garganta. O peso da humilhação queima. Marta está ao seu lado, discreta, atenta.

O coração de Vivian se debate. Alan nunca mais voltará. Rui talvez nunca tenha sido dela. E ela? Onde está nessa equação perversa? Suspensa entre a memória de um amor perdido e a brutalidade de um novo que já nasce fraturado.

Quando chegam ao estacionamento, Marta toca de leve o braço da amiga.

— Você não está bem, Vivian. Quer falar?

A pergunta quebra algo por dentro. Vivian quase cede, quase deixa a dor transbordar. Quase confessa que se sente usada, descartada, reduzida a um rótulo impessoal, como se não fosse nada além de um corpo que serviu por uma noite. Mas o orgulho, ferido, ergue uma muralha.

Ela força a voz a sair firme:

— Estou cansada, só isso.

Marta não insiste, mas o olhar diz tudo, sabe que não é apenas cansaço. Vivian abre a porta do carro, lançando um olhar triste a amiga, mas não comenta.

E foi exatamente isso que ele acabou de destruir.

Ele fecha os olhos com força e balança a cabeça, murmurando para si mesmo:

— Eu sou um merda… um verdadeiro filho da putta.

A imagem de Vivian voltando o rosto, fria, distante, como se ele fosse apenas um estranho, pesa sobre seus ombros como um castigo justo. Rui entende, talvez pela primeira vez, como ela se sentiu, descartada, usada, apagada por uma palavra. É a mesma dor que ele mesmo carregou com Islanne, e agora teve a covardia de reproduzir.

A culpa corrói por dentro. Ele se pergunta se ainda existe tempo, se pode reparar o que fez, ou se já perdeu a única mulher que conseguiu atravessar a barreira de gelo que ergueu em torno do coração. Vivian foi especial, diferente, única. E a ideia de tê-la ferido justamente quando começava a construir algo novo o assombra como um fantasma.

No fundo, Rui sabe que não foi apenas ela quem perdeu algo naquela tarde. Ele também perdeu. Talvez mais do que ela jamais poderá imaginar.

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