O sol nasce preguiçoso naquela manhã de sábado, espalhando uma luz dourada que se mistura a tons rosados no horizonte. Os raios atravessam as janelas do sítio dos pais de Marta e invadem a casa com uma suavidade que parece anunciar algo especial. É um dia que todos esperaram ansiosamente, não apenas pelo marco do primeiro aniversário dos gêmeos Jeff e Lua, mas também porque simboliza um recomeço depois de tantas dores, perdas e feridas abertas.
O sítio, cenário de tantas memórias da infância de Marta, onde ela e Jonathan viveram dias de risos, mas também semanas de tensão e tristeza nos últimos meses, hoje se transforma em palco de uma nova lembrança. A primeira festa dos gêmeos não é grandiosa nem cercada de ostentação, como muitos poderiam esperar para crianças de uma família tão falada e observada. Ao contrário, a celebração nasce simples, íntima, quase doméstica. Uma escolha que não parte apenas de Marta e Jonathan, mas sobretudo de uma exigência clara e direta de Don David Lambertini, padrinho dos gêmeos, cuja voz grave e postura imponente não deixam margem para discussão.
David acompanhou de perto a dor vivida por Marta e Jonathan, viu o envolvimento de Alan e Cassandra no sequestro de Jeff e percebeu como a sombra de Vívian poderia recair sobre a família. O reaparecimento do menino, depois de meses de incerteza, já bastava para acender rumores na imprensa. Manter o episódio em silêncio, longe da mídia, era uma estratégia necessária. E David, em conversa com Jonathan, deixa claro que proteger os gêmeos e Vívian é prioridade.
— Nada de exposição, sentencia ele, semanas antes, a voz firme, enquanto encara o amigo. — Os pequenos precisam de segurança. E Vívian merece ter a chance de seguir sem carregar o peso de acusações injustas.
Por isso, a festa seria restrita a familiares e amigos próximos. Nada de fotógrafos, nada de convidados ilustres, apenas rostos conhecidos e confiáveis.
O tema escolhido, no entanto, carrega um encanto especial: “zoológico”. A ideia nasce em uma tarde de conversa no jardim da mansão Schneider. Marta e Vívian, sentadas lado a lado, falam animadas enquanto observam Jeff brincar.
— Ele sempre ria quando eu mostrava o leãozinho de pelúcia — comenta Vívian, com o olhar marejado pela lembrança. — Aquele rugido de mentira era suficiente para arrancar dele as gargalhadas mais lindas.
Marta sorri, tocando de leve as mãos da amiga, emocionada.
— Engraçado... a Lua adora bichinhos coloridos. Eduardo deu um macaco de pano para ela, e desde então é o brinquedo preferido.
Vívian suspira fundo, quase como se guardasse o som da risada de Jeff dentro de si.
— É incrível a conexão entre eles... mesmo depois de tanto tempo separados.
Marta concorda em silêncio. No fundo, ela sabe que não há como medir a importância da presença de Vívian na vida de seu filho durante os meses de ausência. Apesar de todo o trauma, Jeff foi amado e cuidado com carinho verdadeiro, e isso Marta jamais poderá retribuir de forma justa.
Os dias passam, os preparativos avançam, e logo o sábado tão esperado chega.
O sítio se veste de cores alegres. Balões verdes, amarelos, laranjas e azuis formam arcos que dão boas-vindas aos convidados. Um decorador, contratado por Islanne, transforma a entrada em um verdadeiro portal para um zoológico encantado. O cenário principal é uma mesa rústica de madeira, adornada por um bolo de três andares feito por dona Maria, coberto de pasta americana que imita a selva. No topo, duas pequenas figuras de leão e leoa representam Jeff e Lua, rugindo lado a lado.
Docinhos em forminhas personalizadas, biscoitos em formato de animais e cupcakes que lembram grama completam a mesa. Ao redor, o espaço é preenchido por brinquedos infláveis e pequenas áreas para as crianças brincarem em segurança.
Marta observa tudo, ajeitando os detalhes, quando Vívian se aproxima sorridente.
— Ficou exatamente como imaginamos — comenta Vívian, ajeitando uma bandeja de docinhos.
— Simples, mas aconchegante — responde Marta, repetindo as palavras de Don David.
— Simples, mas lindo — corrige Vívian, piscando o olho.
Aos poucos, os convidados chegam. Dona Maria recebe a todos com o sorriso de sempre, servindo bolinhos ainda quentes e abraçando aqueles que cruzam a porta. Kátia, mãe de Jonathan, se mostra empolgada, ajudando nos preparativos da cozinha e vibrando com cada detalhe.
Ravi e Islanne chegam cedo, como de costume. Ravi, com o humor de sempre, aproveita para se deliciar com o café da manhã reforçado de dona Maria, enquanto finge estar ali apenas para ajudar.
Por volta das duas e meia da tarde, o clima muda. Carros discretos se aproximam do sítio. Homens de postura firme descem primeiro, cercando o espaço com naturalidade, sem chamar a atenção, mas atentos a cada detalhe. Pouco depois, surge Don David Lambertini. A presença dele é como uma sombra e um farol ao mesmo tempo: impõe respeito, mas também segurança. Ao lado dele, Lizandra, elegante e sorridente, se encanta de imediato com a decoração.
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