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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 433

O corredor da maternidade cheira a limpeza e esperança. Os passos se repetem apressados, mas o grupo que avança em direção ao quarto 222 não corre, cada um traz no peito uma ansiedade doce, uma mistura de nervosismo e ternura. Marta segura a mão de Jonathan com força, como se temesse que o marido recuasse diante da emoção que os aguarda. Dona Maria caminha alguns passos atrás, com um lenço na mão, pronta para enxugar lágrimas que já umedecem seus olhos marejados. Lizandra mantém a postura ereta, mas há uma suavidade rara em seu olhar, enquanto David segue silencioso, cada movimento dele calculado como um autêntico chefe da máfia.

A porta se abre.

O quarto os recebe com uma luz amena, cortinas parcialmente fechadas e o bip baixo dos aparelhos monitorando sinais vitais. Mas nada disso importa diante da cena central, Darlene repousa na cama, ainda pálida da cirurgia, mas radiante como nunca. O pequeno Dylan, enrolado em um cobertor azul claro, está aninhado em seus braços, os olhinhos semicerrados, respirando compassadamente. Ao lado dela, Eduardo parece não respirar, apenas observa, como se o simples fato de piscar pudesse arrancar-lhe o privilégio de testemunhar aquele instante.

Mariana organiza anotações em uma prancheta, mas o brilho nos olhos a denunciam que a médica disciplinada divide espaço com a tia emocionada. Miguel permanece encostado na parede, o sorriso discreto, respeitoso, sabendo que aquele momento não lhe pertence, mas sentindo-se privilegiado por presenciá-lo.

Marta é a primeira a reagir. Aproxima-se devagar, os lábios trêmulos.

— Ele é lindo… sussurra, a voz embargada.

— Meu Deus, que perfeição…

Darlene sorri, orgulhosa, e afasta levemente a manta para que todos vejam melhor o rostinho delicado. Dylan se mexe, emitindo um resmungo frágil, e Marta leva as mãos à boca, tentando conter o choro.

— Dylan, repete Jonathan, aproximando-se com passos pesados, como se cada um carregasse a responsabilidade de um mundo inteiro. Ele olha para Eduardo e depois para o bebê. — Um nome forte.

— É o nome dele, responde Eduardo, a voz quase um sussurro, como se tivesse medo de acordar o filho.

Dona Maria não resiste, aproxima-se e toca de leve o pezinho que escapa do cobertor.

— Ah, meu Senhor, como é perfeito… Ela chora abertamente. — Obrigada, meu Deus, por esse presente.

Lizandra, acostumada à dureza do mundo, abaixa-se devagar. Seus olhos clínicos analisam a cor da pele, o movimento da respiração, mas logo ela se rende à emoção.

— É saudável. Forte. Sorri de canto.

— Vai dar trabalho para vocês.

A risada suave quebra a tensão. Até Eduardo sorri, embora seus olhos permaneçam úmidos.

David, contudo, permanece afastado. Ele observa em silêncio, cada detalhe da cena, a fragilidade de Darlene, a devoção quase possessiva de Eduardo, a vulnerabilidade daquele bebê. Seu olhar não é de ternura, mas de cálculo, como se já estivesse avaliando riscos, rotas de fuga, medidas de segurança.

Eduardo, percebendo a distância dele, ergue-se. Seus olhos carregam um peso que ninguém ali compreende por completo.

— Jonathan… começa, a voz falhando. — Eu quase enlouqueci na sala de parto. Quando ouvi o choro dele… parecia que o mundo inteiro podia desabar que eu não deixaria ninguém chegar perto. Nem médicos, nem enfermeiras. Ele passa a mão pelo rosto, nervoso. — Eu não queria que ninguém tocasse nele. Não depois do que já vivemos . Não depois de quase perder tudo.

Jonathan se aproxima e segura-lhe os ombros com firmeza.

— Você é pai agora, Eduardo. Esse medo, essa fúria… é amor. Mas precisa encontrar equilíbrio, ou vai sufocar.

Mariana suspira, deixando a prancheta de lado.

— Eu precisei intervir, com o Eduardo. A neonatologista precisava examinar Dylan. Ele não permitia. Eu sei que não foi por mal, mas era necessário. Ele precisava dos primeiros cuidados.

Eduardo baixa a cabeça, sentindo-se envergonhado.

— Eu sei… eu só… eu só queria protegê-lo, todos nós sofremos com o roubo do Jeff.

Jonathan continua segurando o ombro de Eduardo, o olhar firme, mas agora suavizado pela ternura do momento. Ele observa Dylan, depois lembra do filho pequeno que o espera em casa. Um sorriso largo e inesperado abre-se em seu rosto.

— Sabe de uma coisa, Eduardo? Diz, quebrando o silêncio reverente do grupo.

— Acho que já podemos marcar a festa do próximo ano.

Eduardo o encara, confuso.

— Como assim?

Jonathan ri, balançando a cabeça como se fosse óbvio.

— Nossos filhos nasceram no mesmo dia, com diferença de um ano exato. O meu fez aniversário hoje… e agora o seu chegou para dividir a data. Então, no próximo ano, nada de festa separada. Vamos juntar tudo.

Marta arregala os olhos, divertida.

— Jonathan!

— O que foi? Ele responde, rindo.

— Vai ser aniversário triplo, os nossos pequenos, o Dylan e a festa vai ser no sítio ou na fazenda. O que importa é a gente estar junto, comemorando como família.

Eduardo não contém a risada nervosa, o peso no peito aliviado por alguns segundos.

— Você já está planejando a festa de um bebê que mal abriu os olhos…

— Claro! Jonathan insiste, ainda sorrindo.

— Melhor já deixar combinado. Vai ter bolo enorme, crianças correndo e você, Eduardo, vai ter que se acostumar: agora é pai de aniversariante.

— Vou aproveitar. Darlene acaricia Dylan, sorrindo. — Ele já mudou tudo.

Jonathan aperta a mão de Eduardo com firmeza.

— Agora é você quem carrega esse peso. Proteja-os.

A despedida acontece lentamente. Dona Maria beija o bebê, Lizandra toca a testa de Darlene com ternura rara, Marta insiste em mais uma olhada. Mas, aos poucos, todos saem. David é o último. Antes de cruzar a porta, repete em tom de ordem:

— Qualquer movimento estranho, me avise.

O quarto mergulha em silêncio. Eduardo volta para a poltrona, exausto, mas incapaz de afastar os olhos do filho. Dylan resmunga, esfrega o rostinho no peito da mãe. Darlene, sorrindo, ajeita-se e o coloca para mamar.

Eduardo observa, atônito.

— Ele… ele sabe o que fazer. Tão pequeno…

— É o instinto, Eduardo. Darlene olha para ele, emocionada.

— A vida sempre encontra um jeito.

Eduardo segura a mão dela. — Você me deu o maior presente da minha vida.

— Nós nos demos. Darlene sorri, com as lágrimas escorrendo.

— Ele é nosso. Nosso amor está aqui.

As horas passam devagar. Eduardo fotografa cada movimento, envia para Marta e Jonathan. O celular vibra com felicitações, mas nada importa. Apenas Dylan, respirando em paz, alimentando-se no peito da mãe.

Em um momento de silêncio, Eduardo se inclina, beija a testa do filho e sussurra:

— Eu juro filho… ninguém nunca vai te tirar de mim.

Darlene ouve, mas não o corrige. Apenas segura sua mão com mais força, consciente do peso que ele carrega no coração.

Naquela noite, enquanto Dylan adormece saciado, os dois permanecem acordados, conversando em voz baixa. Eduardo fala de seus medos, Darlene fala de esperança. Eles riem, choram, fazem planos. E no centro de tudo, o bebê respira, alheio ao mundo, mas já transformando o destino de todos.

Eduardo sabe que o medo ainda lateja, mas algo novo nasceu junto com Dylan. Algo maior do que o pavor, mais forte do que qualquer inimigo, o amor que agora é sua armadura.

E, pela primeira vez em muito tempo, ele sente que talvez consiga vencer.

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