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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 438

A mansão Schneider respira tranquilidade naquela tarde clara. As crianças correm pelo jardim, rindo, suas vozes leves ecoando como música. O vento balança suavemente as árvores e o sol faz brilhar o gramado úmido. Mas sob a superfície dessa calma, um mal rasteja, silencioso e faminto.

Cassandra.

Ela conseguiu o que parecia impossível, penetrar nos limites da propriedade, com os olhos ardendo em desespero e o corpo frágil consumido pelo ódio. Seus pés arrastam-se pelo chão de pedras, mas seu olhar se acende quando vê os gêmeos brincando, sozinhos no jardim.

O coração dela dispara.

A boca seca.

O veneno transborda.

— Agora… agora vocês serão meus. Sussurra para si mesma, a saliva pesada na boca, como se já pudesse saborear a vingança.

Com um ímpeto de fera, Cassandra corre. O vestido amarrotado sobe, os braços estendidos como garras em direção às crianças. Os gêmeos se viram e congelam, os olhos arregalados diante da figura grotesca que avança sobre eles.

Mas Cassandra não chega até eles.

Um latido, quase um rugido, explode pelo ar.

Oliva.

A cadela surge da lateral como um míssil lançado. O corpo atlético se estica em velocidade total, as patas cravando força contra o solo, o olhar fixo no alvo. O salto é técnico e a boca encaixa no antebraço de Cassandra antes mesmo que ela perceba.

O travamento é instantâneo. Os dentes fecham em torno do braço com pressão de tonelada por centímetro quadrado. Cassandra é puxada para baixo, tombando no gramado com um grito cortante.

— Aaaaaaaah!

Ela tenta se soltar, tenta bater na cadela com a outra mão, mas Oliva gira o corpo com a destreza de quem nasceu para proteger. Um segundo ataque. Outra mordida, profunda, no ombro. Cassandra perde o equilíbrio e cai no gramado, mas Oliva não cede.

A cena é caótica. Os gêmeos correm, as perninhas rápidas, gritando pela mãe. Marta surge na varanda, desesperada, e Isadora, já vem em disparada pelo corredor lateral. Jonathan, logo atrás, para ao ver o quadro diante dele.

É Cassandra.

Ou o que sobrou dela.

— Meu Deus… murmura Isadora, o choque estampado no rosto.

A visão é grotesca. O rosto de Cassandra, marcado e queimado, os olhos injetados de ódio, a boca escorrendo baba misturada com sangue. Ela berra:

— Jonathan! Jonathan, seu desgraçado! É a Cassandra! Eu vou matar os seus filhos, vou queimar eles vivos como vocês me queimaram, vou fazer você assistir cada grito desses mallditos!

As palavras dela cortam o ar como lâminas. Jonathan fica imóvel, incrédulo. A aberração diante dele é a sombra retorcida de alguém que um dia foi poderosa, mas agora não passa de um espectro enlouquecido.

Instintivamente Cátia pega os netos com ajuda do marido e se trancam no escritório de Jonathan.

Oliva não larga. A cadela gira o corpo, dando uma sacudida lateral que desarticula e rasga fibras musculares. O braço de Cassandra cede.

No segundo andar, Marta chega à janela. Os olhos dela se arregalam em puro horror. Ela cobre a boca com a mão, mas não consegue desviar o olhar da cena. Os gêmeos já estão protegidos com os avós, mas ela permanece sozinha, testemunha muda da violência.

Cassandra esperneia, berra, esmurra a cadela com a outra mão. Mas Oliva é um bloco de disciplina. As orelhas coladas para trás, o rabo firme, cada músculo tensionado. O adestramento fala mais alto, não soltar até o comando.

Isadora mantém a mão na arma, mas observa antes de agir. Jonathan paralisado, encarando o rosto de Cassandra, grotesco, a pele queimada, o olho cheio de ódio.

— Jonathan! Cassandra urra, cuspindo sangue.

— Eu vou queimar seus filhos vivos! Vou fazê-los gritar até a garganta rasgar!

O grito reverbera, mas Jonathan não se move. Não há compaixão no olhar dele.

Oliva entende a escala da ameaça. Ela solta o braço e avança para a recomposição, reposiciona as patas, calcula o centro de massa, e salta no tronco de Cassandra. A próxima mordida é no ombro, mais próxima da jugular. O corpo da mulher desaba.

O protocolo é claro, imobilizar e, se necessário, neutralizar.

Marta, do alto, deixa um soluço escapar. O coração dela disparado, mas não consegue gritar. A cena é tão brutal quanto inevitável.

Cassandra ainda tenta erguer a cabeça, a baba misturada ao sangue escorrendo pelo queixo.

— Malditos… eu vou queimar… vou queimar…

Mas antes que termine, Oliva aplica o golpe final. Com precisão, salta sobre o pescoço da mulher, cravando a mordida. O ar se enche do som úmido da carne cedendo. A pressão é absoluta, o lock perfeito. O sangue jorra em arco, manchando a cadela e a grama.

Cassandra gargareja, engasgada, até que a voz morre na garganta.

— Aus! O comando de Isadora corta o ar.

E Oliva obedece de imediato. Larga a presa, recua três passos, senta-se firme. O peito arfando, orelhas em alerta, os olhos ainda cravados no corpo caído, pronta para avançar ao menor sinal de movimento. O adestramento é impecável, cumprir a ordem, aguardar instruções.

No chão, Cassandra estremece. O olhar busca Jonathan, ódio até o último suspiro.

— Você… vai… pagar… balbucia, antes de tombar, inerte.

— Estão bem. Já dentro da casa, com Marta e Jonathan. Estavam chamando por Oliva… a cadela virou heroína para eles. Jonathan já chamou o pessoal do pet para vir dar banho nela, já que está toda suja de sangue e pediu um veterinário também, Cassandra golpeou a cadela algumas vezes e Jonathan exigiu que ela seja examinada e não sinta dor.

Do outro lado, David solta um riso curto, carregado de cinismo.

— Imagino a cena… agora me diga, Isadora. Qual foi a sensação de assistir um cão treinado pela máfia finalizar um inimigo?

Os olhos dela brilham com a lembrança. Sua voz treme, mas não de medo, e sim de emoção.

— Don… foi… indescritível. Ver a cadela cumprir cada comando, atacar com precisão, não recuar diante dos golpes e da fúria da Cassandra… e então, quando tudo acabou, sentar ao meu lado, como se soubesse que tinha feito o certo. Foi… perfeito.

— Perfeito, repete ele, seco, como quem sela um julgamento.

— Mantenha a linha, Isadora. Mantenha todos sob controle. E espere por mim.

A ligação se encerra, deixando no ar o peso da ordem.

Enquanto isso, Jonathan encontra os filhos na sala. Eles correm até ele, ainda assustados, e ele se ajoelha, abraçando-os com força. Beija cada um no rosto, como se quisesse jurar proteção eterna.

— Papai está aqui. Nada vai acontecer com vocês.

Jeff aponta para o jardim, tentando pronunciar o nome da cadela com a inocência infantil.

— Oíva…

E então Lua repete, sorrindo entre lágrimas:

— Oíva…

Jonathan fecha os olhos, emocionado.

— Ela está suja agora, mas vai tomar banho. Depois vocês vão poder brincar com ela de novo.

Marta aparece, os olhos ainda vermelhos de tanto chorar. Ele se levanta, os filhos ainda nos braços, e a puxa para junto deles.

— Já passou, diz firme.

— Já passou.

E no silêncio que segue, apenas o coração da família fala mais alto, pulsando em uníssono, mesmo com a sombra de Cassandra ainda pairando sobre a mansão.

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