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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 439

Isadora surge no escritório de Jonathan com o celular ainda na mão, o semblante grave. A voz dela não treme, mas a tensão é perceptível.

— Jonathan… localizamos o carro de Cassandra, ela começa, direta.

— Estava estacionado a poucos quilômetros daqui.

Ele ergue o olhar de imediato, os olhos escuros fixos nela, atentos.

— E? Pergunta em um tom baixo, controlado, como quem já pressente que a resposta não será simples.

Isadora solta o ar devagar.

— No porta malas, vários frascos de álcool. Garrafas inteiras. Ela pausa, deixando o peso da informação preencher o ambiente.

— Estava claro o que ela planejava, Jonathan. Ela queria… incendiar as crianças.

A mandíbula dele se contrai, os punhos fecham sobre a mesa. Por alguns segundos, o silêncio reina, pesado como chumbo. Jonathan se levanta, anda até a janela, mas não parece enxergar o que está lá fora. O reflexo do próprio rosto no vidro devolve a ele um ódio contido, uma incredulidade gelada.

— Maldita, ele esbraveja, mais para si do que para Isadora.

— Ela se tornou o que jurava nunca ser.

Isadora dá um passo à frente.

— Cassandra já estava perdida, Jonathan. Se Oliva não tivesse feito o que fez, talvez estivéssemos hoje lamentando algo irreversível.

Ele gira lentamente, encara a guarda costas com a intensidade de quem pesa cada palavra.

— E os gêmeos? — Ainda lá em cima com Marta?

— Estão bem, ao lado da mãe, Isadora responde firme.

— Ainda falam dela, chamam Oliva pelo nome o tempo todo, sem entender realmente o que aconteceu. Marta está com eles, tenta distraí-los, mas… ela hesita um instante.

— Ainda bem que são muito pequenos, não conseguem entender o peso do que Cassandra queria fazer.

Jonathan fecha os olhos, respira fundo, e por um momento o homem frio e calculista cede espaço ao pai, vulnerável, tomado pela ideia da tragédia que quase aconteceu.

— Frascos de álcool, ele repete, como se saborear as palavras pudesse torná-las menos venenosas.

— Era assim que ela pretendia vingar-se de mim? Queimar os meus filhos vivos, como se a dor dela pudesse ser equilibrada com a inocência deles?

Isadora o observa em silêncio. Conhece bem aquela mistura de raiva e medo que o consome um pai pronto para matar ou morrer, se fosse necessário.

Ela se aproxima da mesa e coloca o celular sobre ela.

— Aqui estão as fotos do que encontramos. O Don David já foi informado. Ele vai querer todos os detalhes, inclusive como Cassandra conseguiu furar a segurança e se aproximar da mansão.

Jonathan pega o celular e desliza as imagens com o polegar. As garrafas transparentes, os rótulos familiares, o cheiro que ele quase pode sentir só de olhar… álcool, combustível para uma cena de horror que nunca se concretizou.

— Não foi só um surto, ele diz, ainda fixo nas fotos.

— Ela planejou. Frio, meticuloso.

Isadora concorda.

— Ela tinha um propósito doentio, Jonathan. Mas agora acabou. E talvez seja melhor que seus filhos nunca saibam o quanto estiveram perto de serem alvo dessa insanidade.

Ele larga o celular sobre a mesa com força controlada e encara Isadora.

— Quero saber como ela entrou, declara, categórico.

— Quero cada falha exposta, cada descuido revelado. Ninguém invade a minha casa, ameaça meus filhos e sai impune.

Isadora assente com firmeza.

— Já estou cuidando disso. E pode ter certeza, Jonathan… vão rolar cabeças.

Do andar de cima, o eco das vozes infantis invade o silêncio da sala. O riso inocente dos gêmeos contrasta com a escuridão das últimas horas. Jonathan respira fundo, tentando encontrar forças naquele som, mesmo sabendo que a sombra de Cassandra ainda paira sobre todos eles.

Isadora permanece no escritório, o celular ainda em mãos, a expressão fechada. Jonathan está parado diante da mesa, os dedos batendo contra o tampo de madeira, inquietos, como se cada toque fosse uma válvula de escape para conter a fúria que ainda pulsa em suas veias.

O celular vibra. Isadora olha a tela, lê rapidamente e ergue o rosto para ele.

— O pessoal do banho e tosa está chamando, diz, com um breve suspiro de alívio.

— Já terminaram com Oliva. Ela está limpa, cheirosa… pronta para voltar aos gêmeos.

Um riso curto, quase infantil, escapa dela. Isadora não sorri com frequência, mas naquele instante, a lembrança da cadela coberta de sangue, e agora livre dele, a faz relaxar por segundos.

— Vou buscar a nossa guardiã, completa, guardando o celular no bolso. — E levá-la direto para as crianças.

Jonathan a encara com seriedade, o maxilar ainda contraído.

— Quero Oliva com eles o tempo todo, afirma, categórico.

— Se alguém conseguiu furar a segurança uma vez, não vou me dar ao luxo de achar que não pode acontecer de novo.

Ele faz uma pausa, os olhos se estreitando, como se uma decisão mais ampla estivesse sendo traçada em sua mente.

— Vou encomendar mais cães com Lizandra. Quero um plantel inteiro, cada um treinado para funções diferentes. E quero-os aqui, logo.

Isadora assente, sem contestar. — Lizandra vai ficar feliz em receber esse pedido. Mas… depois disso, Jonathan, preciso entrar em uma reunião virtual com o Don. Ele já pediu meu relatório.

O nome ecoa como um peso no ar. O Don não perdoava falhas.

— O que ele disse? Jonathan pergunta, a voz grave, dura.

— Que Ravi e Derick já descobriram o que aconteceu, responde Isadora, sem esconder a gravidade.

Um nó se forma em sua garganta. Ele desvia o olhar para o teto, tentando conter a emoção que se infiltra sem pedir licença.

No fundo, sabe que a resposta é simples e, ao mesmo tempo, impossível de aceitar, o ser humano escolhe. Escolhe corromper-se, escolhe destruir, escolhe se perder.

E, talvez, o verdadeiro monstro não seja Cassandra. Talvez o monstro seja a soma de todas as escolhas que os homens fazem, dia após dia, até não restar mais nada além de cinzas.

Jonathan passa a mão pelo dorso de Oliva, e a cadela lambe discretamente seus dedos, sem abandonar o posto. Ele sorri de leve, com amargura.

— Obrigado menina, murmura.

— Você salvou o que tenho de mais precioso.

Ele se ergue, ajeita a manta sobre os gêmeos e dá um último olhar antes de sair do quarto. Ao fechar a porta, o silêncio permanece. Mas dentro dele, um turbilhão se forma, raiva, medo, ternura, dúvidas.

E, no fundo, uma pergunta que ele sabe que não terá resposta, por que só os animais ainda sabem amar sem se perder?

Enquanto isso, no escritório, Isadora ajusta a câmera do notebook. O rosto frio e imponente do Don surge na tela, iluminado pela penumbra de seu gabinete.

— Relatório, diz ele, direto.

Isadora relata, detalhada, a invasão de Cassandra, as garrafas de álcool, o ataque de Oliva, e finalmente a morte da mulher no jardim da mansão. O Don a escuta sem interromper, mas o olhar gélido denuncia cada cálculo mental que faz.

Quando ela termina, ele recosta na poltrona, as mãos entrelaçadas sob o queixo.

— As câmeras já revelaram mais do que o suficiente, sua voz soa como um veredito.

— Cassandra não entrou sozinha. Houve falha, ou traição. Ravi e Derick estão finalizando a investigação. Logo teremos um nome. E quando tivermos, a punição será exemplar.

Isadora mantém o rosto impassível, mas por dentro, sente a tensão gelada da promessa.

— Senhor, os gêmeos estão em segurança, acrescenta, em tom mais leve. — Estão dormindo agora. E não desgrudam de Oliva. Chamam por ela o tempo todo.

Um sorriso cínico se forma no rosto do Don. Oliva… a cadela treinada pela máfia que salvou seus afilhados. Ele ergue uma sobrancelha.

— Diga-me, Isadora… qual foi a sensação de assistir um cão treinado eliminar uma inimiga?

Isadora hesita por um segundo, depois responde com sinceridade inesperada:

— Foi… libertador. Foi ver a justiça sem a frieza dos homens. Foi ver instinto e lealdade prevalecerem. Foi ver a morte de Cassandra como um ato natural, inevitável, incontestável.

O Don sorri mais largo, mas seus olhos continuam gélidos.

— Muito bem. Continue assim, Tenho certeza que mais algumas horas depois, terá mais algumas conclusões sobre Oliva, mas acredite, ela é surpreendente.. Aguarde minhas instruções. E lembre-se: não existe falha sem castigo.

A tela se apaga.

Isadora fica por um instante em silêncio, encarando o próprio reflexo no vidro escuro do monitor. Lá no fundo, no quarto dos gêmeos, o riso infantil ressoa em sonhos. Aqui, o mundo dos adultos continua sendo moldado por sangue, cinzas e obediência.

E Jonathan, no andar de cima, ainda se pergunta se os homens algum dia aprenderão com os cães.

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