Jonathan está na presidência do Grupo Schneider, rodeado por relatórios e previsões de mercado. Mas a verdade? O único número que importa naquele momento é a distância entre ele e Marta.
Ele suspira, incomodado com o silêncio. Pega o celular e liga.
— Marta, almoça comigo hoje? Vem até aqui... tô precisando de você.
A voz dele tem um toque rouco, carente. Marta, que estava se arrumando para sair, sorri do outro lado.
— Já está com saudade, senhor Schneider?
— Sempre. Vem logo, vai.
Na sede do Grupo, Mônica não consegue esconder o sorriso quando a vê entrar.
— E não é que a senhora Schneider chegou? — ela brinca.
— Ainda não sou, mas a intenção é boa — Marta responde com um brilho nos olhos.
— Islanne está em reunião com o jurídico, mas o senhor Jonathan já está te esperando.
Marta segue com Mônica até o escritório. Quando Jonathan a vê, seu rosto se ilumina. Ele a recebe com um beijo demorado, daqueles que fazem o mundo sumir por um instante.
— Agora sim, o meu dia melhorou.
Marta retribui o beijo, sorrindo. — E eu achei que você estava mesmo atolado de trabalho.
— Estou. Mas você faz isso aqui valer a pena.
Ela se senta ao lado dele, observa os papéis sobre a mesa e começa a ler. Jonathan segue observando, achando que ela apenas fingiria entender… mas não. Marta lê tudo com atenção, analisa dados e até faz algumas observações certeiras.
— Isso aqui está inflado. E isso… — ela aponta — esse projeto tem previsão fora do prazo realista. Dá para renegociar isso com um bom argumento.
Jonathan arregala os olhos, visivelmente impressionado.
— Você tem certeza que nunca trabalhou com isso?
— Só sou curiosa. E observadora. Mas a verdade, é que na roça, nós somos obrigados a resolver tudo, não existe diretor disso, daquilo, encarregados...
Ele a olha com admiração. Algo ali muda dentro dele. Marta não é apenas linda, divertida ou sensual… ela é inteligente. Muito.
No elevador, quando descem para almoçar, os dois encontram Cassandra, a líder do RH. A mulher sorri de forma artificial, quase venenosa.
— Senhor Schneider... quanto tempo. — Cassandra lança um olhar direto e ousado. Depois olha para Marta, dos pés à cabeça, e fala com desdém:
— Quem é essa?
Marta permanece em silêncio, o que só deixa o ambiente mais tenso.
Jonathan percebe o clima e fala, seco:
— Cassandra, sugiro que procure o seu lugar. E evite desrespeito com quem não conhece.
— Claro, senhor. — ela responde, disfarçando, mas ainda com os olhos carregados de veneno.
Quando ela sai, Marta respira fundo.
— Ela é sempre assim?
— Cassandra ultrapassa limites. Mas você sabe... ainda não disse para ninguém que estamos juntos.
— Eu percebi. — a resposta dela vem firme, mas sem levantar a voz.
— Marta...
— Tudo bem. Não vou dar show fora de casa.
Eles seguem para o refeitório. Alguns funcionários tentam disfarçar o espanto ao verem o todo poderoso Jonathan Schneider entrando de mãos dadas com uma mulher comum, mas absolutamente segura de si. Marta distribui simpatia, cumprimenta os funcionários e sorri com naturalidade. Ela se encaixa ali… como se sempre tivesse pertencido àquele lugar.
Almoçam juntos, em clima tranquilo, mas o coração de Marta já está inquieto. Ela sente… por mais que Jonathan a deseje, admire, e até ame, ele ainda não tem coragem de assumi-la.
Na volta, ela o deixa no escritório com um beijo discreto e vai embora em silêncio.
Chegando em casa, o nó no peito estoura. Marta entra no quarto, abre o armário e começa a jogar as roupas dentro da mala. Roupas, sapatos, cosméticos… ela tenta conter as lágrimas, mas não consegue.
Eduardo, que estava passando pelo corredor, vê a movimentação e arregala os olhos.
— Marta? Tá indo para onde?
Ela engole em seco.
— Para qualquer lugar onde eu não precise me sentir menos. Onde eu não me sinta escondida.
Eduardo não pensa duas vezes. Se afasta com o celular na mão e liga para Jonathan.
— O que foi que você fez, mano?
— Que porrah tá acontecendo?
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