O dia começa agitado, como sempre, e o burburinho nos bastidores do Grupo Schneider crescia a cada novo desafio superado por Marta Maia. Mesmo com sua elegância discreta, ela causava impacto por onde passava. Estratégica, rápida e com uma visão afiada, conquistava aliados nos bastidores... e inimigos declarados.
O maior deles? Cassandra Reimann, a poderosa chefe do RH.
Desde o episódio do elevador, em que tentou constranger Marta e foi colocada em seu devido lugar por Jonathan, Cassandra vinha remoendo o ódio. Não aceitava que uma mulher “qualquer” tomasse tanto espaço em pouco tempo. Mas agora, com o nome de Marta sendo respeitado até mesmo pelos conselheiros, Cassandra sabia que precisava fazer algo.
E como toda cobra venenosa... atacaria onde mais doía.
Na manhã seguinte, Marta é convocada para uma reunião de alinhamento com lideranças de diversos setores. Ela chega antes da hora, devidamente preparada. Blusa de seda, calça social, salto firme e olhar confiante. No meio da sala, Cassandra observa como um falcão, fingindo cordialidade.
A reunião flui bem até o momento em que Marta apresenta uma proposta de reestruturação de processos internos para reduzir custos e ampliar eficiência entre os setores.
— Com essa proposta, estimamos uma economia de pelo menos 22% nos primeiros seis meses, mantendo os mesmos níveis de entrega e até melhorando as metas. — conclui Marta, tranquila.
O gerente financeiro aplaude baixo. Outros acenam positivamente. Mas Cassandra... Cassandra se levanta.
— Eu só gostaria de lembrar que algumas pessoas aqui não têm formação acadêmica adequada para sugerir esse tipo de reestruturação. E que nem todo mundo entrou aqui por mérito...
O clima esfria.
Marta mantém a postura, mas os olhos queimam.
— Se tem algo a dizer, Cassandra, diga claramente.
A mulher sorri, venenosa.
— Vamos parar de fingir? Todo mundo sabe como você conseguiu essa vaga. Abrindo as pernas para o presidente.
O silêncio que se instala é absoluto. O choque é geral. Mas Marta, com um sorrisinho debochado, dá dois passos à frente, se aproximando de Cassandra.
— Repete, querida.
— É isso mesmo. Você é uma selvagem que entrou aqui do jeito mais baixo possível. Eu tenho vinte anos de empresa. E você tem o quê? Cama.
Marta estala o pescoço, respira fundo... e quando todos acham que ela vai se afastar, PLÁFT!
O som do tapa ecoa pela sala. Cassandra cambaleia para trás, completamente sem chão.
— Eu entrei aqui porque tenho cérebro e coragem. Algo que você perdeu tentando manter esse seu cargo com falsidade e rabo preso.
— Sua... sua selvagem!
— Isso mesmo. E essa selvagem tem cérebro, me orgulho de ter vindo da roça, lá agimos com honestidade.
A porta se escancara com força. Jonathan entra primeiro, tenso. Islanne vem logo atrás, os saltos batendo com força no piso.
— O que tá acontecendo aqui?! — Jonathan rosna, os olhos em Marta, depois em Cassandra, que massageia o rosto.
— Ela me agrediu! — Cassandra grita.
— E se falar mais uma vez com esse tom, quem enfia a mão na sua cara sou eu! — Islanne se impõe, furiosa.
— Está achando que aqui é um prostiíbulo para você ficar fazendo intriga e jogando mulher contra mulher?
Jonathan se aproxima, a aura sombria.
— E se você sequer chegar perto da minha mulher de novo... vai se arrepender de ter nascido, Cassandra.
— Sua mulher? — Cassandra arregala os olhos.
— É, Cassandra. A mulher com quem eu durmo, converso, confio, divido a minha vida, e ao contrário de você, nunca ficou se oferecendo para mim nos corredores e nem nos elevadores. E que, em poucos dias, vale mais para o Grupo Schneider que você valeu em quase quinze anos.
Ele desvia os olhos da tela por um momento e os prende nos dela, com um leve sorriso nos lábios.
— Marta, se eu confio a minha vida a você… por que não confiaria a minha empresa? — Ele digita mais alguns comandos e gira o notebook levemente para o lado dela.
— Anota essa senha. É temporária, mas te dá acesso a uma área que nem o jurídico toca sem o meu aval.
Ela engole em seco. Pega o caderno com cuidado e escreve, as mãos ligeiramente trêmulas. Por um instante, o ambiente todo parece desacelerar. Como se aquele gesto, simples e silencioso, carregasse o peso de um voto sagrado.
— Ninguém além de mim e da Islanne tem isso, Marta. Se um dia algo acontecer comigo, você saberá exatamente o que fazer.
Ela fecha o caderno devagar e o segura junto ao peito por um segundo, respirando fundo.
— Obrigada… — diz baixinho, com a voz embargada. — Eu não sei o que dizer…
Jonathan se aproxima e segura sua mão com firmeza.
— Só diga que não vai embora. Que vai ficar comigo… aqui. Nessa loucura toda.
Ela sorri, os olhos marejados. — Eu fico. Sempre.
A tarde segue com risadas leves, algumas provocações sutis e a rotina de trabalho que, com eles, nunca é apenas sobre planilhas e senhas. É sobre confiança, parceria, entrega.
Antes do expediente encerrar, Jonathan a observa enquanto ela revisa documentos confidenciais com um profissionalismo impecável.
Ele sorri, orgulhoso.
Mas uma dúvida se insinua silenciosa em sua mente, enquanto contempla a mulher que, cada vez mais, ocupa espaço na sua vida — e agora, também no coração da empresa.
Se alguém descobrisse o quanto ela sabe… o quanto ela vale… até onde iriam para tirá-la dele?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino