Jonathan Schneider sai do prédio ao lado de Marta, vestida com um blazer branco impecável, celular em mãos e a agenda mentalmente cronometrada. O carro os espera na porta e em poucos minutos, estão a caminho de um restaurante sofisticado no centro financeiro da cidade, onde um seleto grupo de empresários os aguarda para o almoço.
No salão elegante, entre taças tilintando e garçons discretos, tudo flui com maestria. Jonathan está em seu território: firme, articulado, irresistivelmente persuasivo. Ao lado dele, Marta acompanha cada nome, cada gesto, cada palavra com a atenção de quem lê mais do que se diz. Quando um executivo menciona um contrato com prazos apertados, ela já faz uma anotação. Quando outro fala da expansão para o norte do país, ela troca contatos com a assistente dele e anota uma possível visita técnica para a semana seguinte.
— Sua assistente é afiada — comenta um dos empresários com um sorriso admirado.
Jonathan lança um olhar rápido para Marta, quase orgulhoso.
— É mais que isso. Ela antecipa pensamentos. Às vezes até os meus.
Entre conversas sobre investimentos, licitações e novas parcerias, taças são erguidas, mãos se apertam, contratos nascem em olhares. Quando a conta finalmente chega à mesa, todos já saíram dali com algo mais do que bons pratos e vinhos caros.
Mas então, o inesperado.
A porta principal do restaurante se abre e a comitiva entra: seguranças, assessores, jornalistas. No centro, o governador do estado, cercado de sorrisos protocolares e flashes. Ele caminha lentamente entre as mesas, cumprimentando empresários, trocando palavras ensaiadas.
A presença do governador muda o ambiente. O burburinho no salão diminui. O homem que comanda o Estado entra como quem sabe que tudo ali, de alguma forma, pode ser dele — ou estar contra ele.
O governador sorri para os fotógrafos, ajusta os punhos da camisa e caminha com a postura impecável de quem sabe o peso de cada passo. Um assessor se aproxima da mesa de Jonathan e sussurra algo ao ouvido do chefe.
Logo depois, ele se volta diretamente ao grupo.
— Cavalheiros... — diz o governador com voz firme e afável, estendendo as mãos como se abraçasse o ambiente. — Que prazer encontrá-los aqui. Quando o poder econômico e o poder público se encontram casualmente, algo maior está sempre prestes a nascer.
Os empresários se levantam, cumprimentando-o com entusiasmo contido. Jonathan, no entanto, permanece sereno. Observa. Pondera.
— Governador — diz um dos empresários, com uma taça ainda na mão. — Estamos justamente debatendo parcerias estratégicas para a região norte. Quem sabe o senhor queira se juntar à conversa?
— Sempre quero — responde o político, com um sorriso seguro. — O futuro do estado passa por alianças inteligentes. E eu valorizo cada uma delas... principalmente quando há competência à mesa. — Ele então vira o rosto em direção a Jonathan. — Schneider, é sempre interessante ver onde você está. Porque onde você está, as engrenagens costumam girar mais rápido.
Jonathan o cumprimenta com um leve aceno de cabeça.
— E onde o senhor está, governador, os olhos do país também costumam estar atentos. Isso pode ser útil… ou arriscado.
— Ah — o governador ri baixinho. — O risco é parte do jogo. Mas vejo que você ainda é tão afiado quanto antes.
Os olhos dele então recaem sobre Marta.
— E essa jovem ao seu lado... Não posso deixar de notar a presença marcante.
Jonathan se adianta:
— Marta Maia. Minha assistente pessoal.
— Maia... — O governador finge pensar por um segundo, depois estende a mão com elegância. — Um prazer, senhorita.
— O prazer é meu, governador — diz Marta, firme, sem desviar o olhar.
Ele segura a mão dela por um segundo mais longo que o habitual, não por intenção dúbia, mas como quem sente o potencial de quem está diante dele.
— Inteligente, centrada e muito observadora — diz ele, soltando a mão. — Gosto disso. O Estado precisa de mulheres como você. Quem sabe um dia eu a convença a vir para o setor público.
— Gosto de fazer o que faço. E de onde faço — responde Marta, com um meio sorriso.
O governador sorri com mais entusiasmo, como quem reconhece uma peça rara.
— Perspicaz. Deveria ficar de olho nela, Schneider. Pessoas assim podem mudar o rumo das negociações... ou da história.
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