O chão parece tremer sob os pés de Cassandra. Seu corpo perde a força, os joelhos cedem e ela desmorona no mármore frio, os olhos arregalados, a respiração ofegante. A verdade a golpeia com o peso de uma sentença. As vozes ao redor se tornam ecos distantes, e tudo o que resta é a consciência de que perdeu. Definitivamente. Islanne, no entanto, permanece imóvel, o olhar de gelo fixo na mulher caída.
— E mais uma coisa — diz ela, sua voz cortante como lâmina. — Se você ousar chegar a menos de cem metros da minha cunhada, eu mesma te faço conhecer o inferno.
Sem esperar resposta, Islanne se vira com elegância feroz e encara Marta e Jonathan.
— Vamos sair daqui.
Jonathan, ainda em alerta, estende a mão para Marta. Ela está pálida, atordoada, mas aceita o gesto. Ele a envolve pelos ombros, firme, protetor, conduzindo-a com o cuidado de quem carrega algo precioso. Islanne segue atrás, sem desviar os olhos de Cassandra até a porta se fechar com um estalo seco, quase simbólico, como uma sentença definitiva.
No corredor, o silêncio é denso. Marta para e encara Jonathan.
— Você... ficou fora de si por mim?
Ele segura seu rosto com as duas mãos, com uma ternura inesperada.
— Eu perdi Aira, Marta. Eu não vou te perder também. Nem que eu tenha que virar o demônio para te proteger.
Marta se j**a em seus braços, o peito apertado pela emoção. Islanne observa a cena, comovida, mas contida.
— Vamos para a sala da presidência — diz, retomando o tom prático. — Eu vou chamar o jurídico. Chega de pontas soltas.
Enquanto caminham, há um silêncio espesso no ar. Um silêncio que diz muito mais do que qualquer palavra. Porque, no fundo, todos sabem: isso foi só o começo.
A sala da presidência do Grupo Schneider está à meia-luz, silenciosa e carregada, como se pressentisse a tempestade que acaba de passar, ou a que ainda está por vir. Jonathan permanece ereto, tenso. Marta está ao seu lado, com o semblante fechado, mas mais forte. Islanne anda de um lado ao outro, feroz como uma leoa inquieta.
Dois advogados entram com pastas, laptops e olhares de gravidade. Mônica os acompanha, lívida, como se tivesse acabado de ver o próprio reflexo em um espelho partido.
— Temos tudo — diz Dr. Rui, já abrindo o notebook sobre a mesa. — Imagens, áudio, e mais do que isso: um padrão de comportamento.
— Comecem pelo começo — exige Islanne, cruzando os braços.
— Cassandra não só assediou verbalmente a senhora Marta em reuniões anteriores, com insinuações vulgares e deboches, como também foi advertida pelo setor de RH — diz Dr. Rui. — Ignorou todas as advertências. Hoje, ela perseguiu Marta até o banheiro feminino, um espaço privado, a encurralou, lançou ofensas de cunho sexual e partiu para uma tentativa de agressão. Marta apenas se defendeu.
— Tentativa de agressão, perseguição, assédio moral e sexual — enumera o segundo advogado, Dr. Caio. — Tudo previsto nos artigos 140, 147, 146-A e 216-A do Código Penal. Fora os danos morais.
As imagens projetadas no telão são irrefutáveis. Cassandra entra no banheiro, olhos flamejantes, palavras como lâminas. Marta tenta sair. A investida é nítida. Mas a resposta é apenas defesa. Marta não revida — se protege.
— “Prostituta de luxo” — lê Islanne, os olhos cerrados de indignação. — Ela cuspiu isso como veneno.
— E tudo com clareza. As imagens têm áudio nítido, e as expressões dela confirmam a intenção de humilhar, difamar e intimidar — diz Dr. Rui. — Com base nisso, a demissão por justa causa já foi protocolada. RH notificou oficialmente. O crachá foi desativado, o nome removido do sistema.
Jonathan, com o maxilar travado, olha para os dois advogados.
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