O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 78

O som do rádio estala na presidência, cortando o silêncio profissional da manhã. Marta, sentada com Monica revisando a agenda de reuniões, ergue os olhos, instintivamente alerta. A voz vinda do setor industrial é urgente, entrecortada por estática.

— Ilha de carregamento, setor de logística. Temos um problema com a esteira e um carregamento interrompido. Pode haver risco de parada no fluxo da produção.

Monica se sobressalta, mas Marta já se levanta, pegando o tablet e o crachá de acesso.

— Vou lá com você, Marta — diz Mônica, apressada, mas é Marta quem assume a liderança com firmeza tranquila.

— Vamos, mas com calma. E aciona a equipe de manutenção para nos encontrar lá. Não vamos deixar ninguém no escuro.

No elevador, Marta nota algo que a faz franzir levemente a testa: Eduardo, está sempre dois passos atrás. Nada em seu rosto revela desconfiança, mas seu olhar está atento, como se esperasse algo, ou alguém. Marta percebe, mas não comenta.

Na chegada ao setor, o movimento é intenso. Homens de macacão azul correm entre caixotes, paletes e empilhadeiras. Uma esteira automática parou no meio da operação, travando o carregamento de medicamentos que precisam ser transportados ainda naquele turno. Marta não pensa duas vezes e arregaça as mangas, conversa com os operadores, observa o fluxo, observa a manutenção e começa a orientar a redistribuição manual das caixas mais urgentes, contornando o prejuízo.

— Coloca mais dois na ponta da esteira para manter o fluxo e limpa essa linha paralela. Vamos ganhar tempo!

Monica observa em silêncio, admirada, e até alguns encarregados que a viam como apenas "a mulher do presidente" trocam olhares surpresos.

— Quem é ela? — um deles sussurra.

— A mulher do chefe... mas parece que entende mais que muito engenheiro por aí — responde outro.

De repente, passos apressados e vozes ecoam na entrada do galpão. Jonathan entra bufando, seguido por Islanne, ambos visivelmente preocupados.

— Onde ela tá?! — ele dispara, olhando ao redor.

— Jonathan, calma — Islanne tenta conter o irmão, mas ele já avança pelos corredores até avistar Marta, que está terminando de instruir um encarregado ao lado da esteira reiniciada.

— Marta! — ele grita, o coração ainda disparado.

— Você tá bem?

Ela se vira, surpresa com o tom e com a chegada repentina.

— Claro que estou. O problema já foi resolvido. A esteira travou por causa de uma peça mal encaixada, mas acionamos a manutenção e conseguimos retomar a operação.

Islanne segura a risada ao ver o alívio estampado no rosto do irmão.

— Você achou que ela estava dirigindo carreta de novo, não foi?

— Achei que tivesse subido numa empilhadeira, no mínimo — ele murmura, passando a mão no rosto.

Marta cruza os braços com um sorrisinho no canto da boca.

— Achei que já tinha provado que sei o que faço.

Jonathan se aproxima e segura o rosto dela entre as mãos, ignorando os olhares ao redor.

— E cada dia me prova mais. Só não me mata do coração, por favor.

Eles sorriem, e Islanne já começa a tomar nota mental da equipe que precisa reestruturar naquele setor. Mas, por trás de todos, Eduardo permanece em silêncio, observando algo... ou alguém. E Marta, ao notar isso mais uma vez, sente um leve arrepio subir pela espinha.

Será que esse problema foi mesmo só um erro técnico?

O clima começa a se acalmar na ilha de carregamento. A esteira volta a funcionar, o carregamento segue, e a equipe técnica agradece as ordens pontuais de Marta, que, mesmo sem formação técnica, tem faro aguçado e uma liderança natural que impõe respeito. Jonathan respira aliviado, mas ainda nervoso por tê-la visto no meio do caos e entre peões.

Marta enxuga o suor da testa com as costas da mão, ainda empolgada com a movimentação.

— Você sabe que... — ela começa, olhando para uma empilhadeira encostada ao fundo — ...eu nunca subi numa dessas? Deve ser interessante.

Jonathan gira o pescoço devagar, olhos apertados.

— Nem pensa nisso, Marta.

Islanne, do outro lado, gargalha alto.

— Vai dizer que não seria icônico? A assistente pessoal e esposa do presidente do grupo Schneider, cruzando o galpão numa empilhadeira! Jonathan, aceita que perdeu o controle.

— Isso não tem graça, Islanne! — ele resmunga, com a mão na cintura.

— Tem sim — ela ri mais — e muita!

Marta pisca para Islanne, divertida.

— Eu quero aprender. Parece divertido e útil.

Jonathan levanta a mão em rendição.

— Só falta você me pedir para dirigir um avião. Qualquer dia vai pousar no telhado da sede com um helicóptero da logística. Gostei! Quero aprender a pilotar helicópteros!

A conversa é interrompida por um dos técnicos da manutenção, que volta para agradecer, mas deixa uma frase no ar:

— Só uma coisa, dona Marta. Achei estranho… a peça que travou a esteira não é da nossa linha. Não era da máquina. Parece ter sido encaixada de propósito.

Todos ficam em silêncio.

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