O ambiente do restaurante era sofisticado, discreto, mas o olhar de Viviane Stoller carregava um escândalo silencioso.
Ela surgiu com passos firmes, os saltos estalando no mármore como tiros calculados. O vestido colado ao corpo delineava cada curva com precisão provocativa, o decote generoso contrastando com a suposta formalidade do encontro. Marta percebeu o jogo no mesmo instante. Aquilo não era uma executiva. Era uma predadora de saltos altos.
Ao lado de Jonathan, Marta manteve a postura impecável. Um tailleur sóbrio, cabelo preso em coque, tablet em mãos. Mas seus olhos, atentos, acompanhavam cada gesto de Viviane — cada sorriso milimetricamente ensaiado, cada cruzada de pernas feita com o objetivo claro de chamar atenção.
— Jonathan Schneider… — disse Viviane, estendendo a mão com lentidão exagerada, os olhos cravados nos dele. — Confesso que estava curiosa. Falam tanto sobre sua presença, seu comando firme… mas não mencionaram o quanto você é… encantador.
Jonathan apertou a mão dela com cortesia controlada.
— Seja bem vinda, Viviane. Vamos ao que interessa?
Ela riu, inclinando levemente o corpo, os sei0s quase saltando do vestido.
— Ah, claro… negócios. Sempre os negócios. — Ela se sentou de frente para ele, cruzando as pernas com deliberada sensualidade, olhando-o de cima a baixo antes de virar-se para Marta com um aceno breve e frio. — E a senhorita, quem é?
— Marta Maia. Assessora direta do senhor Schneider. — respondeu com voz firme, sem sorrir.
Viviane sequer disfarçou o desinteresse. Voltou a atenção para Jonathan como se Marta nem estivesse ali.
Durante o almoço, ela se aproximava cada vez mais. Sorria demais. Tocava o próprio colar como quem chamava atenção para o colo. Deslizava os dedos pela taça de vinho com uma lentidão que mais parecia um convite. A cada gesto, seus olhos permaneciam fixos em Jonathan, lançando promessas silenciosas.
— É admirável — disse Viviane, com um sussurro carregado de segundas intenções. — Tão jovem, tão poderoso… e com um olhar tão… profundo. Dá vontade de mergulhar.
Jonathan manteve a compostura. Não desviou o olhar. Mas a leve tensão em seu maxilar denunciava o incômodo.
— Prefiro ser admirado pela minha conduta profissional — respondeu ele, educado, mas frio. — Estamos aqui para fechar uma possível parceria, não para alimentar fantasias.
Viviane deu um riso baixo e deslizou os dedos por cima da mão dele, provocante.
— Ah, mas às vezes… a melhor parceria começa fora das planilhas, não acha? Um jantar reservado, talvez? Sem interrupções?
Jonathan afastou a mão com um movimento suave, mas decidido.
— Agradeço, Viviane. Mas sou um homem comprometido. Com valores. E isso não faz parte do meu vocabulário — rebateu com firmeza, ainda assim mantendo o tom cavalheiro.
Viviane ficou visivelmente contrariada. Por um instante, os lábios perderam o sorriso.
— Entendo… — respondeu em voz baixa, mas seus olhos já não escondiam o desdém.
O resto do almoço seguiu em silêncio desconfortável. Marta mantinha-se atenta, registrando tudo. Quando a sobremesa chegou, Viviane já havia perdido completamente o controle da situação. Suas provocações não surtiram o efeito desejado — e pior, haviam arranhado sua credibilidade.
Na saída, o inesperado aconteceu.
Jonathan, como sempre, foi educado. Levantou-se, estendeu a mão para se despedir.
— Então não diga nada. Apenas aprenda. — completou Marta, firme como uma rocha.
— Seja uma mulher de negócios, e não um espetáculo barato.
Viviane pegou a bolsa, tropeçando nas próprias palavras e no salto. Saiu quase correndo, as lágrimas já brotando pelo rosto manchado de maquiagem. No carro, choraria tudo, devastada. Não pela rejeição — mas pela vergonha.
Jonathan e Marta ficaram alguns segundos em silêncio.
Ele, impressionado. Ela, serena.
— Uau… — disse Jonathan por fim, virando-se para ela com um sorriso desacreditado. — Eu só consegui dizer “não”. Você disse o resto por mim… e mais um pouco.
— Eu não sou ciumenta — respondeu Marta, enquanto ajeitava o tablet com naturalidade. — Mas respeito é inegociável. E se aquela mulher ousasse encostar em você de novo… eu faria ela esquecer até o próprio nome.
Jonathan gargalhou, encantado.
— Marta Maia… você é um doce… envolto em dinamite.
Ela entrelaçou o braço no dele enquanto caminhavam para o carro.
— Doce só com quem j**a limpo, senhor Schneider. Só com quem j**a limpo.

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